Capítulo 25

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Yoongi.

No dia seguinte...

Eles não fazem ideia de com quem mexeram.

O som dos meus próprios passos ecoava na minha cabeça enquanto eu ajeitava o relógio no pulso e encarava meu reflexo no espelho. Olhei pra mim mesmo, respirando fundo.

- Hora de acabar com isso.- murmurei, quase pra mim.

Ela me olhava do sofá, encolhida, as pernas abraçadas, como se estivesse tentando se proteger de algo que não podia mais alcançar. Eu sabia. Sabia o que ela tava sentindo. O medo. A ansiedade. E, por trás de tudo aquela fagulha de esperança. Aquela vontade desesperada de, pela primeira vez, ser dona da própria vida.

Me aproximei, segurei o rosto dela nas mãos. Não tinha espaço pra dúvidas ali.

- Veste alguma coisa. Você vai comigo. - Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, mas firme. - Eles precisam te ver. Precisam olhar nos seus olhos enquanto percebem que perderam.

Os olhos dela... Deus. Eu podia me perder ali fácil. Mas não hoje. Hoje, não era sobre amor. Hoje era sobre guerra.

O carro parecia uma extensão de mim enquanto cortava as ruas. Mãos firmes no volante, mente funcionando em mil direções. Eu sabia exatamente o que ia fazer. Cada passo. Cada palavra. Cada golpe.

Quando o portão da mansão se abriu, eu quase ri. Tão acostumados a se acharem intocáveis... Tão cegos no próprio poder podre que construíram.

Descemos. Segurei a mão dela. Não era só pra ela se sentir segura. Era pra mim também. Ela era minha âncora. Meu motivo.

A porta se abriu. A velha cena: móveis caros, paredes sem alma. Gente vazia.

Eles estavam lá. Do mesmo jeito de sempre. A mesma postura arrogante. O mesmo olhar que eu passei a odiar desde o dia em que percebi o quanto destruíram ela.

- O que significa isso?.- O velho levantou. A voz dele... Deus, como me dava nojo. - Quem você pensa que é pra entrar aqui desse jeito?!

Revirei os olhos, respirei fundo e deixei escapar um sorriso torto. Frio. Mortal.

- Eu sou o cara que vai acabar com vocês, como vocês acabou com a gente a alguns anos. - Minha mão mergulhou na pasta, puxando os documentos que preparei nos últimos dias. Joguei sobre a mesa, o som do papel batendo no vidro soando mais alto que qualquer grito. - Leiam. Com carinho.

Ela empalideceu na hora. Ele... tentou disfarçar, mas eu vi o tremor nas mãos. Vi o pavor começar a rasgar aquela máscara de superioridade.

- O que... - A voz da mulher falhou. - O que é isso...?

Cruzei os braços, dei dois passos, abaixei até ficar na altura dos olhos do velho.

- Lavagem de dinheiro. Contratos falsificados. Subornos. Fraude fiscal. Extorsão. Quer que eu continue?.- Inclinei a cabeça, fingindo pensar. - Ah... e tráfico de influência. Tráfico de estrangeiros.. Isso vai pegar bem na mídia.

- Você não tem coragem... - Ele tentou, ainda, segurar as próprias pernas. - Isso destrói tudo... nossa empresa... nossa imagem...

Dei uma risada curta, sem humor.

- Coragem? Vocês deveriam me agradecer por eu não ter feito isso antes. - Meu olhar cortou os dois como navalha. - Isso não é por dinheiro. Isso não é por status. Isso aqui... - Apontei pra ela, que me olhava com os olhos marejados. - Isso é por cada vez que vocês fizeram ela acreditar que não valia nada. Por cada marca invisível que vocês deixaram nela. Por cada noite que ela chorou.

Levantei. Alto. Firme. O olhar mais letal que eu já carreguei na vida.

- E adivinha? Ela não está mais presa a vocês.- Me virei pra ela, estendendo a mão. - E vocês... vão pagar por tudo o que fizeram, assim como eu prometi.

Ela segurou. Forte. E, por Deus, se eles achavam que ela era fraca... agora podiam ver quem realmente tinham perdido.

Quando saímos, os celulares começaram a pipocar. Notícias. Manchetes. Escândalo. A queda começava. E ia ser bonita de assistir.

No carro, puxei ela pro meu colo. Apertei. Forte. Como se pudesse colar todos os pedaços que eles quebraram.

- Acabou.- sussurrei contra os cabelos dela. - Eles não te tocam mais. Nunca mais.

Ela me olhou, os olhos brilhando, e perguntou, baixinho.

- E quem te protege, Yoongi?

Sorri. Aquele sorriso que só ela conhecia. Aquele sorriso que dizia tudo sem precisar de palavra nenhuma.

-Você. - Apertei mais forte, colando ela contra mim.- Sempre foi você.

Eles podiam ter dinheiro. Podiam ter influência. Podiam até achar que tinham poder.

Mas eu? Eu tenho muito mais.

Tenho os meus próprios demônios, os meus próprios monstros  e todos eles agora estão soltos, prontos pra destruir quem tentar tocar nela.

E, acima de tudo... eu tenho ela.

E isso... isso vale mais do que qualquer cheque mate.

Continua....

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