7° Capítulo

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—Fernando não. -termino de fechar minha mala e me sento na cama com o celular ainda no viva-voz.

—É só uma passadinha. -diz pela milésima vez em menos de dez minutos de conversa. 

Era sexta à noite, mais precisamente de madrugada, quando decidi finalmente arrumar minhas malas, depois de dias enrolando. Amanhã eu já estaria indo para minha antiga cidade, e o fato de ter enrolado para arrumar minhas coisas mostrava o tão ansiosa que eu estava pela viagem.

Voltar para lá nunca esteve nos meus planos futuros e saber que tudo foi por água abaixo quando minha mãe me ligou praticamente implorando por uma visita, fez com que lembranças não tão boas voltassem, mas eu devia isso a ela.

Fernando me ligou no meio dessa minha confusão interna alegando que eu deveria ir amanhã para sua empresa e adiantar o projeto o mais rápido possível pois ele era uma pessoa ansiosa e não sabia esperar, mas o problema nem era isso, o problema é que eu estaria viajando daqui a poucas horas e ele não entendia isso.

—Sabe Fernando, eu não tenho o costume de ser mal educada com meus clientes mas…-tiro o celular do viva-voz e o levo até meu ouvido. —Eu não vou amanhã no seu escritório, não irei trabalhar no seu projeto esse final de semana e você terá que esperar até segunda, que é quando nossa reunião está marcada. 

—Sabe ruiva, isso não foi bem ser mal educada mas eu aceito isso, e sei que irá trabalhar no meu projeto nesse fim de semana pois é uma viciada em trabalho, então nós vemos na segunda?. -pergunta e eu posso jurar que vi ele dando um sorriso de canto.

—Não sei porque decidi ser sua amiga. -levo minha mão na minha têmpora e me jogo na cama.

—A ideia meio que foi sua. -joga na minha cara.

—Vê se me erra, e estou cancelando nossa reunião na segunda, irei te ligar para remarcar, de preferência daqui duas semanas. -e assim desligo na sua cara.

Eu não cancelei a reunião. Mas também não lhe avisei sobre isso.


Nenhum momento me preparou para isso, para a volta na minha antiga casa. Ela continuava a mesma, dois andares, um enorme jardim com o mesmo jardineiro de anos, um pequeno lago ao lado e o grande portão com as iniciais do dono "TJ". Tobias Jones. 

Um homem muito reconhecido em Nova York e mais algumas cidades do país, como um grande advogado e empresário, ele era dono de algumas empresas espalhadas no mundo como: Brasil, Tóquio, França e nos Estados Unidos. Seu nome sempre esteve nas mídias e nos jornais espalhados pela cidade, sempre notícias boas, nas quais eram falsas, pois o homem era corrupto e era o chefe que comandava o desvio de drogas, e mais algumas coisas que até hoje não descobri o que eram.

Minha mãe, Kira Jones, era a mais inocente de toda essa história, mesmo que eu jogasse tudo que provasse quem o marido realmente era na sua frente ela o iria defender entre unhas e dentes, mas nem tudo sempre foi bom no seu relacionamento muito menos no meu com meu pai. Mas isso a mídia não sabia, até porque, o que acontece atrás dos enormes portões era um grande mistério.

Nunca tive irmãos, minha mãe decidiu, quando eu completei cinco anos, que uma filha era mais do que o suficiente e que a mesma estava feliz com essa escolha.

Respeito fundo quando os grandes portões se abrem para mim, fiz questão que o taxista me deixasse aqui mesmo, pois se ele tivesse entrado e me deixado na porta de casa a realidade bateria com força na porta, e eu precisava de um tempo para tomar coragem enquanto caminhava até a grande porta de madeira.

Me agarro ao fio de coragem que passou em meu corpo e caminho com minha mala pela passarela do jardim.

—Senhorita Jones, que bom te ver novamente, já se fazem anos. -escuto o senhor Paulo dizer.

O Cara Da Boate- Série: Tentações Onde histórias criam vida. Descubra agora