Enquanto Meredith ajudava Addison a descer do táxi e se sentar na cadeira de rodas, Beatrice foi na frente para abrir a porta e levar as coisas que Addison havia ganhado de Meredith, tais como a flor e a cesta de chocolates.
A casa era a típica tradicional americana: Um belo jardim na frente, uma gramado estendido por todo o local, que só se perdia na trilha de calçada que se formava até a entrada da casa. Mais ao lado havia a calçada que dava para a enorme garagem, de porta branca de aço.
-- Mãe, eu dormi por quatorze anos, não foi? -- Addison elevou sua voz, fazendo-a alcançar os ouvidos de sua mãe.
-- Sim, meu amor.
-- Então por que ainda está tudo tão... -- Seus olhos percorreram toda a extensão. -- Igual? -- Beatrice sorriu antes de replicar.
-- Eu sonhava com o dia em que seu pai voltaria para a casa, mas infelizmente ele não voltou. -- Ela disse tristemente, porém trazia consigo um sorriso inabalável. -- Depois fui deixando igual, somente renovava a pintura e mantendo tudo assim, apenas para que quando você voltasse não se assustasse com a mudança. -- Demorou quatorze anos, filha, mas você voltou.
Addison sorriu sem barreiras, sem pudor. Sorriu de uma forma tão pura que atingiu cada canto da alma de Beatrice e, é claro, de Meredith, que assistia tudo.
-- Eu te amo, mamãe. -- Addison disse. -- Mas se eu jamais tivesse acordado eu realmente gostaria que você enfeitasse a casa de um jeito que não te lembrasse de dias ruins.
Sem ao menos perceber, Beatrice estava chorando. Não um choro triste, muito pelo contrário, eram apenas lágrimas de alegria, de alívio, de paz. Sua filha estava bem, no final das contas.
-- Ora, não me faça chorar na frente de Meredith, meu amor. -- Beatrice pediu, levando o dorso de seus dedos até o canto de seus olhos para livrar-se das lágrimas. -- Vamos, não fiquem paradas aí, venham.
Meredith assentiu e começou a empurrar a cadeira na direção da casa. Seus olhos curiosos analisaram tudo, porque ao contrário do exterior, o lado interior da casa não se assemelhava em nada com o tradicional. Qualquer um notaria que uma família de classe alta vivia ali.
Todos os móveis de madeira maciça davam destaque dentre as paredes amarelas e brancas. Os enormes quadros abstratos que enfeitavam as paredes, com suas molduras douradas, entregavam o amor pela arte. Na sala, que era o cômodo onde se encontravam, o enorme tapete preto felpudo cobria o chão, contrastando com o lustre de luzes brancas no centro do cômodo.
-- Mamãe, posso mostrar meu quarto para a Mer? -- Addison perguntou animada, lembrando-se da quantidade de brinquedos que costumava ter.
-- Vamos ter que deixar isso para a próxima. Seu quarto fica em cima e não quero que Meredith tenha que tentar te subir. Dei folga para os empregados, então hoje terá que dormir em um dos quartos daqui debaixo.
-- E quando eles voltam?
-- Amanhã. -- Beatrice informou.
-- Então a próxima vez que a Mer vier posso mostrar a ela? -- Perguntou esperançosa, vendo Beatrice assentir.
-- Sim, querida. -- Disse gentilmente. -- Meredith, sente-se, por favor. Fique à vontade. -- Pediu. -- Vou preparar algo para comermos.
-- Obrigada, senhora Montgomery.
-- Beatrice, querida. Me chame de Beatrice. -- Pediu sorrindo.
-- Certo, dona Beatrice.
-- Sem o dona. -- Disse, fazendo Meredith rir.
-- Tudo bem, Beatrice. -- Disse, vendo a mulher desaparecer do cômodo.
-- Mer, temos uma piscina grandona. Você acha que as minhas pernas vão ficar boas até o verão? -- Perguntou. Meredith caminhou até o sofá e deixou a cadeira de frente para ele, sentando-se de frente para Addison.
-- Eu acho que até a primavera elas já estarão boas, Addison. -- Respondeu. -- Suas pernas estão perfeitas, só precisam aprender a se adaptar ao seu novo tamanho e peso e recuperarem a força.
-- E você vai vir nadar comigo?
-- Se você quiser que venha, virei.
-- De maiô? -- Perguntando arqueando uma sobrancelha. -- Não se deve entrar na piscina de roupa.
-- De maiô ou de biquíni, tanto faz. -- Deu de ombros. -- Sua casa é muito bonita.
-- Você também. -- Addison respondeu dando um sorriso suave.
-- Obrigada. -- Respondeu naturalmente; ela já estava acostumando-se aos elogios de Addison, eram puros e genuínos, algo que enchia o coração de Meredith de um sentimento bom.
-- Posso me sentar aí no sofá com você? -- Perguntou, vendo Meredith assentir e se inclinar, puxando Addison para o sofá com toda a delicadeza que havia em si. -- Obrigada. Acho que estou cansada.
-- Quer descansar um pouco? -- Meredith perguntou, vendo Addison assentir. -- Então deite-se que eu ficarei ao seu lado até que pegue no sono.
-- Deita comigo? -- Pediu, coçando um de seus olhos.
-- Claro. -- Ela disse, se deitando no sofá e trazendo Addison para cima de si.
-- Mer, o Leo também quer um abraço seu. -- Addison disse, prendendo a visão no ursinho que estava na cesta sobre a mesinha de centro. Meredith riu e esticou o braço, pegando o ursinho e o colocando sobre o outro lado de seu peito.
-- Assim está bom? -- Meredith perguntou e sentiu Addison assentir antes de afundar seu rosto na curva do seu pescoço.
-- A Violet disse ontem que depois que ela cresceu ela parou de ouvir estórias. -- Addison informou com a voz mais baixa, fechando os olhos ao sentir o carinho de Meredith em seus cabelos. -- Então eu decidi que como estou ficando grandinha não vou mais ouvir também.
-- Tem certeza? -- Meredith perguntou, surpresa demais, afinal Addison adorava ouvir contos e estórias, principalmente as românticas. -- Addison, não precisa parar de ouvir estórias.
-- Eu já me decidi. -- Ela disse com veemência, levando seu braço esquerdo até o Leo, abraçando assim ele e Meredith ao mesmo tempo.
-- Tudo bem, então. -- Meredith disse, mantendo suas carícias em Addison.
-- Mer? -- A voz rouca voltou a soar.
-- Sim, meu amor? -- Perguntou com a voz repleta de paciência.
-- Será que você poderia contar uma estória para o Leo? -- Meredith riu graciosamente, desfrutando do calor do corpo de Addison sobre o seu.
-- Contar uma estória para ele? Acha que ele gostaria?
-- Sim. Ele ainda é neném. -- Respondeu.
-- Suponho que ele queira ouvir romance, hm? -- Meredith perguntou em tom divertido.
-- Sim. Ele adora romance. -- Addison disse e Meredith assentiu.
-- Bom, era uma vez uma garota que se chamava Bela...
-- Não, Mer. Essa não! -- Addison a interrompeu. -- Conta uma onde a garota se chama Meredith. -- Meredith riu alto, pois todas as estórias que contara à Addison ela havia substituído os nomes dos personagens por Meredith e Addison e, aparentemente, Addison havia gostado disso.
-- Certo. Era uma vez, uma garota que se chamava Meredith... -- E assim foi, contou sua estória até o sono chegar. Ela não soube dizer quem dormiu primeiro, mas quando Beatrice apareceu na sala não resistiu em rir baixinho diante da cena que vira:
Meredith abraçava com possessão o corpo de Addison com um braço, enquanto com o outro fazia o mesmo com o ursinho de pelúcia. Já Addison, com apenas um braço abraçava os dois ao mesmo tempo. A mulher suspirou bobamente, aquela definitivamente fora a coisa mais fofa que já presenciara em toda a sua vida.
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Em um piscar de olhos - Meddison
Fanfiction[Concluída] Addison Montgomery tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. iriam para a Tailândia, porém, o destino lhes foi cruel, causando o choque em um caminhão desgovernado contra o carro onde estav...