Capítulo 22

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Antônio Mendes Serafim simplesmente sumiu, desapareceu e por dois dias ninguém soube nada sobre seu paradeiro. Paula tentou se comunicar com um dos nossos que estão por perto dele, mas não conseguiu retorno.

Esperávamos ver qual seria a sua reação, mas ele simplesmente desapareceu sem demonstrar nada do que pretendia fazer. 

Ontem, durante a noite tivemos uma grata surpresa. Um dos coronéis do exército foi a público e disse que o exército estava se retirando da guarda do presidente, eles não iriam mais compactuar com a ditadura imposta por Serafim. 

Isto foi um grande alívio pra nós, pois uma grande parte das forças armadas não estariam mais nos perseguindo. Além de que a polícia já estava dividida, nos dando mais aliados e reduzindo muito os inimigos. 

Após ouvir a notícia, generalizou no país a ideia que voltar para casa, afinal a maioria estava em uma cidade que não era aquela que viviam antes. 

Recebemos ajuda financeira dos oficiais e também das outras pessoas para fazer a viagem e com isso as rodoviárias e aeroportos estavam lotados. Muita gente saindo, muitas outras chegando e todas animadas com esperança brilhando em seus olhos.

Estamos no aeroporto esperando nosso voo, que está marcado para 22:00 h, foi o único que encontramos, pois além de tudo isso, amanhã é 31 de dezembro e todos estão loucos para virar o ano com suas famílias.

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Depois de algumas horas chegamos em São Paulo, pegamos um taxi e fomos para nosso pequeno bairro escondido na imensidão daquela cidade.

Foi uma sensação tão boa estar de volta ao lugar que cresci e sempre conheci. Minha mãe carregava um sentimento mais profundo, quando perguntei a ela que estava sentido não quis me dizer nada, mas acredito que muita coisa deve passar por sua cabeça naquele momento.

Chegamos até nossa casa e chamamos na porta. Minha avó abriu e quando nos viu ficou muito surpresa, mas também vi que estava muito feliz.

- Meu Deus! Alice! Mônica! - disse nos abraçando - Desejei tanto este momento que mal posso acreditar que seja verdade!

- Mas é verdade Dona Carmem! - disse minha mãe - Que saudade eu estava de você!

Nunca vi minha avó tão emocionada como àquela hora. E agora eu conseguia entender o que ela passou por todos estes anos. 

Enquanto elas matavam as saudades e conversavam sobre as coisas que aconteceram lá dentro e aqui fora, reparei que minha avó estava diferente, parecia mais magra e meio abatida. Fiquei preocupada de que pudesse ter acontecido alguma coisa com ela, mas sua fala estava bem, talvez fosse só exagero meu.

Fomos dormir um pouco pois estava de madrugada. Assim que acordamos fomos conversar enquanto tomávamos café. Todas tínhamos muitas histórias pra contar.

- ... Então quer dizer que vocês ficaram todos estes anos presas dentro das universidades?

- É sim D. Carmem. Quem eles não mataram, prenderam nas escolas que foram interditadas.

- Eu sempre acreditei que você havia morrido, assim como o Carlos... É tão bom te ver de novo. Quando li na carta que a Alice me enviou que você estava viva, eu não acreditei, achei que fosse invenção dela, mas depois de mais alguns recados vi que era verdade.

- ...Ver a Alice de novo era algo que eu considerava impossível estando presa... Quando percebi que era ela na minha frente, algo renasceu dentro de mim. Por isso tive tanta vontade de sair daquela situação...

É proibido ler livrosOnde histórias criam vida. Descubra agora