Capítulo 11

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Um mês havia passado desde o aniversário de Rafaella. Ela e Bianca viviam uma espécie de amizade colorida, faziam questão de trocar mensagens pelo menos uma vez por dia, nem que fosse para dar boa noite. Porém não estavam tendo tempo para se ver pessoalmente, já que tinham negócios em cidades diferentes e estavam diariamente ocupadas com assuntos profissionais naquele período específico.

Por outro lado, Carolina não tinha esse problema. Fazia questão de convidar Rafa para sair aos finais de semana ou até mesmo um jantar após um dia cheio. Nem sempre tinha uma resposta positiva, mas já lhe garantia mais proximidade física com a herdeira do que a carioca.

Apesar das amigas fazerem piada e várias brincadeiras, a mineira começava a sentir um incomodo intolerável com a situação. Porém ainda assim tinha medo de abrir mão tanto de um lado quanto do outro. Sabia que era péssimo pensar assim,  mas simplesmente ainda não conseguia.

Era quase cômico pensar que há alguns anos pouco se importaria se estava sendo egoísta ou não. Tinha zero responsabilidade afetiva e provavelmente ficaria com as duas enquanto fosse divertido para no final dispensar ambas quando encontrasse novidade.

Como havia mudado com o passar do tempo...

Depois de tanta espera, havia chegado o final de semana de mais um almoço dos beneficentes da ONG e consequentemente, finalmente iria encontrar Bianca. Não poderia negar, estava animada para esse momento. Como estavam indo devagar e descobrindo novas experiências, combinaram de mais uma vez sair com suas amigas, ao invés de se trancarem no flat de Bianca como fariam antigamente.

Marcaram de se encontrar em um pub sertanejo e antes das 23:00 já estavam todas sentadas iniciando uma rodada de bebidas, comendo petiscos e conversando amenidades. Dessa vez as cariocas não estavam sozinhas, tinham levado Mariana, quem Rafa tinha menos intimidade, já que era bem menos expansiva que Viviane, apesar de sempre ser extremamente educada nas oportunidades em que tiveram de trocar algumas palavras.

Aos poucos o grupo começou a se alegrar e Viviane, Gizelly, Bia e Rafa decidiram subir ao primeiro andar onde uma dupla sertaneja cantava e tinha espaço para dançar. Saad e Manu preferiram se manter na mesa, longe da algazarra. 

Algumas muitas danças mais tarde, Bia recebe uma ligação e muda seu semblante, avisando que precisara atender, Rafa, preocupada, acompanha a menor até o andar debaixo porém a espera na mesa com Mari enquanto ela seguia para o lado de fora devido ao som alto.

— Uai, cadê a Manu? — a mineira pergunta ao se sentar.

— Foi ao banheiro... e a Bia?

— Disse que precisava atender uma ligação. — faz uma careta e a outra assente em concordância.

Passaram alguns segundos em silêncio apenas apreciando a cantoria do andar superior até que Mariana voltasse a falar.

— Bebeu muito lá em cima? — pergunta casualmente.

— Não, eu procuro não extrapolar desde... o acidente.

— Ah sim... — brinca um pouco com os anéis em seus próprios dedos como se estivesse pensando antes de falar novamente — Posso te falar uma coisa?

— Pode uai. — responde confusa porém com um sorriso acolhedor.

— Eu era muito amiga da Camila, sabe? — viu a mineira se retrair na cadeira.

— Mari, eu não...-

 — Calma, eu to na paz, não quero briga. — interrompe sorrindo na tentativa de amenizar a tensão — É só que, eu tenho a visão do outro lado... eu sei que você era nova, tinha pouca vivencia mas também sei que não era nenhuma garota ingênua. Não era por inocência que você insistia em ligar pra Bia quando sabia que a Camila estaria perto, nem quando não disfarçava olhares cheios de segundas intenções quando estavam no mesmo lugar. — a loira assentiu envergonhada porém antes que pudesse dizer algo a paulista voltou a falar — Mas eu também conheço a Bia desde criança, e eu sei o quão otária ela se tornou ao longo dos anos. Sei que ela foi quem mais errou nessa história, acredite, eu lhe dava sermões toda semana praticamente. — sorri olhando para o próprio copo antes de voltar a fitar a loira — O que eu quero dizer, Rafa, é que vocês pegaram alguns caminhos que eu não concordo, mas no fim das contas vocês se apaixonaram, de fato. — suspirou e deixou os olhos vagarem pelo local como se recordasse de algo — Houve um tempo que a Bianca era alegre e simpática o tempo todo, antes do rompimento com o Tio Claudio e todo o resto. Eu já tinha desistido de ver essa Bianca de novo, mas aí você apareceu e ela tem mudado... ela tá cada dia mais aquela Bia com quem cresci. — sorri contagiando a loira que repete o ato — Não quero jogar a responsabilidade da "melhora" dela para você, até porque isso seria impossível pois precisa partir dela. Mas você a faz ter vontade de se ajudar, de progredir... e por isso torço pra que vocês se acertem e deem certo. — a loira percebe a mais velha marejar os olhos em uma breve pausa, aguardando calada percebendo que ela ainda tinha mais a falar — Mas Rafa, se por acaso você achar que ainda não é capaz de perdoá-la, te peço por favor, mesmo que ela não tenha feito por onde, seja sincera. Não a deixe criar expectativas que não será capaz de suprir.

Bonded by Sin - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora