Descanse em paz amigo

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Rhaiaza se movia como uma sombra de morte, projetando de suas mãos estrelas negras. Cada uma delas encontrava descanso na carne dos inimigos, o metal frio e afiado libertando o sangue quente de seus corpos. Ela sorria, chegando quase a rir.

"A maioria não me percebe escondida atrás do Rhojinho. Eles pensam que só tem um inimigo e quando minhas shurikens aparecem do nada não entendem o que aconteceu. A cara de surpresa deles é tão engraçada... e depois que morrem, ficam com essa cara de espanto idiota estampada.
Isso é tão divertido! Como eu adoro isso!"

Rhojoko ouvia mais uma vez a sinfonia tão familiar da batalha: gritos de desespero, bradidos de fúria, tiros, ordens desencontradas... em meio a tudo isso havia um som que passava despercebido, baixo demais para se notar naquele caos:
Enquanto cortava seus inimigos ao meio, Rhojoko murmurava sem parar as antigas palavras de um ritual de proteção, passadas desde os primeiros guerreiros arcanos como um presente, um ensinamento especial, dado apenas aos mais dignos:

"Maqa Tai Ne Lexix"
"Nada Vai Me Ferir"

Se os guardas tivessem sentidos mágicos, veriam uma aura feita de runas ao redor do ogro, dispersando os projéteis, que de outra forma encontrariam seu alvo.

Um pouco atrás, desengajados do combate, vinham Malcon, Aerin e Creepy, seguindo a trilha de cadáveres deixada pelos dois.

Se continuar assim, não precisarei fazer nada.

Aerin olhou-o meio intrigado, sem saber se essa era mais uma fala alimentada pelo humor irônico de Malcon.

Fazer algo? O que exatamente você poderia fazer? Ensinar a eles uma linguagem corporal mais agressiva? Uma expressão facial mais intimidadora?

Malcon sorriu discretamente.

Tomara que você continue com essa percepção Aerin. Será mais fácil para nós assim.

Creepy acompanhava os dois com um ar meio intrigado, aéreo, olhando para tudo com uma mistura de curiosidade e distração infantil. Malcon e Aerin perceberam, mas enxergaram isso como um efeito colateral da imersão em RV (o que de certo modo era verdade).
O avanço do grupo continuou sem grandes problemas, até estarem a apenas alguns corredores do setor onde a extração do fluido etéreo era feita.

Então algo começou a mudar. Percebendo que armas de fogo eram ineficazes contra o inimigo, os soldados atiradores recuaram, dando lugar a um grupo equipado com escudos táticos e machetes.

Vai continuar escondida atrás de mim Rhaiaza?

Ela se postou ao lado dele sacando as duas wakizashis da cintura:

Nem fodendo.

Vamos fazer como sempre?

Sim.

Quem observasse os dois casualmente poderia pensar que não se entendiam bem:
Ela, uma jovem elfa de inverno, no auge de suas habilidades, arrogante, impulsiva e cínica.
Ele, um um ogro, que ao custo de muita disciplina e autocontrole conquistou aos poucos a confiança dos contratantes para fazer serviços cada vez melhores.

Ela manipulava suas lâminas com leveza, usando os movimentos dos inimigos a seu favor, perfurando e cortando apenas o suficiente para neutralizá-los. Alguns já caíam sem vida, enquanto outros experimentavam instantes de agonia enquanto sangravam até morrer.

Ele era bem menos elegante. Seus movimentos eram simples, mas fortes e firmes o suficiente para atravessar os corpos numa linha reta, a lâmina abrindo caminho de forma implacável, cortando as camadas de proteção do colete, passando por pele, músculos e ossos, cumprindo o destino de sua têmpera.

Um futuro estranhoOnde histórias criam vida. Descubra agora