13° Capítulo

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—Então…-começo dizendo.

Quando acordei no mesmo ambiente de algumas semanas atrás, eu quis sumir, quis pegar minhas coisas e sair de fininho mas quando pequenas imagens do acontecimento de ontem preencheu minha memória, eu desisti, pois nada havia acontecido além da minha vergonha passada no crédito, se juntando nas parcelas das outras.

Eu agi por impulso, isso não seria novidade para quem me conhece, -é por isso que faço bastante sucesso na minha carreira- e se Fernando não tivesse percebido que estava bêbada ou se eu soubesse disfarçar o efeito que o álcool fazia em meu corpo, provavelmente estaríamos em uma relação que não quero me enfiar e sair machucada, novamente. Mesmo que Fernando seja um cara incrível, eu não quero ele me olhando com desprezo do mesmo jeito que os outros me olharam quando a verdade foi dita. Eu não suportaria mais uma reação como aquela, mais um rosto de pena, e pessoas, que um dia considerei importante, se afastando quando descobriu. Nem mesmo minhas amigas sabem, e prefiro que continue assim.

Fernando me encara, ainda, esperando uma resposta. Respiro fundo e roubo um morango da tigela tentando prolongar a situação no qual me enfiei ontem quando bati em sua porta enquanto não me aguentava em pé. 

Ele deve tá pensando o pior de mim.

—Queria me desculpar por ontem. -não estou lhe encarando quando as palavras saem de minha boca, pois pela primeira vez na vida eu estou envergonhada das minhas atitudes.

Eu odeio não ter controle sobre minhas ações quando bebo, mas amo a sensação de liberdade quando o álcool corre em minhas veias.

—Eu agi por impulso e acabei te atrapalhando. -finalizo. Eu não tinha mais o que dizer, a vergonha que estava sentindo já era o suficiente para acabar com aquele assunto, mas parece que Fernando não pensa o mesmo.

—Você realmente agiu por impulso, Agatha. ‐seus braços estão cruzados em frente ao seu peitoral nu, e seu corpo se encontra encostado na bancada da cozinha. Puta que pariu, a noite daquele dia parece se repetir em minha mente repetidas vezes, em como sua língua fazia um trabalho perfeito em minha intimid. —Mas isso não significa que estou bravo com você. -continua me tirando de meus pensamentos impuros. Olho em seus olhos. —Mas já que estamos aqui conversando abertamente sobre esse assunto. -estamos?. —Precisamos ter uma conversa séria. 

Precisamos não, precisamos mudar de assunto.

—Precisamos?. -por mais que minha cabeça não quer ter essa conversa com todas as forças, não são exatamente essas palavras que saem da minha boca. 

Pego outro morango e o levo até minha boca, em uma forma de tentar lhe distrair e mudar de assunto radicalmente. 

—Sim, Agatha, precisamos. -não funcionou. Então eu vejo Fernando coçar a garganta, apoiar os braços ao lado do seu corpo na bancada e mudar a posição de seus pés.  Talvez tenha funcionado. Me seguro para não sorrir satisfeita. —Agatha, você me pediu para esquecer o que aconteceu conosco semanas atrás, e continuarmos apenas como amigos e fingir que nada daquilo aconteceu, além de não falar nada para ninguém. E assim eu fiz, mesmo gostando de contar uma novidade para meus amigos, eu fiz, porque você me pediu e eu te respeito. 

Okay, um tapa na cara e um soco no estômago doeria menos do que suas próprias palavras sendo jogadas contra você. 

—Eu sei disso, mas o que te fez achar que eu vim até aqui em troca de um segundo round?. -entro na defensiva, e cruzo os braços sobre a ilha e encaro Fernando atentamente. —Não se acha, gatinho, o seu corpo é uma obra de arte mas é a obra de arte que apenas aprecio e não levo para casa. -inclino mais meu corpo sobre a ilha e falo em um tom mais baixo. —Mas isso não significa que não irei voltar para a galeria e não apreciar a mesma obra de arte novamente, até que ela saia de exposição. Depois disso a gente procura outra pintura para apreciar e não levar para casa. Além do mais. -digo um pouco mais baixo, como se estivesse prestes a dizer um segredo de estado. —O mundo está cheio de bons artistas. -lhe lanço uma piscadela e volto a me sentar corretamente na cadeira, e pegar outro morango.

O Cara Da Boate- Série: Tentações Onde histórias criam vida. Descubra agora