Capítulo 6 - Por você

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- Caralho, Deku, olha só pra essa merda! – Katsuki dizia empolgado, totalmente em êxtase ao adentrar o apartamento. Nosso apartamento. Tal como ele, meus olhos brilhavam enquanto rolavam por cada metro quadrado daquele lugar – pequeno, na verdade, porém, para dois adolescentes de dezoito anos que até ontem moravam com os pais, aquilo era o Palácio de Buckingham. – Olha só esse sofá! – Se jogou com tudo no estofado preto, um sorriso de satisfação em seu rosto. – Cara, é tudo nosso. Não tô nem acreditando.

Eu ria até da barata que corria tonta pelo chão, só porque eu simplesmente estava muito feliz. Não era lá um apartamento incrível, o prédio em si parecia até meio abandonado, mas, nossa, não tinha mais nada que pudéssemos querer.

Nossa casa.

Uma vozinha na minha cabeça me parabenizava por eu ter tido pela primeira e única vez uma crise de adolescente rebelde com minha mãe – que ironicamente só aconteceu no fim da minha adolescência. Foi difícil, eu não gostava de ir contra ela, mas foi necessário para convencê-la que queria me mudar. Não apenas morar em outro lugar, mas morar com meu namorado. Um passo muito grande para dois garotos que ainda estavam no ensino médio e, nossa, eu sei, foi algo ousado demais, principalmente para mim.

Ela nunca foi uma mãe rígida, do tipo que levantava a voz ou essas coisas, até porque eu nunca fui de dar trabalho. Quando eu disse para ela que queria morar num apartamento com Katsuki, ela surtou, claro, aquele surto básico de mãe. Porém, não me impediu. Só disse que eu teria que me virar, que eu teria que ter responsabilidade e cuidar das coisas por conta própria, e assim eu fiz. Katsuki e eu arranjamos empregos de meio-período e descobrimos como a vida de adultos podia ser chata, mas estávamos dispostos àquilo.

Hoje em dia, com minha cabeça mais madura, sei o quanto aquilo foi loucura, até meio imprudente.

Éramos só dois adolescentes apaixonados que queriam transar o dia inteiro. Apesar de tudo, ainda muito ingênuos para lidar com a vida.

Mas não me arrependo das atitudes que tomei ou das escolhas que segui.

Quero dizer, as coisas que você fez no passado são o que te tornam quem é hoje.

Se o antigo Izuku tivesse a cabeça do de hoje, ele definitivamente não teria ido pelo mesmo caminho – porém, o Izuku de hoje teria consciência disso se o Izuku do passado não tivesse existido?

Acho que nunca devemos nos arrepender de algo, mas, sim, aprender com isso e seguir em frente.

E foi maravilhoso.

Nossa, como foi.

Namoramos por três anos e, quando nos mudamos, não sabia que aquele ano seria o último.

Mas foi, com certeza, uma das melhores experiências da minha vida. Me ensinou tanta coisa e me fez crescer em diversos aspectos.

Claro que conviver com alguém é muito difícil – ainda mais quando esse alguém se chama Bakugou Katsuki, risos. Ele e eu tivemos nossas brigas, as desavenças e tudo mais que se espera de pessoas num relacionamento, claro, ainda mais quando elas moram juntas. Foi difícil pra caralho ter que encarar as responsabilidades de uma vida adulta, conciliar escola com emprego, pela primeira vez ter que pagar contas de luz, água, aluguel e tudo mais de tedioso que se espera de uma vida de gente grande.

Mas, ainda assim, mesmo com todos os pesares, foi uma fase ótima. E queria poder me lembrar dela com a mente leve e o coração quente.

Porém, quando acontece algo de muito ruim, essa coisa ruim sempre acaba embaçando as coisas boas.

Motivos para ser solteiroOnde histórias criam vida. Descubra agora