| BLAKE |

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As memórias não vão embora

Eu sinto dor toda vez que ouço seu nome

Mas eu sempre penso em você do mesmo jeito

Porque o tempo não estava a nosso favor

Isso não é um adeus

É simplesmente um te vejo mais tarde

[ See you later ] Jenna Raine

Assim que a porta do elevador abre escuto gritinhos infantis de uma certa miniatura

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Assim que a porta do elevador abre escuto gritinhos infantis de uma certa miniatura. Levanto os olhos e um sorriso leve porém fraco surge involuntário ao vê-la aos tropeços tentar andar até mim.

As pernas curtas vestidas com o pijama parecem hiláricas ao tentar correr enquanto diz a segunda palavra que conhece. O cabelo preso deixava vários caracóis escaparem. Nova pode não ser filha biológica da Winter mas sempre haverá algo familiar nas duas que parte-me ao mesmo tempo que completa. É um sabor agridoce.

Papá. —  largo o saco do ginásio no chão e vou ao encontro dela. Antes mesmo que estivessemos perto, tiro-a do chão e junto os lábios na bochecha fofa. Atrás de mim ouço os rapazes.

— Estás cheia de energia, hoje! — as pequenas mãos agarram em mim com força e a boca dá-me beijos molhados de baba.

Olho para a Jamie que sorri para mim ao levantar-se do chão.

— Que tal, muito agitada?

— Céus, sim. Ela é definitivamente tua filha. — Jamie aproxima-se com o cabelo preso com vários fios soltos. — Mas é um amor. Nos divertimos muito não foi, boneca? — forço um sorriso em agradecimento antes de sair dali com a Nova.

— Amanhã levo-te para um passeio, okay? — com a cabeça no meu ombro ela confirma. Vou até o meu quarto e a deixo na cama entretida com os bonecos que dava na televisão.

Na casa de banho com a água quente a escorrer pelo meu corpo junto a cabeça na parede fria.

Só por ela. Só por ela que aguento esses dias infernais. Só pela minha filha senão... ter de levantar da cama todos os dias, continuar com um dia infinito sem a Winter torna-se impossível de aguentar.

Tenho tentado. Nova tornou-se o centro da minha galáxia e assim será. Ela merece uma vida feliz, alegre. Mesmo que cresça sem a mãe. Fiz de tudo para incluir a Winter em todos os momentos importantes, a primeira palavra, os primeiros passos... sempre a mostrar a Nova que tem uma mãe mesmo que ela não esteja aqui. Os primeiros meses sem a Winter foram insuportáveis e ainda são mas é um dia de cada vez. Greg e eu acabamos a universidade a imenso tempo.
Temos feito projectos com o Sam... vamos construir algo sólido que poderá ter segmento depois da nossa carreira no Hockey chegar no seu fim.

De banho tomato e vestido paro na porta a observa-la quieta a olhar para a fotografia que tenho perto da mesa de cabeceira. Estamos os três lá, Nova na época tinha 6 meses. Hoje tem 1 ano e 6 meses.

Assim que me vê sorri e mostra os 6 dentes pequenos que têm trazido fortes noites intensas de choro, enquanto nascem. Deito-me do lado dela que ocupa a almofada do lado como se fosse a cama dela. Olho para a televisão e aturo uma hora de bonecos que faziam perguntas tão estúpida que tira qualquer adulto do sério. Mas ela adormece a meio, o que segue-se comigo a levar com cotoveladas e pontapés a noite toda.

A meio da noite o cabelo com caracóis esfrega-se na minha cara como quando era com a Winter e algo em mim aperta quando sinto a familiaridade da sensação. Angústia. Saudades. Tristeza. Nostalgia.

Os meus olhos eventualmente fecham-se em alguma hora, um sonho vazio. Não havia nada quando os meus olhos estavam fechados. Há dias em que fico sentado na cama a observar os objectos dela espalhados pelo quarto. A pensar nela, na voz, no sorriso... qualquer coisa que fosse dela.

Acordo com uma perna contra as minhas costelas e um cabelo revolto contra a minha boca. Tento mexer-me mas o pequeno corpo pesa. Observo o tecto e quando olho para o lado, estava vazio. Não havia o cabelo revolto a cobrir-lhe o rosto. Nem a testa franzida com uma pequena cicatriz quase imperceptível. Os lábios cheios mais rubros e o pequeno nariz arrebatado.

Não havia o sorriso irónico antes de abrir os olhos, nem o verde translúcido quando o sol bate directamente contra eles que a obrigam fechar totalmente os olhos. Não. Ela não estava aqui. O lugar estava vazio tal como parte de mim.

Abraço a minha filha e tento afastar o sentimento deprimente que rouba o meu folêgo.

— Amo-te, pequena. Nunca irei deixar-te. — Seguro-a contra o meu peito e expiro.

2 | ICE IN OUR HEARTS [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora