Capítulo 20

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Era de manhã quando a mãe de Beatrice foi falar com ela, que estava no jardim lendo um livro:

-Bom dia querida.

-Bom dia mamãe.

-Posso me sentar ao seu lado?

-Claro.

Beatrice se assustou quando viu a mão de sua mãe suja de sangue:

-O-oque é isso em sua mão?

-Seu pai está perdendo muito sangue pelo nariz, estava o limpando.

-Ah.

-Ele também não está se levantando mais. 

-Já sei o que a senhora está querendo fazer, quer que  eu vá lá não quer?

-Sim...

-Eu não posso mãe, não consigo ser como a senhora, que pega tudo o que ele fez e fingi que nada aconteceu, não consigo.

-Isso não se trata sobre o que ele fazia comigo, sei muito bem tudo o que eu sofri nas mãos do seu pai, mas ele é meu marido, somos prometidos um ao outro desde que nascemos, não poderia abandona-lo sem razões...

-Sem razões mamãe?

-Está bem, vamos supor que eu abandonasse ele naquele dia em que você nos viu brigando, ele me expulsaria de casa e para onde eu iria? Seus avós moravam na Itália, agora nem conosco estão mais, onde iríamos morar, quem iria te educar? Quem Beatrice? Não estou falando que aguentei tudo aquilo por sua culpa, mas sim por você, porque amo você e agora que ele está lá indefeso e sem forças eu poderia muito sair daqui e o largar lá, mas não consigo, porque sou boa, sou gentil e por mais terrível que seu pai tenha sido ele nos deu lugar de morar por muitos anos, e mesmo que gritasse conosco nunca te deixou sem fome, não estou defendendo ele de forma alguma, mas acho que não podemos julgar ele e decidir como e o que ele merece pagar pelo que fez, porque ele vai pagar tudo eu tenho certeza, só estou pedindo para que apareça naquela porta e diga uma palavra de apoio, por mais superficial que seja, demonstre respeito pelo seu pai, o tratar mal não vai diminuir a dor que ele causou em você, sempre te ensinei que não devemos tratar o mal com o mal, e espero que pense no que eu disse.

Margareth saiu e Beatrice foi conversar com Sophie, no quarto ela perguntou:

-O que houve?

-Minha mãe quer que eu veja meu pai, ela disse que ele está prestes a morrer e ele não nem se levanta da cama mais.

-E o que você acha que deve fazer?

-Não consigo odiar ele, mas eu sinto que era o que eu deveria sentir, porque ele foi um monstro para mim, eu não entro naquele quarto porque tenho ódio dele, não entro porque não estou preparada  para ver ele fraco, não entro porque reconheço que eu demostraria fraqueza na frente dele e eu não posso sentir.

-Ah Bia, não é um problema não conseguir odiar ele, isso significa que você tem compaixão e é boa.

-Sou uma boba não é, você não entende, seu pai era perfeito e...

-Eu posso não saber o que é ser odiada pelo pai, mas sei como é perder ele, eu não sei o que faria na sua situação, mas não gostaria de ver meu pai morrer brigada com ele, não precisa perdoa-lo, mas seria bom se despedir não acha, as vezes ele não partiu ainda porque está com algo para resolver, pense bem Bia, você é a única que pode decidir o que fazer agora. 


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