15 - Dama de cristal

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N/A: Boa noite, gente! Espero que vocês estejam bem :) Trouxe mais um capítulo pra vocês, espero que gostem!

**Não se esqueçam de votar e comentar o que acharam, caso queiram :)

**Capítulo revisado, mas ainda pode ter erros de digitação

Abraços e boa leitura!

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Arthur segurou a mão de Amabel e a guiou até o fundo de sua casa, onde alguns cavalos estavam dispostos num estábulo muito bem construído. A jovem sorriu ao ver os animais.

- Esse é Fergus – Disse Arthur, apontando para um bicho de pelagem branca e crinas perfeitamente escovadas. Amabel se aproximou vagarosamente e acariciou os animais, lembrando-se vagamente de suas férias no mundo real. Apesar de passar boa parte da vida na cidade, em todas as férias, a jovem viajava para o campo e cavalgava com seu avô, seu avô de verdade – Ele é o mais manso...

- Olá, Fergus... você é um animal muito bonito! – Elogiou a jovem, fazendo o animal inclinar a cabeça, levemente, para o lado, demostrando estar confortável com o carinho de Amabel.

- As outras são Celeste e Imperatriz – Continuou o jovem, apontando para os outros bichos, com a pelagem marrom e branca – São ariscas, mas logo se acostumam com sua presença... vamos usá-las para chegar até Crystal Land.

- Crystal Land?

- Sim, o lugar onde está a nossa ajuda.

- Posso abrir um portal, será mais rápido – Disse Amabel, fechando os olhos e concentrando-se no nada por alguns segundos, mas tudo que conseguiu foi espalhar algumas faíscas pelo gramado – Mas o que...

- Os poderes da ilha estão enfraquecendo, amiga... não vai conseguir, por isso vamos usar os cavalos para nos transportar - A jovem suspirou ao ouvir a declaração de Arthur, em seguida foi ajudá-lo a preparar os animais para seguirem até Crystal Land – Chegaremos ao amanhecer, se eu estiver certo.

- Mas e o teu pai? Ele não precisa tomar os chás medicinais todos os dias?

- Eu já resolvi isso... falei com um curandeiro, ele ficará com Melchior até retornarmos – Explicou Arthur e Amabel assentiu em concordância.

Os dois não demoraram para partir, seguindo sempre a direção do vento pois, de acordo com Arthur, ele é quem os indicaria o caminho a eles.

Amabel cavalgou admirando a paisagem que a circundava, muito diferente do mundo em que vivia, onde as árvores haviam sido substituídas por prédios, casas germinadas e o ar era poluído pelas indústrias, lixos e carros. Holly Island era uma ilha bem povoada, ainda assim, os nativos conseguiram manter a natureza intacta, sem feri-la... os bosques, os frutos, os animais... tudo se ligava em perfeita igualdade e, por alguns segundos, a jovem sentiu o arrependimento espalhar-se por todo o seu corpo, pois era nítido que essa simetria estava se desfazendo aos poucos.

As duas crianças cavalgaram durante toda a noite, parando apenas para colher alguns frutos e alimentar-se, até chegarem num conjunto de chalés. Na entrada da pequena vila, alguns letreiros haviam sido esculpidos numa placa de madeira, que estava apoiada em duas vigas. "Fàilte gu tìr nan criostal", era o que dizia as letras.

- Bem-vindos à terra de cristal – Disse Arthur, ao notar a expressão de confusão no rosto de Amabel – Está em gaélico.

- Ah... achei que era uma língua morta.

- Não existem línguas mortas em Holly Island – O jovem sorriu divertido, antes de descer de seu cavalo e ajudar Amabel a fazer o mesmo. Antes que pudessem fazer qualquer coisa, um garotinho, que aparentava ter doze ou treze anos, correu até eles, fez uma breve reverência e levou os cavalos para um estábulo que ficava perto dali.

Arthur respirou fundo e segurou, novamente, a mão de Amabel, em seguida adentraram a pequena vila. A maioria dos chalés estavam com as luzes apagadas, até mesmo com janelas e cortinas fechadas, revelando que havia algo errado, já que Crystal Land costumava ter um ar alegre e estar sempre cheia. Apenas algumas pessoas caminhavam, de forma despreocupada, pelas ruas de pedra, mas as expressões não eram de calmaria e sim de desespero.

Amabel e Arthur caminharam até uma cabana de madeira, onde uma jovem distraía-se com algumas cartas.

- Leithsgeul – Disse Arthur, fazendo a menina o olhar nos olhos.

- Halo, an urrainn dhomh do chuideachadh? – A jovem respondeu e Amabel ergueu uma de suas sobrancelhas, já que não entendia o que ambos estavam falando.

- Tha mi a' coimhead airson a' bhean chriostail, a bheil fios agad càite am faigh mi i?

- tha i aig an loch

Arthur agradeceu com um leve aceno de cabeça, em seguida retirou do bolso algumas moedas e deixou-as para a moça, que aceitou com um belo sorriso no rosto.

- Desde quando você sabe falar gaélico? – Perguntou Amabel, enquanto seguia Arthur pelas ruas. O jovem balançou os ombros.

- Melchior me ensinou...

- Ah... e o que você conversou com a moça?

- Estava buscando algumas informações... venha, precisamos ir – Arthur arrastou Amabel para a trilha que se perdia no meio do bosque.

Foram alguns minutos caminhando, até que chegaram num desacampado, onde o único som que se ouvia era do riacho que corria ali perto.

Arthur soltou um suspiro aliviado e se aproximou da água, em seguida ajoelhou-se sobre o gramado e usou as mãos para lavar o rosto. Amabel se aproximou vagarosamente e sentiu-se extasiada ao ver o quão cristalino eram aquelas águas, parecia coisa de outro mundo. Não havia animais marinhos ali, apenas a água e algumas pedras.

Antes que pudesse encher o jovem de perguntas, uma mulher com vestimentas brancas e esvoaçantes surgiu, sobrevoando a água. Arthur fez uma rápida reverência e Amabel apenas observou a mulher com curiosidade... a jovem não demorou para reconhece-la... os mesmos cabelos pretos e pele escura, o mesmo vestido... Uriel continuava a mesma.

- Esperava que vocês viessem até mim – Disse ela, calmamente, segundos antes de pousar sobre o gramado – As coisas saíram do controle, não é?

- Senhora, precisamos da tua ajuda... – Disse Arthur, educadamente, e a mulher sorriu. Uriel era uma das nativas da ilha com mais poderes e dons concentrados... ela podia controlar o tempo e muitas coisas ao seu redor, além do mais, era quem dava caminho às almas que se perdiam em Holly Island... foi exatamente isso que fizera naquela manhã com o irmão e a genitora de Amabel.

- Acredito que você queira consertar as besteiras que fez, não é, pequena Amabel? – A mulher desviou sua atenção para a menina de olhos amarelos, que apenas assentiu com a cabeça – Não acha que o arrependimento veio tarde demais?

- Olha, senhora de branco, eu não vim aqui para ouvir sermões, eu só quero que me diga o que tenho que fazer para impedir que as pessoas se machuquem – Disse, impaciente.

Uriel cruzou os braços e fechou os olhos por alguns segundos, como se buscasse alguma solução em sua mente.

- Amenadiel não vai desistir de seus objetivos, ele é capaz de fazer coisas terríveis para alcança-los... há apenas uma forma de livrar-se dos sacrilégios desse homem...

- E qual é?

- Em nome de toda a ilha, alguém deverá oferecer a vida em sacrifício.

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Traduções:

Leithsgeul - Com licença

Halo,an urrainn dhomh do chuideachadh? - Olá, posso ajudá-los?

Thami a' coimhead airson a' bhean chriostail, a bheil fios agad càite am faigh mii? - Eu estou procurando a dama de cristal, sabe onde posso encontrá-la?

tha i aig an loch - Ela está no lago

The Holly IslandOnde histórias criam vida. Descubra agora