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Izuku on_

Observei admirado por mais alguns minutos o campo e, então, sai correndo no meio dele.
Estiquei meus braços e senti cada toque das plantas contra minha pele, na ponta de meus dedos. Corri e corri em grandes círculos enquanto ria. Nunca tinha presenciado algo tão belo.

Ainda nem havia entrado na floresta mas já estava deitado no campo olhando o céu azul.
Gostei daqui. Apesar de ser perigoso, nunca me senti tão seguro e acolhido.

Fiquei um tempinho ali, respirando o ar puro da natureza, o cheiro de grama e floresta pairando por todo ambiente.

Mas tive que me levantar. Tinham morangos para serem colhidos.

Andei calmamente, as árvores começavam a cercar toda a minha volta e em breve percebi estar afastado do campo aberto.

A floresta parecia carregar paz consigo.

O silêncio, era ele quem reinava naquele reino, mas meus passos o atrapalhavam e carregarei essa culpa comigo toda vez que andar.

Cada vez que meus pés tocavam o solo, se ouvia o quebrar dos pequenos galhos e folhas secas. Mas não levo toda a culpa pelo rompimento do silêncio. Os pássaros piavam feito loucos, mas não era incômodo, era uma bela melodia, pareciam se comunicar entre si.

Talvez pássaros carreguem mensagens toda hora, mas somos cegos demais para perceber oque está bem a nossa frente.

De vez em quando via um animalzinho correndo entre as árvores ou subindo nelas.
Eles eram adoráveis, dava vontade de os pegar e dar amor e carinho para sempre. Mas é melhor manter distância, talvez eles me ataquem se os encostar.
Olhar e tocar são coisas completamente diferentes.

Andei, andei e nada achei.
Não ouvi ou vi nenhum riacho.

Quando estava prestes a desistir e voltar, ouvi o barulho de água corrente. Deduzi que seria o riacho e caminhei apressado até ele.
O avistei ao longe, e quando estava chegando, vi algo que me deixou curioso.

Ao olhar para a esquerda vi um tipo de... Parede de arbusto.

Cheguei mais perto e vi uma entrada, tinha o formato de uma porta, mas sem a porta.
A parede era como uma muralha de arbusto, o verde dele era vibrante, e, com as frestas das árvores deixando pequenos flashs de luz entrar, parecia a dar um ar de magia.

Percebi que a muralha era alta e se estendia por grande parte da floresta, fiquei com um pouco de medo mas... Minha curiosidade sempre fala mais alto.

Adentrei vagarosamente aquela muralha e sorri.

Sorri porque, a beleza era tão grandiosa que me fez rir.
Era um labirinto, um belo labirinto.
Nas paredes não havia apenas arbustos, também tinham flores, várias flores. Me senti em casa, mesmo estando distante da verdadeira.

Por cima não tinham copas de árvores, mas os arbustos formavam um arco entre os muros, fazendo o interior do labirinto ter uma brisa gelada pela falta de calor do sol.
Não era escuro, mas também não tinha muita claridade. Era confortável aos olhos.

Minha vontade era de sair perambulando nesse labirinto e descobrir cada canto dele, mas temia me perder nessas várias curvas.

Novamente...
Tão belo... e tão perigoso.

Quero ser como ele. Um labirinto onde todos querem entrar, mas não entram pelo medo de se perder.

Resolvi que iria adentrar, só mais um pouco.

Fui andando, e, quanto mais trilhava mais me apaixonava.

Sorria que nem bobo para tudo que via, mas me sentia observado, vigiado. Tentei esquecer essa sensação, estava a sentindo desde o campo então... Não devia ser nada.

Parei para observar uma joaninha que estava numa folha do arbusto. Tão linda e pequena. Não entendo como existem pessoas que não gostam delas.

Fiquei tão concentrado na pequenina que não notei uma respiração pesada na minha nuca.

Izu- Você é tão linda!- levei minha mão até ela.

A vi subir em minha mão e comecei a rir.
A pequena andava rápido, tive que a passar de uma mão a outra.

Izu-  Hahaha, como você se chama?- a perguntei me virando para o outro lado do corredor de arbustos.

Mas imaginem minha surpresa ao me virar de cabeça baixa e trombar em alguma coisa.

Izu- Hum... M-Mas oque?

Levantei minha cabeça e levei um susto pulando para trás.

Meu rosto deveria estar branco, sentia que iria desmaiar a qualquer momento. Nem sei aonde a joaninha foi parar.
Tudo que conseguia ver era a criatura a minha frente.

E essa "criatura" se parecia com um humano, mas com algumas mudanças que faziam muita diferença.

Ele era alto, mais alto que o normal, tinha um tipo de cauda bem comprida, como a de um jacaré, porém mais grande e afiada. Em sua cabeça tinham chifres castanhos, chifres parecidos com os de um touro.

Reparei que em suas mãos possuíam garras fortes. Não só suas garras eram fortes, ele, parecia ser forte.

Seu corpo estava praticamente desnudo, usava apenas um tipo de cueca feita de... Não sei que material era aquele.
E por ele estar quase nú a minha frente eu teria ficado envergonhado, mas estava ocupado demais temendo pela minha vida.

Seu corpo é definido, possui músculos e veias saltando dos braços. O abdômen era trincado e tinham cicatrizes, muitas cicatrizes. Seus olhos eram vermelho sangue, talvez a cada pessoa que ele mate o sangue da vítima se esvai e sobe para os olhos deste... Homem?

Uma coisa é certa.
Ele me encarava como se estivesse prestes a aumentar o sangue de seus olhos.

Seu rosto era sério e parecia ter um tipo de tinta preta no mesmo. Formavam linhas em sua face e desciam pelo pescoço, clavícula, ombros, e braços.

Começou a se aproximar de mim fazendo minhas mãos tremerem levemente em sinal de medo.

Parou, me analisou de cima a baixo, e me botou em seu ombro como um saco de batatas.

A não! Ele pode me matar, mas como ainda estou vivo mereço o mínimo de respeito.

Izu- Ei! Oque está fazendo?! Me solta eu sei andar!- gritei me debatendo.

Minha reação não adiantou muita coisa, como ele estava segurando minhas pernas só me restava ficar estirado em suas costas com os braços suspensos no ar.
Oque me dava vergonha era que minha bunda estava praticamente no rosto dele, mas eu não podia fazer nada! Ele que me colocou nesta posição e não me solta.

O ditado está certo.
Curiosidade mata.
Só rezo que a minha não me traga este mesmo destino.





Continua...

O Labirinto -bakudeku-Onde histórias criam vida. Descubra agora