Acho incrível que, quando ligo para a Ochako dizendo que tô doente, mil desculpas são inventadas para não ter que passar a tarde cuidando de um peso morto.
Agora, quando eu ligo e digo que reencontrei meu ex no supermercado, a campainha toca na hora.
É aí que você vê a verdadeira face das pessoas.
Tá tudo errado nessa porra.
- Eu quero morrer. - Foi a primeira coisa que eu disse ao girar a maçaneta e dar de cara com a cabeleira castanha da baixinha.
Ela riu e logo tampou a boca com uma de suas mãos finas, como se, assim, a risada fosse magicamente cessar.
Retardada maldita.
Dei uma risada forçada, em seguida revirando os olhos e bufando.
- Não é engraçado, porra.
Senti vontade de bater a porta na cara da desgraçada, porém, me controlei. Já parou para pensar na quantidade de merdas que faríamos se não tivéssemos autocontrole?
Costumo divagar sobre essas coisas. Desde o porquê de cadeira se chamar cadeira até a existência de vida em outros planetas.
Tudo piora mil vezes mais quando tô chapado.
Fico me perguntando se há dimensões paralelas e o que meu eu dessas outras dimensões estaria fazendo.
Torço para que a resposta seja transando pra caralho.
De qualquer forma, me pergunto o que aconteceria se fizéssemos a nossa verdadeira vontade, sabe? Sem ninguém para nos impedir.
Eu definitivamente já estaria preso.
Deixei a porta aberta e me virei, dando passos preguiçosos até me atirar de cabeça no sofá e começando a resmungar coisas que nem mesmo eu entendia.
- Eu quero morrer.
Eu havia perdido a conta de quantas vezes já repeti aquilo só naquela meia hora.
- Quanto drama, Deku. - Uraraka disse entre risos baixos, claramente tirando uma com a minha cara. Puta merda. - Não deve ter sido assim tão péssimo, não exagere. - É, ela realmente estava se divertindo muito com aquela situação. Pude escutar seus passos ficando mais próximos de mim e eu só queria sumir.
Ah, é. Eu já contei do Katsuki para a Ochako algumas vezes – óbvio que foram pouquíssimas vezes, tão poucas que quase não existiram – e, numa dessas conversas desagradáveis – não há como algo ser agradável quando o nome de Bakugou está incluso -, acabei comentando que ele costumava me chamar de Deku.
A retardada, por algum motivo retardado, simplesmente pegou uma tara por esse apelido fedido e agora não me chama mais de outra coisa.
Agora eu já até me acostumei com outra pessoa que não seja o Katsuki me chamando assim, contudo, confesso que foi um processo árduo até eu finalmente aceitar que ela não pararia.
Me recordava da voz grossa, rouca e rude de Bakugou proferindo este maldito apelido, enquanto Uraraka pronunciava o mesmo apelido de um jeito completamente doce.
Tinha sido uma dor de cabeça do cacete. Simplesmente porque a maldita imagem do meu ex-namorado sempre aparecia na minha cabeça quando ela me chamava de Deku.
E eu sentia vontade de tacar uma privada na cara dela e dar descarga.
Mas agora eu tô só foda-se mesmo.
- Foi. Foi péssimo. Mais do que péssimo, foi terrivelmente péssimo. - Minha voz desolada e carregada de melancolia foi abafada pela almofada, enquanto eu ouvia mais risos irritantes ao fundo. Desgraçada, sei que ela adora ver o circo pegar fogo. - Ele tá mais gostoso do que antes, Uraraka. Eu quero morrer. - E choramingava como uma criança, chegando até a espernear e me debater contra o sofá. - Minha vida é uma droga, porra.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Motivos para ser solteiro
Fiksi PenggemarNossa, por onde eu começo? Bem, encontrei meu ex-namorado ridículo no corredor do supermercado e, desde então, minha vida virou um inferno. Nosso término foi uma grande catástrofe que até hoje não entendo. E, como se ver a cara idiota dele já não fo...