𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑜𝑧𝑒

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Boa leitura!

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Revirei da cabeça aos pés o escritório de Lex, literalmente. Desde cima da estante até às tábuas falsas do chão. Não encontrei nada. Estava tudo vazio sem sinal daquela maldita agenda preta! Bufei exausta e me joguei na cadeira do meu irmão. Comecei a rodear na cadeira. Fazia isso quando criança e sempre era repreendida. Pude ouvir meu pai chamando Nana quando minha mãe estava fora. "Nana, tire essa garota daqui! Eu preciso trabalhar." Ri com a memória. Ele ficava vermelho de raiva, achava que ele iria virar um pimentão de verdade qualquer dia.

Lex teria jogado fora? Eu acho que não. Ele não queria mexer nas coisas do papai e muito menos nas da mamãe. Tinham coisas importantes ali, mas nós não quisemos ver. Era doloroso olhar as coisas dela e saber que ela não voltaria. Lex guardou as coisas da mamãe em uma sala que tinha na adega, geralmente ficavam os vinhos preferidos dela ali. Mas ele os tirou e colocou tudo que a pertenceu lá dentro. As coisas do nosso pai estavam em um depósito da L-Corp, ficava fechado o tempo todo. As coisas do escritório…Espera!

Levantei correndo e me pus a correr o mais rápido escada a cima que podia. Passei por Nana no caminho e ela murmurou algo, não dei atenção e continuei. Cheguei no corredor e finalmente vi aquela porta que me dava arrepios quando pequena. Não ousei exitar para abri lá. Pelo contrário, assim que o fiz subi escada a cima rápido demais para um ser humano. Eu não ousei ter tempo para ter medo.

Procurei o interruptor da luz e o liguei. Fiquei surpresa por ter luz ali, ninguém subia ali há anos.

Tudo estava lá dentro de caixas empacotadas e baús cadeados. Lembrei que quando meu irmão assumiu o escritório como dele, ele tirou tudo do papai de lá. Ele se recusava a ver as coisas mas sabia que provavelmente tinham coisas importantes ali. Então Lex guardou tudo no sótão. Seguro e longe dele ao mesmo tempo.

Não me deixei mais pensar e logo comecei a trabalhar. Abri caixas e vasculhei tudo dentro, arrebentei 4 cadeados dos oito baús que tinham. Estava lá a quase duas horas e não encontrei nada além de papéis, charutos e ternos e sapatos de primeira linha.

Me virei para abrir outra caixa porém notei um armário grande ao fundo. Caminhei até ele e o abri, em seguida notei que estava vazio. Apenas ao fundo tinha uma espécie de manta cobrindo algo. Com certeza não era o que eu procurava mas minha curiosidade falou mais alto e tirei lá de dentro. Era uma espécie de quadro, acho eu. Era pesado então assim que o retirei de dentro do armário o escorei na parede ao lado. Tirei o pano de cima.

Meu pai estava lá.

O grande quadro dele estava lá.

Lembro-me daquele quadro dependurado no escritório dele. A moldura era ouro puro e tinha diamantes fazendo detalhes lindos e delicados. Ele estava sentado em uma cadeira, parecia confortável. Os braços descansando nos encostos da cadeira e na mão direita um copo de uísque. O terno preto sem gravata o deixou mais jovem do que realmente era. O olhar era duro, imponente. Era para dar medo. E dava. Mas também era julgador, como se ele fosse o rei do mundo e quem o olhasse seu mero plebeu. 

Fazia tempo que eu não via uma imagem dele. Me senti uma fraca sob seu olhar, senti medo. Era idiota, porra, ele estava morto. Eu não tinha que ter medo. Não deveria. Mas meu pai era um homem tão ruim em vida que até na morte continuava me assombrando.

Desviei o olhar daquele quadro estupidamente caro, devia ter custado pelo menos uns 5 milhões. Percebi em cima de uma escrivaninha alguns livros, franzi o cenho e deixei o quadro para trás. Eram livros interessantes, alguns eram clássicos e outros sobre empreendedorismo. Mas bem no meio deles tinha uma capa preta. Não parecia um livro. O peguei e então sorri quando o vi.

Minha querida stalker - Supercorp G!POnde histórias criam vida. Descubra agora