Um futuro estranho

Durmam bem

"Ela perguntou o que eu podia fazer.
Essa elfa arrogante.
Aerin fez a mesma coisa.
Agora vou mostrar.
Agora que Rhojoko ficou para trás.
Agora que só os três estão comigo.
Agora chegou o momento de usar isso..."

Malcon tirou do bolso um frasco de vidro contendo um líquido transparente.
Rhaiaza ia na frente de todos.

"Vou pegar ela primeiro. A maior ameaça. E depois de ter absorvido ela, vai ser fácil lidar com os dois."

Ele foi apertando o passo devagar, se aproximando dela aos poucos. Ela, é claro, percebeu.

Não chegue tão perto. Preciso de espaço para mover minhas lâminas.

Mas ele já estava perto. Tão perto quanto precisava. Esmagou o vidro em sua mão, de modo que os pequenos cacos fizeram seu sangue sair, se juntando com o líquido transparente.

Não se preocupe. Daqui em diante eu vou na frente.

Ela parou de andar, olhando para trás por um breve momento, sem entender direito.
Apenas isso já bastou para ele fazer o movimento que precisava. Devagar, sem representar ameaça, tocou o braço dela de forma suave, o sangue de sua mão misturado ao líquido agora estava sobre a pele dela também.

Mas o quê..?

Ele apenas sorriu. Chegou mais perto, sussurrando nos ouvidos dela:

Queria te desejar bons sonhos. Mas sei que não os terá. Afinal, esse é um dos efeitos deste ritual.

Ela viu tudo girando devagar, um peso cada vez maior forçando seu corpo para baixo, perdendo o sentido de suas pernas e braços, até cair desmaiada.

O que você fez???

Malcon se abaixou lentamente, retirando os equipamentos dela. Duas wakizashis e algumas shurikens que haviam sobrado. Distribuiu elas entre os bolsos de seu traje tático, pegando apenas uma das espadas com a mão que não sangrava.

Não se preocupe Aerin. Não farei o mesmo com você. Suas habilidades já foram usadas.
Não preciso mais delas.
Além disso, no meu atual nível de poder, só posso assimilar duas pessoas.
O mais prático seria matá-lo, mas tenho certa simpatia por você. Também considero que possa vir a ser útil no futuro.
Mas eu com certeza vou precisar das habilidades dele.

Dizendo isso ele apontou a espada para Creepy, que estava sentado encolhido num canto, abraçando seus joelhos, numa mistura de medo e confusão.

O
Que
Você
Fez?!

Posso te contar. Rápido é claro. Afinal, se o sangue coagular, não poderei absorver ele também.

Absorver?

Neste momento, Rhaiaza começou a se contorcer no chão, gritos de dor saiam de sua garganta, misturados com um choro angustiante.
Malcon a olhou com indiferença.

Sim. Toda força, habilidade e conhecimento de Rhaiaza estão comigo. Pelo menos enquanto o efeito durar.

Isso é...

Magia? Sim Aerin. Essa não é uma de suas deduções mais brilhantes, mas sim, você está certo. Agora se me dá licença, pretendo fazê-lo desmaiar. Suponho que não vai me deixar fazer o que preciso se estiver consciente.

Aerin ergueu sua pistola, apontando para Malcon. O cano tremia levemente.

É claro que não vou deixar. Ela já estava fazendo o combinado. Não precisava fazer isso. Por que fez isso?

Meu caro, o combinado não será exatamente igual ao que vou fazer. Nenhum de vocês entenderia.

Não quero entender nada! Faz ela acordar, senão eu atiro!

Malcon sorria, enquanto se aproximava lentamente.

Eu tô falando sério!

Eu sei Aerin.

Ele atirou.
Assim como Rhaiaza fizera alguns minutos atrás, ele viu a munição se aproximando em câmera lenta, e num movimento preciso, rebateu o projétil com a espada, fazendo uma faísca nascer no ar.
Aerin mal teve tempo de perceber o que havia acontecido, antes de ter seu queixo atingido pelo cotovelo de Malcon, caindo desacordado.

Esse golpe foi meu. Não que faça alguma diferença para você.

Olhou novamente para Creepy.

Agora é a sua vez. Vamos ver como é ser um hacker.

Creepy fechou os olhos, como se isso pudesse impedir o toque da mão sangrenta em sua face.
Alguns segundos depois tombou para o lado.
Os gritos e choro de Rhaiaza agora eram acompanhados pelos seus.

Queria poder ficar aqui para ouvir o desespero de vocês.

Pegou a outra espada de Rhaiaza com a mão ferida, tingindo o cabo da arma com seu sangue.
Sangue misturado com suor de pesadelo.