Divergentes no Amor

Suellen

Depois de olhar friamente dez segundos para minha chefe se distanciando e contar de um até vinte, respiro fundo e aperto firmemente meu celular na mão e começo a ranger meus dentes. Minha chefe era mal humorada e nada gentil. Me pergunto se é humana. Eu estava cansada, cansada demais de trabalhar nesse hospital. Estou ainda trabalhando nesse horrível hospital, tudo em nome de um "namorado" que nem tenho mais. Por conta do meu ex-namorado Robert, que me convidou para fazer a residência com ele, para sempre estarmos juntos. Fomos aceitos e começamos a trabalhar nesse mesmo hospital. Afinal, eu queria mesmo estar ao lado dele, depois que minha melhor amiga Jéssica foi morar bem longe de mim, sentia uma necessidade enorme de estar sempre com ele. Eu e essa minha horrível carência de querer estar sempre com alguém ao meu lado. Recusei trabalhar no melhor hospital da cidade, para trabalhar aqui, só por conta dele. No começo foi maravilhoso, mesmo eu percebendo desde o começo que o hospital não era tão organizado, não pagava lá essas coisas, mas eu nunca reclamava, porque eu tinha uma certeza, Robert estava ao meu lado, e isso era o que importava. Bem, era o que eu achava, até que um dia, eu o peguei transando na salinha de produtos de limpeza com nossa adorável e meiga amiga de trabalho Clear.

Não sei nem como consegui pegar os dois, quer dizer, lembrando bem, eu sei bem como parei ali. Eu estava passando pela frente da porta e vi uma poça de água saindo pela sala e para evitar acidentes abri a porta da salinha, para ver de onde vinha aquela água. A princípio achei que fosse um balde de água com produto de limpeza que alguém deixou lá e deveria ter caído sem querer. E era mesmo. O balde havia caído, mas quem derrubou foi meu namorado com nossa colega Clear, com seu sexo selvagem as escondidas. Claro, não preciso nem dizer como me senti quando os olhos dos dois me encararam apavorados. Fechei a porta e voltei ao meu percurso, ainda consegui ver os dois tentando se vestir as pressas quando fechei a porta. Escuto quando ele me chama pelo nome, correndo atrás de mim ainda colocando seu cinto, no meio daquele enorme corredor sombrio do hospital, ele me alcançou alguns segundos depois e pegou meus braços ficando diante de mim com a respiração ainda ofegante.

- Suellen ... - Ele estava ofegante quando me alcançou. Me pergunto se sua respiração estava assim, pela corridinha ou pelo sexo as escondidas na sala de limpeza.

- Foi bem rapidinha, não foi?

- Desculpa, eu preciso me explicar.

- Sim, por favor. - Eu disse friamente.

- Eu, eu... - Ele falou ofegoso , se aproximando e vejo sua mão se aproximando para tocar meu ombro.

- Não me toque! - Falo com desdém, ele recua.

- Me desculpe ... - Ainda sem folego.

- Precisando de oxigênio Robert? Está com dificuldades para respirar? - Eu tentei ser a mais natural possível.

Ele me olhou com um olhar duvidoso.

- Você não está com raiva?

- Eu, porque?

- Você, você não viu quando ... abriu a porta da sala e ...

- Sim, sim... ah, claro. Vi você transando com Clear.

- Shiii ... - Ele tenta me segurar para me levar para um lugar mais tranquilo, mas me solto dele.

- Se tentar tocar em mim novamente, juro que vou dar um soco em você.

- Ok, ok!

Ele me encara e estuda meu rosto que luto para continuar neutra.

- Porque você está agindo assim?

- E você quer que eu haja como?

- Sua reação não é normal e ...

- Você quer que eu grite com você aqui? Quer que eu der na sua cara? Quer que eu puxe os cabelos dela? Me explique, qual é a reação normal?