Capítulo 13 - Ana

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Ana

Depois daquela noite em que troquei o primeiro beijo com Antônio, parecia que eu estava vivendo um sonho, um completo conto de fadas.

Após me convencer a usar seu carro caríssimo para fazer as entregas da Bella Doceira, continuamos trocando alguns beijos, que, infelizmente, não puderam durar muito, uma vez que ele precisava voltar para casa, para prosseguir com alguns trabalhos.

Tentei me conter, porque estava feliz demais para conseguir disfarçar. Qualquer um poderia notar a felicidade estampada na minha cara, em forma de um sorriso gigante e um olhar sonhador, inclusive mamãe.

Era uma merda!

Ao mesmo tempo que estava radiante, me culpava por me envolver tanto com uma pessoa, tendo em vista que prometi me dedicar integralmente ao trabalho até conseguir pagar aquele empréstimo que vivia me tirando o sono.

Mas a verdade é que não consegui ser tão forte!

Meu coração começou a falar mais alto que a razão, e só pude obedecê-lo.

Quando finalmente Antônio foi embora com um Uber, fiquei mais alguns minutos na varanda, pensando no que estava me metendo enquanto encarava o Jeep Compass azul marinho dele.

— Sonhando acordada, menina?

Tomei um susto ao ouvir a voz de papai, baixa, bem atrás de mim.

— Ai, pai! Não faz isso! Quase me mata de susto!

Senti minhas bochechas esquentarem e imaginei que elas estivessem sendo tomadas por um tom de vermelho escarlate. O famoso atestado da vergonha.

Mas foi assim que me senti ao imaginar que ele poderia ter visto ou ouvido alguma coisa, principalmente meus amassos com Antônio, de apenas alguns minutos atrás.

— Desculpe. Não era minha intenção assustá-la.

— Tudo bem.

Ele se aproximou e sentou no seu banquinho, contemplando seus muitos cactos.

— Vim porque sua mãe me pediu para chamá-la pra jantar — esclareceu, desviando seus olhos profundos para mim.

Apesar de ter sessenta e cinco anos, meu pai era bem saudável e parecia bem mais jovem do que sua idade apontava. Mas a sabedoria era tão grande quanto um velhinho de cem anos.

— Só isso?

— O que poderia ter de mais? — rebateu, calmo.

— Nada. Só achei que a mamãe pudesse ter falado algo.

Dei de ombros, tentando disfarçar meu constrangimento.

— Não, querida. Sua mãe está colocando a mesa, e eu estava dormindo até poucos minutos. Se há algo a ser dito, ela ainda não me contou.

Caímos na risada, porque não demoraria muito a acontecer, conhecendo dona Tereza.

— Acho que sua filha está apaixonada, seu Mauro — admiti, sem ter como negar aquele sentimento que começava a aflorar dentro de mim.

— Eu conheço?

Seus dedos enrugados procuraram minha mão, onde repousou, me passando conforto.

Ele sabia o quanto era difícil para mim me abrir para este sentimento.

— Acho que não. Ele não é daqui, apesar de morar na cidade.

— Entendi. — Ele voltou a contemplar suas plantas, parecendo pensativo. — Está feliz?

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⏰ Última atualização: Jan 25, 2022 ⏰

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O homem que me EnganouOnde histórias criam vida. Descubra agora