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Os olhos verdes estavam há quase um minuto presos nos ferros a sua frente, tentando assimilar o que Meredith dissera para que ela fizesse. Confiava em Meredith, contudo, seu verdadeiro medo estapeou-lhe bem na cara: E se não conseguisse?

-- Que tal se tentarmos depois? -- Addison perguntou e Meredith riu suavemente.

-- O que combinamos na virada do ano, hm? -- Perguntou, erguendo uma sobrancelha, mas jamais perdendo o sorriso.

-- Que este ano eu andaria antes da primavera chegar. -- Addison disse e Meredith aquiesceu.

-- Exatamente. -- Afirmou. -- E para isso você precisa começar a treinar na barra paralela. -- Addison umedeceu os lábios pensativa antes de olhar para Meredith temerosa.

-- E se eu não conseguir?

-- Você vai. -- Disse com veemência. -- Seus braços já estão fortes para sustentar o seu peso, agora precisamos trabalhar mais suas pernas.

-- Por que meus braços estão bons e minhas pernas ainda não? -- Perguntou.

-- Nossas pernas exigem mais força de nós, você vai chegar lá. -- Meredith insistiu pacientemente. -- Para irmos à piscina da sua casa em alguns meses quero que esteja boa, se não, não irei. -- Impôs. Addison entortou a boca e olhou para a barra antes de voltar a olhar para Meredith.

-- Sem Mer de maiô ou biquíni? -- Perguntou e Meredith segurou o riso.

-- Sem Mer de maiô ou biquíni. -- Disse irredutivelmente, o que causou um longo suspiro em Addison.

-- Você vai me ensinar a nadar? -- Addison era esperta, queria negociar.

-- Sim, mas precisa testar a barra.

-- Se eu cair você não ri? -- Pediu envergonhada.

-- Você não irá cair. Eu estarei bem atrás de você, pronta para te segurar. -- Meredith informou e Addison tomou fôlego antes de assentir.

-- Tudo bem, me leve até ela. -- Pediu. Queria, a todo custo, voltar a andar novamente; queria os passeios com Meredith que lhe prometeu; queria poder ter liberdade de tomar um banho sozinha; de poder subir a bendita escada sozinha; de poder se deitar por conta própria, pois apesar de isso ser algo que ela podia, sua mãe sempre a colocava para dormir.

Não que ela reclamasse, mas havia dias onde ela realmente queria estar sozinha. Aquele era um sentimento novo nos últimos dias, afinal sempre odiara ficar sozinha, porém ter as pessoas em cima dela o tempo inteiro estava começando a incomodar um pouco a menina, mas ela não diria nada a ninguém, não queria ser uma ingrata.

Meredith ajeitou a cadeira de rodas em frente à barra e estendeu os dois braços a ela, fazendo a maior segurar em suas mãos. Aquele, de longe, era seu toque preferido: O de Meredith. Havia se passado três semanas após o natal, porém já sentia falta de Meredith dormindo ao seu lado, porque a verdade era que Meredith contava as melhores estórias, todavia, o que prendia a atenção de Addison era a voz eloquente de Meredith, cheia de vida, fazendo cada personagem ser compreendido perfeitamente.

-- Pronta? -- Meredith perguntou e Addison engoliu em seco, mas mesmo assim assentiu. -- No três você vai fazer o que eu te disse, certo? -- Novamente Addison aquiesceu.

-- Certo. -- Addison disse se preparando.

-- Um... -- Meredith começou a contagem, tentando transparecer segurança, porém seu interior estava aflito e ansioso. -- Dois... -- Beatrice se aproximou um pouco mais, mal podia esperar por aquilo. -- Três. -- Disse por fim, vendo Addison tomar impulso e, com a ajuda do leve puxão de Meredith, a garota ficou em pé.

Addison olhou para as próprias pernas sentindo-se diferente, bem distinta do que algum dia já se sentiu. Seus olhos umedeceram e um enorme sorriso preencheu-lhe o rosto, fazendo Meredith acompanhar a expressão.

-- Eu estou em pé, Mer... -- Addison disse ainda incrédula. Sabia que não sairia andando por aí, que ainda tinha um longo caminho a percorrer. Claro que sabia! Meredith já havia lhe explicado, mas o fato de conseguir se sustentar sobre seu próprio peso era magnífico e ela não podia medir a amplitude de seus sentimentos.

Meredith sorria diante da emoção no rosto de Addison e de Beatrice, mas as borboletas em seu estômago vieram lhe visitar assim que Addison apertou mais suas mãos e a puxou para mais perto. Seu rosto se levantou alguns centímetros e seus olhos subiram, acompanhando seus cílios, apenas para encontrar as orbes verdes fixadas em si, tão cintilantes quanto nunca. Meredith estava em uma espécie de transe, até ouvir Addison dizer algo novamente:

-- Eu sou mais alta do que você. -- Addison disse sorrindo singelamente, fazendo Meredith engolir em seco devido à proximidade das duas.

Claro que ela não beijaria Addison ou vice-versa, não ainda sequer ter trocado outro selinho depois do primeiro e, mesmo que tivessem, ela tinha a plena ciência de Beatrice as vigiando. O que fazia Meredith sentir sua pressão baixar foi a sensação de Addison em pé tão perto; um sinal de que as coisas não estavam estacadas.

-- Sim, não é muito difícil ser mais alta do que eu, sabe? Levando em conta que não sou tão alta. -- Meredith disse rindo suavemente, sentindo Addison se agarrar mais em si como apoio.

-- Eu sempre imaginei se eu seria mais alta. -- Addison disse sorrindo. -- Você continua linda daqui de cima.

Certo, ainda havia momentos onde Meredith enrusbescia fortemente diante aos elogios inocentes, mas que faziam seu coração flutuar mesmo assim. Um pigarro de Beatrice fez Meredith corar ainda mais, focando no que realmente devia.

-- Certo, vou para trás de você e te guiar. -- Meredith disse, segurando a cintura de Addison e indo para trás dela. A menor empurrou um pouco a cadeira para trás e se ajeitou no corpo da maior, tendo suas mãos segurando firmemente na pele de sua cintura. Segure nas barras, Addie. -- E assim a menina fez, levando suas mãos brancas até as barras.

-- Eu realmente sustento meu próprio corpo com os braços. -- Addison disse entusiasmada, vendo que Meredith não era nada mais que um apoio.

-- Agora quero que ande. -- Meredith pediu. -- Aplique todo o peso que suas pernas aguentarem, mas fique atenta aos braços, ele te segurarão quando as pernas não ajudarem.

-- Você vai ficar aí, não é? -- Addison perguntou. -- Mamãe, eu vou andar! -- Exclamou com entusiasmo.

-- Vou ficar com você todo o tempo. -- Meredith disse, esperando Beatrice dar um beijo no rosto da filha por cima da barra antes de se afastar de novo.

Durante todo o tempo Addison fez todos os exercícios sem reclamar, colocando máximo empenho em tudo, mas houve uma hora em que seu corpo estava extremamente cansado, que ela já não aguentava muito. Meredith soube ler seus movimentos, a colocando na cadeira novamente. Apesar da evidente exaustão, Addison parecia tão feliz que acabou por segurar a mão de Meredith e plantar um beijo sobre a delicada pele.

-- Obrigada, Mer. -- Pediu alegremente, fazendo Meredith sorrir diante do gesto.

-- Obrigada você por tentar. Agora preciso continuar o trabalho, tenho mais alguns pacientes. Nos vemos amanhã pela manhã. -- Meredith disse, pois já fazia parte de sua rotina visitar Addison e Beatrice todos os dias. -- Fiquem com Deus. -- Meredith disse, se inclinando para deixar um beijo no rosto de Addison, sem embargo, foi surpreendida quando a menina virou o rosto, fazendo seus lábios se encostarem.

Meredith corou assim que se afastou e seus olhos, automaticamente, foram para Beatrice. Será que a mulher pensava que sempre que elas ficavam sozinhas faziam isso? Céus, o embaraço a dominou completamente.

-- Huh, eu... -- O riso calmo de Beatrice contradizia o aparente constrangimento em seu rosto.

-- Vá, querida. Está tudo bem. -- Beatrice disse e Meredith assentiu, segurando a mão de Addison e depositando um beijo ali.

-- Nos vemos, princesinha. -- Disse sutilmente, vendo Addison assentir freneticamente.

-- Até amanhã, Mer. -- Addison disse, fazendo Meredith sorrir antes de sair. Apesar do evidente embaraço, ela ainda assim podia sentir seus lábios formigando e seu coração agitado.

Sem perceber um sorriso brincava em seus lábios.

Em um piscar de olhos - Meddison Onde histórias criam vida. Descubra agora