Um: Aquele em que se impõe limites

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   Gerard não era um grande fã de acordar cedo aos domingos. Ele adorava por seu pijama do Batman no último minuto da noite de sábado, logo após fumar um cigarro ou ter acabado de voltar de uma festinha qualquer, e então fechar seus lindos olhinhos para o melhor de seus sonos. Para ser sincero, Gerard odiava acordar cedo em qualquer dia da semana, afinal, sua atividade favorita de todas era dormir.

   Aquele não deveria ser um domingo diferente, afinal, o garoto já havia avisado à todos os seus amigos que apenas estaria disponível no período da noite e até mesmo retirado seu despertador do Star Wars da tomada para que assim não fosse incomodado de maneira alguma. Ele fora cruelmente acordado por um barulho que não conseguira distinguir de onde viera.

   Em sua cabecinha, que não funcionava normalmente quando tão chapada de sono, a primeira hipótese que se passara foi de que ele havia dormido mais do que pudesse pensar e então os superiores do colégio invadiram seu quarto achando que ele estava morto. Quantas pessoas ficariam felizes com aquilo, ele se questionou.

   Gerard sentou-se em sua cama, tentando assimilar de onde os malditos barulhos vinham mesmo com a dor aguda que fazia morada em sua cabeça. Ele abre os olhos vagarosamente e, ainda com a visão embaçada, consegue ver um vulto caminhando tranquilamente de um lado para o outro. Finalmente! A revolução fantasma pela qual ele tão esperava estava acontecendo!

   Não, não! Nada disso! Way fechou as mãos em punho e então coçou os olhos, finalmente podendo enxergar que aquele não era o vulto de um fantasma e sim de um homem. Um homem que aparentava ter sua idade, possuía algumas tatuagens e baixa estatura, carregava uma caixa em seus braços e sorria gentilmente ao que se aproximava.

—Oh, você acordou. Bom, achei que isso nunca aconteceria. —Ele diz debochadamente ao que põe a caixa sobre a cama vazia próxima a de Gerard, que o observava atentamente chocado. —O meu nome é Frank Ier....

—AAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH!!! O menino gritava alto e estridente, puxando um travesseiro para cima de si, a fim de cobrir a boxer do Batman que fazia par com sua camiseta. 

—O que?! Por que caralho você está gritando?! Para com isso cara! -Frank tentava acalmar Gerard, porém, aquilo não estava surtindo efeito, afinal, o garoto ficava cada vez mais vermelho. —Escuta, o Sr. Toro me mandou aqui! E-eu sou o seu novo companheiro de quarto, é só isso, não vou te fazer mal! —Gritou.

—Quem é você?! Por que invadiu a porra do meu quarto uma hora dessas?! Sai daqui, eu tô semi-nu porra! —Ele tenta acertar Frank com outro de seus travesseiros. —Sai daqui ou eu vou começar a gritar de novo! 

   Frank se afastou um pouco. Sua mochila estava sobre a escrivaninha ao lado direito do que viria a ser sua nova cama a partir daquele dia. Iero retirou uma pequena garrafa plástica com água de dentro da mesma e então se aproximou de seu colega de quarto novamente.

—Toma, isso pode ajudar você.—Disse sem muita emoção, apenas se forçando a ser legal.

   Gerard encarou a garrafa por alguns minutos, observando também as tatuagens na mão do outro rapaz.

—E-eu não quero isso! Como vou saber se não está tentando me envenenar?!

   O mais baixo correu a mão livre pelos próprios cabelos, revirou os olhos e então bufou.

—Por que eu envenenaria você, seu protótipo de imbecil? Olha, quer saber? Eu sou Frank, o seu novo companheiro de quarto e se você quiser beber essa droga ou não, se quiser continuar com o seu showzinho, eu não me importo, certo? Vou terminar de arrumar minhas coisas.

   Frank jogou a garrafa sobre a cama em que Way se encontrava, afastando-se, retornando a abrir suas caixas e sussurrando alguns "paranoico do caralho" vez ou outra. Gerard, por outro lado, ainda o encarava boquiaberto, como se tudo aquilo não fosse real.

—Escuta, você não pode simplesmente invadir o meu quarto, durante o meu sono e achar que eu irei reagir tranquilamente.

—Ah, qual é? É a porra de um colégio interno, você provavelmente sabia que alguém novo chegaria para dividir o quarto.

   Gerard se levantou, vestindo o primeiro short que encontrou em sua frente. Ele corre uma das mãos pelos cabelo escuros e oleosos, que contrastavam muito bem com a cor leitosa de sua pele.

—Por que você veio tão cedo? São tipo... —Ele confere as horas em seu celular. —Seis e quarenta e sete, ainda é madrugada para mim! —Completou.

  Frank bufou e, mentalmente, Gerard anotou que já odiava aquele simples ato.

—Você já viu quanta merda tem dentro dessas caixas? Eu tenho que organizar todas as minhas coisas, encontrar um lugar para a minha guitarra, os meus pôst...

   Gerard gargalhou contido, o que fez com que Frank o fuzilasse com apenas um olhar. Way abriu a gaveta de sua escrivaninha, revirando-a e, ao mesmo tempo, deixando Frank curioso.

—O que diabos você vai fazer?

—Impor limites.

   Way sorriu diabolicamente ao encontrar o que tanto procurava: Uma fita adesiva de cor branca.

—Olha, eu costumava dividir este lindo quarto com o meu melhor amigo e nós amavamos tudo aqui dentro, porém, os bons tempos vêm e vão. —Frank ergueu uma sobrancelha— Esse é o seu lado do quarto, esse é o meu lado do quarto. Nós dois apenas compartilharemos o banheiro e aquela porra de cômodo em que cozinhamos. Não me incomode e eu não irei te incomodar. Eu posso ser bem infernal quando quero. —Ele disse com certa dificuldade, afinal, estava traçando um caminho pelo chão com a fita.

   Iero estava pasmo, boquiaberto.

—Espera, então esse escândalo todo foi porque eu estou substituindo o seu melhor amigo? Cara, eu não quero problemas, porém, você não passa da porra de um louco, paranoico!

—Ninguém substitui o meu melhor amigo.

—Cá entre nós, eu não vou nem tentar. Eu cheguei e tentei ser legal, mas você é um...um.... Um arrogante.

—Eu não sou um arrogante, se você não gostou é só ir contar tudo ao Sr. Toro. Não faz porra de diferença nenhuma pra mim! —Gerard gritou.

  O baixinho estava mais que irritado, o sangue fervia em suas veias. Toda aquela gritaria, todo aquele drama. Aquele garoto com certeza não era normal.

—Pare de gritar comigo! Nem os meus pais fizeram isso, por que você acha que tem esse direito?! —Disse ao que se aproximava do branquelo, ultrapassando o limite imposto pela fita.

   Gerard gargalhou outra vez.

—Estou me dirigindo a você como me dirijo a qualquer outra pessoa nesse lugar!

   Frank não se conteve, irritado pela voz aguda do outro em sua cabeça, com o sangue fervendo em si, ele partiu para cima do mais alto.

   Os garotos desferiam golpes realmente violentos um contra o outro. Frank havia empurrado Gerard contra sua própria cama como se ele fosse uma pena e então começado a desferir golpes contra ele, porém, Way o empurrou para o chão, tomando controle da situação e estapeando-o.

   Se Way não fosse um tremendo escandaloso e Iero um boca suja compulsivo, eles poderiam matar um ao outro alí mesmo e ninguém se quer perceberia. Adam e Bob, que compartilhavam o dormitório ao lado, foram os responsáveis por apartar a briga ao comunicarem o Sr. Toro sobre o barulho.

—Sua bichinha escandalosa! —Iero disse ao que limpava o sangue do canto de sua boca com um pano.

    Gerard o imitou em forma de deboche.

—Volta de onde você veio, versão pocket de anão! —Rebateu enquanto precionava uma bolsa de gelo em sua testa.

   Frank e Gerard estavam realmente fodidos.

Hig School For Bad Good Guys (Frerard, Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora