Yoongi.
O silêncio depois da bomba era sufocante.
Ela tava no sofá, mãos tremendo, apertando a caneca como se aquilo fosse impedi-la de desabar. O olhar perdido, sem foco, sem chão.
Mas eu não podia desabar junto. Eu não tinha esse direito. Enquanto ela respirasse, enquanto ela me olhasse daquele jeito como se eu fosse o último pedaço de segurança que restava no mundo, eu ia manter a cabeça no lugar.
Puxei o celular, respirei fundo.
- Fica aqui. - Minha voz saiu firme. - Tranca essa porta. E qualquer coisa me liga.
- Aonde você vai?.- Ela perguntou, quase num sussurro, apertando o cobertor contra o corpo.
- Resolver isso. - Inclinei o rosto, segurando seu queixo com uma mão, forçando ela a me olhar. - E eu volto. Sempre volto.
Mas não ia deixá-la sozinha nem por um segundo.
Liguei. O primeiro atendeu no segundo toque.
- Yoongi?.- A voz do Jimin soou alerta.
- Preciso de você. - Fui direto. - Traz tudo. E chega rápido.
Ele entendeu na hora.
-Tô a caminho. - E desligou.
O segundo também não demorou.
-Diz aí. - A voz de Hoseok veio seca, preparada.
- Vem. - Disse. - Quero que cuide de SN.
-Tô chegando. - E desligou.
Eles sabiam. Se eu ligava assim, era porque o negócio era sério.
Me virei pra ela de novo, segurando seu rosto com as duas mãos.
- Jimin e Hoseok vão ficar com você. Você estará segura. - Meus olhos cravados nos dela. - Vão cuidar de você.
Ela engoliu seco.
- Promete?.- A voz dela quebrou meu peito inteiro. - Promete que volta?
Aproximei, beijei sua testa, depois seus lábios.
- Sempre volto pra você. - Sussurrei contra sua boca.
Saí antes que ela tentasse me prender ali. Porque se tentasse... eu não ia conseguir sair.
O carro já me esperava na porta. Um dos meus motoristas de confiança. Um cara treinado, que não fazia perguntas. Só cumpria ordens.
Entrei no banco de trás, fechei a porta.
- Dirige. - Ordenei, sem tirar os olhos do celular.
O carro arrancou.
Minha cabeça tava fervendo. Meus dedos já estavam pulando de contato em contato, rastreando, puxando informação, cruzando dados.
Liguei pra um dos fantasmas que só aparecem quando o mundo tá podre demais até pros criminosos comuns.
-Yoongi... fazia tempo que não ouvia sua voz. - A voz dele era um chiado grave, quase irreconhecível.
- Fala logo o que sabe. - Fui direto.
-Acha mesmo que não ia saber? .- Ele riu, um som feio. - O casal... mortos. Execução limpa. Profissional. Foi recado. Não roubo. Não vingança. Foi gente de cima, Yoongi. Gente grande. Maior do que você imagina.
- Quem?.- Apertei o punho. - Diz quem tá por trás.
Silêncio pesado.
-Se você puxar esse fio, vai descobrir coisa que nem queria saber. Eles não eram só empresários podres. Eles estavam no centro de uma teia. Tráfico. Lavagem. Influência. E tua garota... não é só filha deles. Ela é a chave. Herdeira de algo muito, muito maior. Agora que eles morreram... tem gente vindo atrás dela.
Meu peito se apertou. O maxilar travou.
-Te cuida, Yoongi. - Ele finalizou. - Porque se você acha que a guerra começou... não. Ela só esquentou.
Desliguei.
Inclinei no banco, jogando a cabeça pra trás, respirando fundo. O sangue latejando nas têmporas.
Ela não fazia ideia do tamanho do buraco que tinha herdado.
Mas eu fazia. E se achavam que iam encostar nela... tinham acabado de escolher o alvo errado.
- Vira na próxima. - Falei pro motorista. - Me leva pra casa do Namjoon. Agora.
Se alguém sabia como derrubar esse tipo de gente...
Era ele.Continua...

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O leilão
FanfictionMin Yoongi foi o meu primeiro amor. E também o meu maior sofrimento. Éramos dois jovens tolos que acreditavam que o amor bastava para enfrentar o mundo. Mas meu pai fez questão de me provar o contrário. Ele arrancou Yoongi da minha vida com a mesma...