Acordo lentamente com as luzes do corredor na minha cara e o piloto passando as informação de pouso.
Sinto uma mão em meus cabelos e viro rapidamente.
—Desculpa — Heytor parece envergonhado — você estava deitada no meu ombro mas seu cabelo estava fazendo cosquinha no meu pescoço. — ele sorri gentilmente, seu semblante já não carregava mais o mesmo peso.
— Foi sem querer — junto as mechas em um coque solto no alto da cabeça.
— Fica tranquila — ele se espreguiça — a dor diminuiu?
—Na verdade — coloco a mão na barriga — passou completamente...
— Que bom — ele sorri — eu queria te falar uma coisa, Liara...
Ai meu Dues, ai meu Deus, ai meu Deus, eu não estava acordada o suficiente pra ouvir e processar qualquer coisa importante que ele falasse.
— Pode falar.
— Só toma cuidado...
— Como assim?
— Só — ele suspirou — toma cuidado, é uma cidade diferente com um monte de gente diferente.
— Ta bom — aquilo estava muito confuso, mas apenas concordei.
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Já no hotel, deixo as coisas no quarto com Camilli, Emilly e Pyetra, depois saio para procurar algo pra comer na loja de conveniência 24horas do posto de combustível da esquina.
— Liara — Igor chama na porta de seu quarto — vocês conseguiram conectar o Spotify na televisão?
— Sim, mas tem que fuçar um monte pra encontrar. — Paro de frente pra ele.
— Será que você poderia me ajudar com isso? Os meninos foram comer alguma coisa e eu não faço ideia de como mexe. — o jogador de futebol encara o controle da televisão segurando-o na frente do seu abdômen descoberto.
— Claro que...
— Que eu te ajudo, Igor, é fácil, se liga. — Heytor surge da porta que estava atrás de mim e já entra no quarto do artilheiro.
Minha cara de interrogação provavelmente era tão expressiva quanto a de Igor.
— Então ta... — Continuo o caminho para o elevador.
Essa cena foi no mínimo estranha, mas relevo pelo cansaço da viagem.
Sigo o caminho escolhido, compro dois x-eggys e volto para o quarto.
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Na festa da 5ª noite, todos os meus amigos me deixam sozinha para beijarem estranhos ou seus rolos da escola. Saio da pista de dança e decido pegar uma bebida no bar.
— Dá um energético com morango, por favor — grito para que o barman escute.
Ele concorda com a cabeça e começa a preparar.
— Pode deixar que o dela eu pago — Gabriel fala parando ao meu lado no momento em que pego o copo.
— Obrigada — respondo enquanto ele passa a compra na pulseira.
— Você tá fenomenal hoje — ele diz perto do meu ouvido.
Um jeans skiny claro e uma camiseta branca larga eram as roupas mais apropriadas para uma balada que eu tinha na bolsa, o cabelo estava solto e finalizado, não estava de maquiagem.
— Valeu.
Gabriel estava com uma bermuda bege, tênis e camiseta preta.
— Eu tenho um ingresso pro camarote, mas minha amiga sumiu, quer entrar no lugar dela? — ele falava e fingia que dançava ao mesmo tempo.
— Vou só procurar as meninas pra avisar elas.
— Elas estão lá, já — Gabriel falava enquanto tomava um gole de whisky.
— Beleza — viro metade do copo de energético.
Normalmente eu não aceitaria um convite desse, mas sinceramente, nada vai acontecer com Heytor mesmo e Bruno não tinha sequer falado comigo desde o primeiro dia, então eu precisava esquecer eles de algum jeito.
Seguro sua mão e ele me guia pela multidão até que paramos bruscamente.
— Oloko, irmão, não tá olhando por onde anda?! — ele grita e sinto o líquido bater em meus tornozelos após a queda do copo.
— Foi mal, mano, vamos lá no bar que eu pego outra — Heytor respondeu como um péssimo ator.
— Vai mesmo, esse era o whisky mais caro. — Gabriel esbraveja — Eu já volto, Luara — ele caminhava.
Por trás de suas costas Heytor gesticulava "vaza".
O comportamento estranho do Heytor somado do erro do nome pelo Gabriel foram um aviso claro, ou quase isso, de que era melhor continuar na pista.
Era a quinta vez que um menino me chamava para um lugar mais reservado e o coreano barrava, preferi achar que era coincidência pra não fazer barraco, mas aquilo já estava enchendo o saco, a guerra não tinha acabado?
//
No dia seguinte, estávamos todos na praia durante a tarde, alguns estavam jogando vôlei, outros entrando no mar e eu estava sentada cuidando dos pertences das meninas.
Dessa vez estava de shorts, mas com uma camiseta super larga.
— Sentiu minha falta, linda? — Bruno aparece com dois cocos nas mãos e senta-se ao meu lado.
— Acabaram as meninas interessantes? — disparo seca.
— Ai — ele se esquiva — não precisa de tanta agressividade, eu não fiquei com nenhuma menina.
— E acha que pode voltar como se nada tivesse acontecido? — pergunto lembrando de como isso me incomodou durante a viagem.
— Era só pra ver se você sentia saudade, não sabia que você ia ficar tão brava. — Ele estava com a cara de cachorro sem dono. — Mas agora eu vou ser um bom garoto — coloca o coco na mesa e pega o protetor solar em cima da mesa — posso cuidar um pouquinho do seu rosto?
Minha mente estava o próprio campo de guerra, eu queria odiar as atitudes dele, mas seus olhos me seduziam demais pra isso, seu corpo molhado não me dava muitas opções também, optei por ceder.
— Pode. — Sorrio e tiro os óculos de sol.
Ele coloca um pouco do creme branco nas mãos e separa pelas regiões do meu rosto, depois vem delicadamente com as pontas dos dedos espalhando o produto, como se fizesse massagem da testa até a mandíbula, lentamente escorrega a mão até meu pescoço e me eletrocuta com o olhar.
— Já pensou na minha chance? — ele quase sussurra — eu saio se você quiser...
Antes que eu pudesse responder, uma bola de vôlei acerta precisamente sua cabeça e ele bate a cabeça em meu queixo.
Todos ficam em silêncio por alguns segundos.
— Mas cê tá cego, Heytor? Ele tá uns três campos pra fora. — Alguém grita perto da rede.
Respiro fundo, levanto e caminho até Heytor na maior concentração de ódio que já tive por ele. Pego o garoto pelo punho e puxo ele até o canto da praia que está quase deserto.
— Escuta aqui, garoto — jogo ele na areia — qual o seu problema? — fogo poderia sair por mim nesse momento.
— É tudo uma aposta... — ele me encara.
— Quê?
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Poltrona 27
RomanceLiara e Heytor são os maiores nerds da escola e seriam a dupla perfeita para olimpíadas estudantis, se não fosse pelo fato de que se odeiam desde o 9º ano. Enquanto travam uma guerra particular para saber quem é o mais inteligente, os alunos do 3º...