Belo Delírio

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Nos dias seguintes, dormi junto com Kitana. Até que numa fatídica noite acordei sobressaltada e não consegui dormir novamente. Pensamentos sobre traição e intrigas tomaram conta de mim. Me levantei e decidir investigar. Primeiro os aposentos de Shang Tsung, ele não estava lá. Haviam várias ervas estranhas em sua mesa, coisas em potes e anotações sobre feitiços de sangue e outras coisas bizarras, mas nada alarmante. De repente senti um cheiro doce e inebriante, exatamente como o vinho que bebi na noite de núpcias. Meti alguns potes no bolso e corri para a janela, pois havia alguém se aproximando.

Do lado de fora, ao lado da janela pude ouvir Shang Tsung e Shao Kahn conversando. Algo sobre "Ratos de esgoto que deveriam ser exterminados" e depois algo como "Dar a ela algum tempo, para se acostumar."

Pelo lado de fora eu escalei as janelas até pular no jardim real. Porém Shao Kahn estava lá e imediatamente foi até mim. Eu fingi não vê-lo e tentei despistá-lo.

Maldição! Pensei comigo mesma. Andei de um lado para o outro, entre os corredores de flores e plantas, mas ele me alcançou.

"Está perdida?"

"Eu não consegui dormir. Mas já vou voltar para a cama."

"Espera esposa. Amanhã preciso lidar com rebeldes novamente. Gostaria de vir comigo?"

"Quem irá enfrentar?"

"Naknadas"

"Humpf... A escória das escórias. Conte comigo para aniquilá-los."

"O que aconteceu com a diplomacia?" Shao Kahn sorriu.

"Diplomacia é para seres racionais."

Shao Kahn se aproximou e tocou meu rosto. Suas mãos ásperas e quentes tocavam minha pele como raios de sol tocariam a neve.

"Eu sinto sua falta, esposa. Fique comigo esta noite. Quero te mostrar uma coisa."

Ele sussurrou, segurando minha mão e me levando mais a fundo no jardim real. Eu o segui, a lua estava cheia, o céu estrelado e as plantas, embora crescendo sem cuidado, estavam plenas. Chegamos num local bem fechado por vegetação, mas coberto com as flores violetas da mais delicada beleza.

"Isso é lindo, não conhecia essa parte do jardim."

"Pedi para que plantassem para você." Shao Kahn colheu um acônito e enfeitou meu cabelo com ele.

"Ora, acha que pode me conquistar com flores? Como se eu fosse uma mulherzinha simplória." Eu olhei as flores no meu cabelo. Não ficou mal.

"Você é tudo menos simplória, Sindel... Você é como um trabalho de arte, é selvagem, complexa e sombria. Nem todas as flores do mundo bastariam."

Ele se aproximou e me beijou. Consenti que ele demorasse e nos beijamos mais e mais, as carícias se tornavam cada vez mais intensas, nossos corpos cada vez mais apertados contra o outro, suas mãos entraram debaixo das minhas saias e tomaram minhas pernas contra os seus quadris.

Uma onda de desejo se apoderou de mim, como se nunca houvesse existido reino, Edenia, mas apenas o momento presente. Lembrando agora parece que foi um delírio, como se toda raiva que eu sentia se transformasse em desejo insaciável agora.

Eu o despi de suas roupas e o puxei para cima de mim, enquanto me deitava na naquele tapete de flores. Sua boca mordiscou meu pescoço, beijou meus seios, meu ventre e procurou pela minha vulva novamente, mas eu não deixei por muito tempo.

"Não... Eu quero você... inteiro."

Apertei meus calcanhares nas costas de Shao Kahn e ele compreendeu logo. Me penetrou com cuidado e carinho, me perguntando se eu estava bem.

Depois que seu membro estava confortável ele começou a dar estocadas mais fortes, ora lentas, ora rápidas. Como era delicioso me entregar a ele sem preocupações, como se fossemos amantes num encontro casual. Nossos gemidos de prazer preenchiam o silêncio da noite e quando aquela paixão ardente chegou ao ápice, nos deitamos lado a lado, olhando as estrelas. Ficamos em silêncio. Meu corpo ainda com pequenos calafrios de prazer, enquanto ele acariciava meus cabelos.

Naquela noite eu não senti arrependimento. Nos dias seguintes ele ficou muito mais gentil e influenciável. Como qualquer mulher já deve saber, a maneira mais fácil de persuadir um homem é usando seu erotismo, os jogos de sedução que sempre acabam em sexo e com Shao Kahn não era diferente. Com o passar do tempo eu entendi que fugir dele apenas adiaria o inevitável, além de me afastar da minha filha e do reino. Ele sempre nutriu essa atração por mim e porque não usar aquilo ao meu favor? Afinal de contas, nós dois poderíamos sair ganhando.

~.~

"Sheeva. Os Shokan estão tentando se esconder nas galerias inferiores, próximos aos esgotos?"

"Apenas tentamos sobreviver, minha rainha."

"Eu sei e também quero isso. Apenas quero lhe avisar que Shao Kahn sabe e planeja exterminá-los. É hora de mudar de tática. Pelo visto ele não aceitou todos os termos que eu propus..."

Sheeva ficou perplexa.

"Pode confiar em mim, Sheeva. Quero que todos os povos sensatos fiquem bem. Também quero lhe pedir um favor. Considere isso como uma maneira de provar sua lealdade a mim."

"Sou toda ouvidos minha rainha." Ela sorriu.

Entreguei a Sheeva a pequena garrafa com o conteúdo inebriante que encontrei nas coisas de Shang Tsung, mais aquelas flores violetas do jardim que Shao Kahn me deu de presente.

"Descubra o que isso é, qual os seus efeitos e o mais importante de tudo, não deixe que Shao Kahn nem ninguém da corte descubra que eu lhe pedi este favor. Vá até o Norte se possível e pergunte aos feiticeiros mais antigos, mas descubra o que é e me diga. Se Shao Kahn descobrir que lhe pedi isso, eu mesma a matarei. O motivo de tanto mistério é... eu pretendo fazer uma surpresa pessoal para o imperador."

"O imperador me deu ordens explícitas para vigiá-la, senhora. Eu não posso sair do seu lado e preciso cuidar do meu povo. Mas conheço alguém de confiança que pode investigar por mim."

"Obrigada, Shokan."

"Então vocês estão se entendendo pelo visto." Sheeva quase sussurrou.

"Apenas tento sobreviver."

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