A verdade

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Vila de Pescadores, Osaka, Japão

12 de fevereiro de 2008


Após o almoço, Yoshikawa Suyen apenas chorou a morte do amigo, até cair no sono, em cima das próprias malas. Quando acordou, o dia estava lentamente se transformando em noite no horizonte. Algumas pequenas risadas podiam ser ouvidas em cantos isolados da casa, mas no quintal, Masashi Kishimoto fumava um cigarro, encarando o horizonte. Estava muito pensativo na ocasião, o que fizera com que Suyen se aproximasse da cadeira que ele estava sentado. No mesmo instante, Hatake Kakashi apareceu, com as mãos nos bolsos. A princípio, não disse nada. Apenas a observou com seus olhos atentos, respeitando o momento da moça. Kishimoto também se manteve em silêncio.

— Pode me dar um cigarro? — Suyen perguntou ao homem de cabelos escuros. Ele ergueu os olhos para ela, um pouco surpreso com o pedido, mas a entregou o filtro. — O isqueiro também, se não se importar. — Pediu, brincando com o objeto entre os dedos, entretanto, com a mesma expressão triste de antes.— Obrigada. Voltarei logo para conversarmos, mas antes preciso fazer algo, tudo bem?

— Não tenha pressa.

Suyen caminhou até o deck, no fim da rua, com um isqueiro e um cigarro em suas mãos. O vento soprava forte, trazendo aromas de peixe fresco, sal e madeira. No horizonte, os pescadores voltavam lentamente para a superfície, em conversas animadas, enquanto as crianças brincavam ao redor da água, animadas, como se não tivessem nenhum problema. Reparando a vista, ela se sentou na estrutura de madeira, acendendo o cigarro com o isqueiro e ficando pensativa. A imensidão do mar abraçava toda a sua melancolia e diante de tanta água, sentiu-se pequena.

— Não sabia que fumava. — Hatake Kakashi disse, se aproximando dela. A moça pensou em esconder as lágrimas, mas sabia que seria impossível. Ela estava triste demais para qualquer fingimento. Segundos depois, sentiu seus ombros serem cobertos por um casaco escuro, o mesmo que ele usara no dia anterior enquanto patinava, e observou ele se sentar ao seu lado, tão perto que os seus braços se tocavam.

— Isso não é pra mim. — Ela disse, fechando os olhos e deixando as lágrimas rolarem, sem se importar com a presença do homem ali. Como Kurenai estava com uma situação como aquela? Era a única coisa que martelava a sua cabeça o tempo inteiro. — É uma pena eu não ter tido tempo de me despedir de você. Obrigada por ter sido tão bom para mim, para Kurenai e para todos da Aldeia da Folha.—Sussurrou, baixinho, com os pensamentos centrados no amigo. — Descanse em paz, Sarutobi Asuma.

O cigarro se apagou e com isso, ela cessou as lágrimas. Agora sentia como se tivesse definitivamente se despedido do homem. Hatake Kakashi passou um de seus braços pelos ombros dela, apertando de leve, em forma de consolo.

— Por que as coisas tem que ser assim? — Disse, irritada.— Kurenai ia ter uma família agora. Tudo parece tão injusto! Estou muito preocupada. Sei que ela é forte, mas... Passar por tudo isso grávida? Deve ser uma barra.

— Ela tem uma ótima rede de apoio. — Kaashi garantiu a Suyen.— E com você na vila, terá uma ótima amiga com quem contar nos momentos difíceis.

— Odeio ter sido traficada para cá e não ter tido tempo de conhecer todos vocês antes. Você não disse que o meu pai mora na fronteira? Quando a investigação acabar, terei que ir morar com eles de qualquer jeito... — Ela suspirou.

— Não necessariamente.

— Como não?

Ele apertou novamente o ombro dela.

— Você é adulta. — Disse.

—Se quiser ficar, depois da investigação, terei que alugar uma casa e arranjar um emprego.

A Joia Flamejante (Kakashi Hatake + OC)Onde histórias criam vida. Descubra agora