É proibido ler livros

Capitulo 3

Depois daquela conversa que tive com João, sinto que estou tensa e ainda não consigo assimilar tudo o que aconteceu para chegar nesta sociedade que vivemos hoje, me pergunto como eram as coisas antes de toda essa tensão.

Não fiquei lá por muito tempo depois das revelações que ele me fez, apesar de não ter me contado tudo o que gostaria de saber.

Assim que vi os livros, alguma coisa diferente aconteceu comigo, é como se ele me atraisse como um imã e não paro de pensar nas coisas que poderia fazer com eles, nas descobertas que faria...

Mas me lembro que não sei ler muito bem. As únicas coisas que sei ler e escrever é o  meu nome, consigo reconhecer umas poucas palavras, mas não é muito. No dia a dia, não é preciso disso, a leitura é algo descartavel, pois a tecnologia é muito grande e as pessoas não precisam nem assinar o nome em documentos, apenas é usado a biometria, reconhecendo a digital da pessoa.

Letreiros e todos os meios de informação visual são produzidos com imagens, a pessoa só precisa identificar o produto ou a loja e pronto. Tudo é muito prático.

Mas sou muito curiosa e não consigo conter minha ansiedade de ter mais resposta, então assim que chego em casa tomo banho e quando vou jantar pergunto a minha avó:

- Vó...

- O que foi, Alice?- pergunta minha avó calmamente arrumando a mesa

- Você tinha livros?

Ela ouve minha pergunta e fica assustada, corre em minha direção e coloca suas mãos sobre minha boca e seus olhos fitavam ao redor para ver se tinha alguém. Nunca a vi daquele jeito.

- Como você sabe disso?- me pergunta sussurando

Tento responder, mas suas mãos ainda estão sobre meus lábios.

- Nunca fale esse nome entendeu?! Não diga isso, principalmente em voz alta. Não posso perder mais ninguem.. - diz isto soltando suas mãos