amor pirata. - jiara.

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KIE.

Ainda estou tremendo quando chegamos até o hotel velho que foi o único que consegui pagar com o meu cartão; após ter simplesmente gastado tudo. Não conversamos direito; suponho que ainda estamos assustados e abalados demais: a única coisa que JJ perguntou foi se estou bem.

Consigo ir à farmácia enquanto ele diz que vai ao banheiro, imagino ser para limpar o sangue que escorre de sua face até seu moletom cinza. Estou sentada na única cama que preenche o pequeno quarto, as paredes estão descascadas e, quando me mexo no colchão, os pés do móvel realizam um barulho esquisito. Contudo, estou grata que saímos vivos.

Ou quase isso, já que meus pais vão me matar ao descobrirem que zerei minhas economias.

Estou com a sacola de compras em meu colo quando a porta do banheiro se abre e o loiro sai dela, ele retirou o moletom e agora está apenas com a camiseta branca desbotada. Observo os machucados mais evidentes do que nunca em sua face.

- JJ. – chamo. - Senta, comprei algo pros seus machucados.

Ele me encara sem graça, não por muito tempo.

- Bancando a enfermeira de novo?

- De novo, não é minha culpa se você só se enfia em encrenca. – Minha voz sai um pouco mais rude do que o necessário; porque, no fundo, estou revoltada com ele, por ter se arriscado por conta de Luke.

- Não precisa fazer isso. parar no meio do cômodo, parece meio - Assisto-o incerto.

- Senta. – repito e arqueio as sobrancelhas, ele suspira e acaba cedendo ao ocupar o lugar ao meu lado no colchão.

- Eu vou te pagar de volta. – Sua voz sai baixa e ele fita as mãos inquietas no próprio colo.

- JJ. - Por algum motivo ele simplesmente não consegue me olhar. - Não é você que tem que me pagar.

- É, mas ele não vai te pagar.

Nisso podemos concordar; mas não respondo, ao invés disso, me concentro em retirar o antisséptico que comprei e molhar o algodão. Ele continua não me olhando quando me aproximo de seu lado e aplico o conteúdo embaixo de sua sobrancelha, percebo-o estremecer um pouco.

Quando umedeço de novo o algodão, ele finalmente me olha.

- Kie, eu... – Pigarreia e eu pauso o que faço para poder aguardar ele falar. – Por que não ficou no carro?

Era aquilo que tanto o incomodava e fazia seus olhos fugirem dos meus? Sinto-me um tanto irritada.

- Se eu não tivesse saído, sei lá o que ia ter acontecido com você.- retruco.

- Isso era meu problema.

- É sério isso? - Deixo meu tom elevar-se; e nem estou tão irritada assim com ele, porque tudo que quero é o trancar naquele quarto e nunca mais deixar que ele se enfie nos problemas do seu pai novamente. Presumo que estou deixando toda frustração daquela noite terrível cair sobre meus ombros - Eu praticamente te salvo de morrer em um beco por aí e você fica de orgulho?

- Kie...

- Sabe quanta merda de dinheiro eu gastei por você? O quanto eu me arrisquei?E sem falar do quanto meus pais vão surtar quando descobrirem.

Vejo ele forçar o maxilar enquanto me encara; aparentemente apenas pioro a situação com meus dizeres, porque de repente sinto que ele está revoltado também.

- Eu não pedi pra fazer porra nenhuma, tá legal? Foi tu que se ofereceu pra vir, tu que saiu do carro atrás de mim, não pedi pra gastar, sabe que merda podia ter acontecido se tu não tivesse dinheiro?