Capítulo 11 - Antônio

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Antônio

— Tem certeza de que não terá nenhum problema se eu chegar um pouco mais tarde, Nana?

— Sim, Seu Antônio... — Ela riu, sabendo que eu iria reclamar por me chamar daquela forma. Fazia eu me sentir um velho, mas hoje eu não estava com tempo para protestar, então deixei esse pequeno detalhe passar. — Pode ficar tranquilo. Não vou desgrudar meus olhos dele até o senhor chegar!

— Juro que você será bem recompensada por toda a ajuda que está me dando — garanti, sentindo meu peito transbordar de alívio.

Realmente, não sei como iria me virar sem o auxílio dela, que agora, mais do que nunca, havia se tornado não só meu braço direito, como o meu esquerdo também.

— Faço de coração, porque gosto desse menino como se fosse da minha família. — Sua revelação era sincera, pois tudo o que essa mulher estava fazendo por nós, a fim de garantir a segurança e bem-estar do meu filho, dinheiro nenhum no mundo seria capaz de pagar.

— Não sei nem mais o que dizer pra te agradecer, você sabe. Mas agora deixa eu desligar, porque quanto mais demorar aqui, será mais tempo em que você ficará trabalhando...

— Tudo bem. Se precisar de algo, é só ligar, Seu...

— Nem ouse concluir essa frase! — interrompi-a bem no momento que complementaria com o meu nome, e a danada riu.

— Até mais, senhor.

— Até! — Me despedi dela ainda sorrindo.

Não sei se anjos existem, mas essa mulher só poderia ser um na minha vida. A forma como cuidava e se importava com o meu filho era emocionante de se ver.

Cumprindo o que eu havia prometido, corri para esperar o carro do Uber na frente do prédio do Ministério Público.

Meus dias estavam sendo cheios desde que decidi comprar um apartamento para morar com Enrico e Nana, que nos acompanharia a fim de continuar cuidando dele.

Mas como eu tinha certa urgência, não estava sendo fácil. Todas as opções disponíveis estavam precisando de grandes reformas. Eram apartamentos antigos, pois os empreendimentos novos ou já tinham sido vendidos ou ainda não estavam finalizados, de modo que tive que optar por uma dessas opções mais abaladas, por assim dizer.

Não estava sendo um processo simples, como esperei.

Primeiro, eu precisava decidir qual compraria dentre as limitadas opções, e obviamente teria que dar preferência aos que melhor atendessem às necessidades de Enrico. Além disso, para mim, segurança vinha em primeiríssimo lugar, então, de início, fiz questão de procurar por casas à venda, mas as alternativas disponíveis estavam anos luz à frente do meu limitado orçamento.

Apesar do meu ótimo salário como promotor de justiça, tinha outras despesas que comprometiam meu dinheiro. Ainda estava pagando o carro, que havia trocado há apenas cinco meses, por exemplo. Além disso, tinha a casa que eu havia financiado em muitos anos, com o intuito de dar conforto ao meu filho e à Eduarda.

Tudo isso limitava meu crédito e impossibilitava que eu comprasse outra casa através de um financiamento. E, apesar de ter certa economia numa poupança e investimentos na bolsa de valores, não daria para comprar a nova casa à vista. De modo que peguei uma parte desse dinheiro — após escolher um apartamento próximo à escola de Enrico, que era relativamente mais novo, apesar de não ser tão grande quanto a nossa casa — e dei entrada na papelada junto com o corretor que estava responsável por efetuar a venda.

A outra parte que me restou foi destinada à reforma que seria necessário fazer, mas essas responsabilidades deixei a cargo de um famoso arquiteto da cidade, que ouviu minhas exigências atentamente, garantindo que tudo ficaria nos conformes.

O homem que me EnganouOnde histórias criam vida. Descubra agora