Capítulo 1 - Ah, droga

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Ex soa como algo tão amargo para mim.

Que palavra tosca, sério.

E não existe nada pior do que ser considerado o ex de alguém - vamos fingir por um segundo que nunca houve/há guerra e fome no mundo. E isso não serve só para namorados, também se encaixa com parentes, parceiros, colegas, amigos e todos os outros que já passaram por sua vida como um trem parando brevemente numa estação.

Porque é simplesmente escroto ter que olhar para uma pessoa que já fez parte de você e que agora mal olha pra sua cara. Alguém que já foi tão próximo de você e agora nem sabe mais se você ainda tá vivo, tanto faz.

É.

Escroto demais.

E não tem nada mais desconfortável do que ter a porra do teu ex-namorado te encarando feito retardado por quase dois minutos inteiros.

- Katsuki. - A palavra subiu pela minha garganta com tanta aspereza que quase a senti rasgando. Nunca pensei que tal nome viria a ter um gosto tão Tylenol para mim.

E pensar nisso é tão deprimente. Caralho, pare pra pensar comigo! Terminar, por si só, já é uma palavra muito forte.

Eu vou terminar com você.

Vou terminar com todos os nossos momentos e nosso amor já não existe mais. Acabou.

Pare pra pensar nisso.

Não soa muito surreal?

Por favor, não diga que eu sou o único brisando aqui.

Ultimamente a carência tá foda.

Após dizer seu nome de maneira patética e engolir em seco tão pateticamente quanto, acenei levemente com a cabeça. Um cumprimento sutil e quase formal demais, se for considerar que ele era o mesmo cara cujo, num passado não tão distante, eu achava que amava e que amaria para sempre.

Blá, blá, blá, alguém me traz uma cerveja aí.

Entendeu o que eu disse agora? Isso é surreal! Alguém que você achava que seria seu para toda a vida e, de repente, tudo acaba como se...

Definitivamente, eu tenho que parar de assistir novela com a Uraraka.

Se apaixonar é uma merda, cara.

Puta que pariu.

Não que eu ainda o ame, claro que não! Eu o quero bem longe de mim, na verdade. Agora, sozinho para botar a cabeça no lugar – tendo quatro anos e alguns meses para fazer isso -, enxergo com clareza o quão nosso relacionamento foi bizarro. Tipo, bizarro mesmo. Tão bizarro como reencontrá-lo depois de anos, assim, num corredor aleatório de um supermercado qualquer.

Puta sorte a minha.

Se eu me lembro bem, Bakugou Katsuki era um pirado total. Não sei como pude pensar que um ogro daqueles poderia ser o amor da minha vida, chego a me arrepiar só de lembrar de como eu era fútil, argh!

Não que ele fosse violento, não me entenda errado! Quero dizer... bem, ele era, mas... como eu posso explicar? Ele não era violento comigo, nunca levantou um dedo para mim, ok? Vamos começar por aí. Contudo, sim, ele sempre teve uma personalidade explosiva e insuportável. Sabe o tipo de pessoa que não dá pra ter uma conversa tranquila por muito tempo? Então, é isso aí.

Não lembro o que eu vi no cretino, sinceramente.

Devia ser muito bom de cama mesmo.

Éramos adolescentes, dá um desconto aí. Adolescente é merda e só faz merda. Quando se está na puberdade, qualquer plebeu parece um príncipe encantado disfarçado, fato.

Motivos para ser solteiroOnde histórias criam vida. Descubra agora