O CHALÉ | CAPITULO 7: Caverna II

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O garoto seguia firmemente a pouco mais de quinze metros deles que agora já tinham decidido que o melhor era segui-lo invés de alcança-lo, afinal tentar chegar até ele só faria ele se assustar e pelo conhecimento que ele demostrava deles tuneis ele bem que poderia despista-los e ai tudo estaria acabado, primeiro porque eles não tinham noção se estavam mais perto do destino final e segundo eles não saberiam nem mesmo retornar para fora da montanha, não depois de tantas curvas e paredes de pedras iguais que tinham passado. Definitivamente eles só podiam seguir o garoto e esperar que ele os levasse até Emily. A caminhada por dentro da montanha estava sendo maior do que eles imaginaram a principio. Olhando de fora pensaram que seria um trajeto de duzentos a quinhentos metros para cruzar a montanha, mas agora ali eles já tinham andado pelo menos o triplo das maiores projeções que fizeram e ainda não tinham qualquer sinal de ar puro e luz exterior. O rapaz só parava a marcha de tempo em tempo para verificar se eles ainda o seguiam.

Quando ainda na beira do lago eles derrubaram alguns bambus que cresciam a beira da estrada e com a ajuda de um canivete suíço do chaveiro de Henry eles improvisaram algumas garrafas de bambu para levarem água para a caminhada. Quando Jonatas deu a ideia pareceu bem estranha, a maioria achou que a água vazaria em instantes, mas quando escolheram os gomos certos sem rachaduras a água ficou bem armazenada e cada um deles conseguiu squeeze natural com aproximadamente meio litro de água. Caio ficou encarregado de levar a água extra para o caso deles alcançarem o garoto e ele ser boa pessoa, eles oferecerem a ele.

A cada minuto que passava Ricardo ia ficando mais nervoso com a demora da caminhada pela montanha, para ele a ansiedade era ainda maior visto que era sua namorada que estava desaparecida. Para ele os minutos pareciam horas e as horas pareciam longos anos. Ele chegou mesmo a ter raiva da figura do garoto se seguia sempre a frente deles, e não foram poucas as vezes que os amigos viram em seus olhos a vontade de disparar em direção ao rapaz. Mas sempre de alguma forma ele conseguia se controlar e continuava a andar mantendo uma expressão de preocupação no rosto.

Pela estimativa deles fazia mais ou menos três horas que estavam andando pelo interior da montanha o guia começou a dar sinais de que precisava descansar. Primeiro diminuindo a distancia entre os passos, Henry que estava atento observou aos amigos que deveriam também desacelerar os passos deles. Dez minutos depois como se desde sempre estivesse planejado uma parada naquele local o garoto parou e sentou apoiado na parede da rocha. Os garotos pararam também mesmo sem saber ao certo como agir naquela situação. Ricardo quis se aproximar do garoto, que estava sentado a quinze metros deles, em uma curva, mas Caio pediu que ele deixasse que a aproximação fosse feita por ele, argumentando que o amigo estava muito nervoso e desta forma poderia assustar o rapaz. Caio deu alguns passos e começou a dizer:

- Oi, posso me aproximar? Temos água fresca... Você deve estar cansado, com sede... Não quer se refrescar?

O garoto olhou diretamente para ele, que pode notar as características indígenas dele, mas não eram fortes, era como se ele fosse apenas descendente de indígena com os cabelos lisos e muito negros, e feições muito agradáveis.

- Você entende o que digo? - Caio continuou falando, mas não deu outro passo - Posso me aproximar?

- Claro que pode. Isso é se me prometer que continuaremos o caminho.

- Prometo que sim, se me prometer que encontraremos nossa amiga, e que ela esta bem.

- Eu prometo!

Quando Caio se aproximou do garoto e alcançou a curva viu que a alguns metros dali era à saída do túnel, eles tinham chegado ao fim da jornada subterrânea.

- Você sequestrou minha amiga?

- Não fique nervoso, mas foi preciso. Vocês corriam muitos perigos naquele lugar. Já vimos coisas terríveis acontecerem ali, algumas vezes tentamos ajudar, mas nunca conseguimos.

- Meus amigos podem se juntar a nós? Acho que eles querem entender também.

- Podem sim! - O garoto aceitou o cantil improvisado que Caio estendia para ele - Mas acho que para entender vocês vão precisar estar com sua amiga.

- E ela esta longe?

- Não muito, saindo por aquela abertura e andando mais um quilometro. Lembre-se de sua promessa, não posso explicar melhor agora, mas vocês precisam ir comigo.

- Como saberemos se nós podemos confiar em você? Que não esta nos levando para uma armadilha?

-Não podem saber, mas se isso fizer vocês se sentirem melhor, podem me amarrar ou coisa assim. Desde que me deixe levar vocês até a Emily.

- Então sabe o nome dela? Não será preciso te amarrar... Não é pessoal?

Todos confirmaram que não.

- Apenas nos leve para minha namorada.

- Sabemos o nome de todos vocês Caio. Ricardo desculpe pelo que fizemos, mas logo notará que era preciso. Agora podemos ir!

Quando saíram da montanha eles se viram em uma Vila com aparência abandonada, mas não estava suja como era de se esperar de um lugar assim. Ali tudo parecia pronto para começar a funcionar, para ser usado, apesar da aparência velha das casas e dos comércios e da notória falta de pessoas. O garoto disse:

- Bem vindos a Vila da Boa Esperanca, a nossa casa... A proposito meu nome é Tummin. A Emily esta naquele sobrado amarelo, logo ali. Agora vou leva-los até ela.

O Chalé  [ Concluida]Onde histórias criam vida. Descubra agora