Motivos para ser solteiro

Capítulo 4 - A luta mais aguardada da noite

- A luta mais aguardada da noite, vocês estavam sedentos por ela! – A voz do cara no microfone parecia só um zumbido distante para mim. Minha cabeça girava e mal conseguia focar direito na figura de Katsuki, que se aquecia ao pular de um lado para o outro enquanto chacoalhava as mãos. – Bakugou Katsuki, o Rei das Explosões Assassinas, versus Meso Shoji, mais conhecido como Tentacole, e vocês conseguem imaginar o motivo, né? Olhem só o tamanho de seus braços, são incrivelmente enormes! – A gritaria só aumentava e meu cérebro estava cada vez mais sem oxigênio. Eu sentia que poderia desmaiar a qualquer momento. - Mas será que são grandes o suficiente para apagar o fogo do nosso Rei? Ah, vamos ver!

- Midoriya, você está bem? – A voz calma do Todoroki alcançou meus ouvidos e sua mão tocou gentilmente meu ombro.

Tentei focar nele, mas era difícil quando minha visão estava tão turva. Eu enxergava dois Todorokis, algo que, num momento normal, eu acharia uma delícia - se é que me entende -, mas, naquele momento, eu só queria ir para um lugar calmo, sem gritos, lutas e, principalmente, sem ex-namorados problemáticos.

- Vamos ver se o novato vai nos mostrar a que veio. – E foi a última fala do apresentador antes dos aplausos e assobios do público, dando início a mais uma luta animalesca.

Apertei os olhos com força e, nesse momento, senti Todoroki me puxando para longe de toda aquela gente. Enquanto andávamos, notei a presença de um bar, e foi justamente para lá que o garoto me levou. Sentei num dos bancos altos dali e a visão da luta era até melhor daquele ângulo, mas, só de não estar no meio daquele empurra-empurra, eu já me sentia bem melhor.

Mal tinha começado e Katsuki já estava ao chão com aquele cara enorme entre suas pernas e o pescoço dele preso em seus braços.

Todoroki falava com o barman, mas eu não prestava atenção em mais nada além da atração principal da noite.

Os olhos de Katsuki eram febris e ele era ágil como uma cobra. Se eu já o achava bom de briga no ensino médio, agora, porra, eu já podia facilmente acreditar que ele fazia parte do elenco de algum dos filmes do Bruce Lee.

Todoroki botou uma bebida na frente dos meus olhos e eu a peguei sem realmente dedicar atenção a ela, nem fiz menção de bebê-la.

Katsuki suava feito um porco e o corte em seu queixo não era nada perto da poça de sangue cobrindo um dos olhos do cara.

Porra, ele era enorme e, mesmo assim, parecia só um brinquedo nas mãos de Bakugou.

- Midoriya?

Despertei com a voz de Todoroki e eu pisquei os olhos algumas vezes, finalmente fitando-o ao meu lado. Ele me olhava com certa preocupação.

- Oh, d-desculpe. Que bebida é essa? – Perguntei ao olhar para o líquido transparente.

- De onde eu venho, chamamos de água. – Ele brincou como se quisesse descontrair, o que até funcionou um pouco pois abri um sorriso mínimo, mas minha mente ainda estava perturbada demais. – É da pia, espero que não se importe. Nesse lugar não vendem nada além de álcool.

- Tudo bem. – Dei um gole, meus olhos voltando a observar a luta que se desenrolava. Agora, o tal do Shoji estava sentado sobre o estômago de Katsuki e desferia socos em seu rosto. A cena me deixou um pouco desconfortável e foi automático desviar o olhar. – Não sei o que deu em mim. Desculpe por te incomodar.

- Não é nada. – Deu de ombros, assistindo à luta. – Pode ter certeza, não é a primeira vez que alguém passa mal aqui. Você se saiu muito bem até, nem vomitou.