Capítulo 7 : dia chuvoso

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Resolvi fazer pipoca e suco enquanto a chuva lá fora não parava de cair e aparentava estar piorando. Ainda estava cedo. Jonathan já havia trocado de roupa e estava apenas calado, me olhando fazer a pipoca. Ele cantarolava uma música e parecia feliz, com seu olhar atento a cada movimento meu.

- Por que você tá me observando, garoto? - perguntei.

A camisa que eu havia dado estava apertada nele, marcando seu peitoral e músculos perfeitamente. Seu cabelo estava úmido e bagunçado, e qualquer uma me chamaria de sortuda por ter essa visão "do paraíso". Ele estava no balcão da cozinha, com uma mão apoiada na cabeça e seu sorriso de sempre.

- Tô vendo se você não vai colocar veneno na pipoca nem no suco - disse Jonathan.

Pego o pano de prato que está em meu ombro e tampo em sua cara, fazendo-o me mostrar a língua. Revido, apontando o dedo do meio. Com tudo pronto, fui para a sala. Lucas não estava aqui ainda. Joguei-me no sofá e logo em seguida saí correndo atrás de uma coberta.

- Vamos ver filme de quê? - perguntei.

Jonathan estava em pé ao lado do sofá. Por que ele não se senta logo?

- Terror? - sugeriu ele.

- Nem ferrando. Que tal ação?

- Vamos ver comédia, então.

Fiquei satisfeita com sua escolha. Procurei um filme interessante de comédia e dei play.

- Tira a calça, vai acabar molhando o sofá desse jeito - falei

Jonathan me olhou com uma cara de confusão e um sorriso malicioso apareceu em seus lábios.

- Não sabia que você era dessas. Não vai me levar nem a um jantarzinho antes?

Revirei os olhos e ri da sua atuação.

- Vê se não baba, hein - disse ele, tirando a calça e ficando só de cueca.

- Não perderia meu tempo com você - respondi, mas talvez perderia sim. Ele usava uma cueca preta da Calvin Klein que marcava quase tudo. Desviei o olhar dele e fixei na TV.

Eu estava arrepiada e minha temperatura havia aumentado. Ignorei esses estranhos sintomas.

- Ainda bem que hoje não coloquei minha cueca do Homem-Aranha furada - comentou ele, e dei risada.

Ele se sentou ao meu lado e se cobriu. Já estávamos na metade do filme, ríamos e comentávamos sobre cenas. Nem parecia que a gente implicava um com o outro sempre. A chuva havia diminuído, mas não havia parado de fato. Eu e Jonathan parecíamos velhos amigos de infância.

Nem precisava olhar para trás para saber quem estava ali. Eu sentia seu olhar e já imaginava sua feição. Lucas. Eu conseguia sentir sua presença. Nunca entendi nossa conexão. Talvez seja por ele ter sido criado por mim. Dei uma relaxada; pelo menos ele estava ali e não estava sumido.

Jonathan havia devorado a pipoca praticamente sozinho. Levantei e fui até a cozinha. Lucas estava sentado em cima do balcão. Já eram quase 18 horas. O tempo passou rápido. Olhei para ele e dei um sorriso; ele me mandou de volta um beijo. Seu olhar não desgrudava de mim. Fui até a pia, coloquei o balde de pipoca lá e comecei a lavar.

Senti uma aproximação. Quando me dei conta, Lucas estava atrás de mim. Suas mãos em volta da minha cintura me apertavam forte e me puxavam contra si. Sua cabeça estava apoiada na curva do meu pescoço. Seu perfume invadiu minhas narinas. Senti meus pêlos se arrepiarem e uma onda de calor me atingir. Minha respiração ficou lenta. Corei e espero que ele não tenha percebido. Ele não falava nada e nem eu. Apenas estávamos ali, desfrutando da presença um do outro. Eu conseguia sentir ele, seu toque, sua respiração quente e abafada, seu calor... nunca havia sentido o calor da sua pele. Ele parecia tão real naquele momento.

Fui tirada dos meus devaneios por Jonathan, que estava apoiado na parede da cozinha. Em outras circunstâncias, acharia aquela visão uma delícia. Não é sempre que se tem alguém como Jonathan em sua cozinha só de cueca e usando uma blusa que estava prestes a perder a batalha para seus músculos. Ele tinha um belo corpo.

- Precisa da minha ajuda, madame? - perguntou Jonathan.

Senti Lucas me abraçar mais forte. Ele não havia nem se movido e não parecia dar importância para a presença de Jonathan.

- Não, valeu. Vou fazer uns sanduíches para a gente. Pode escolher outro filme.

- Ok.

Jonathan saiu andando, me dando a visão de sua maravilhosa bunda. Ele tinha mais do que eu. Deus tem seus favoritos...

Lucas tombou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada.

- Safada - disse ele.

Depois disso, fiz os sanduíches. Lucas me seguiu e se sentou no sofá ao meu lado. Jonathan havia escolhido outro filme de comédia. Lucas fazia carinho em meu cabelo enquanto víamos o filme. Seu toque me relaxava, e em algum momento uma forte sonolência me pegou desprevenida. Adormeci ali mesmo.

Acordei assustada. A TV ainda estava ligada e passava os créditos do filme. Minha cabeça estava no ombro de Jonathan, enquanto sua cabeça caía sobre mim. Nossos braços estavam entrelaçados e eu me agarrava a ele. Não sei como fomos parar naquela posição. Jonathan ainda dormia. Quem o olhasse pensaria que ele era um anjo, mas eu sabia que ele estava mais para demônio. Suspirei. Ele tinha um fraco cheiro de Malbec. Seu perfume era diferente do de Lucas, mas eu gostava igualmente. Quando me mexi, ele se mexeu também, mas não acordou. Ele lentamente tombou para o lado.

Desliguei a TV e recolhi nossa bagunça. Olhei pela janela e estava apenas nublado; a chuva havia parado. Meu celular marcava 18:30. Lucas não estava mais aqui. Voltei para sala; Jonathan ainda dormia feito pedra. Cheguei perto dele. Sua respiração estava lenta. O cobri mais um pouco. Ia me afastar, mas ele abriu os olhos e me encarou. Ele me olhava de uma forma diferente. O tempo parecia ter parado ali, naquele momento.

- Que horas são? - perguntou ele, com uma voz sonolenta, quebrando o silêncio entre a gente.

- 6 e pouca. Está na hora da Bela Adormecida ir para casa - falei, saindo de perto dele e me sentando no sofá.

Ele se espreguiçou e se endireitou.

- Ótima maneira de me convidar a se retirar de sua casa.

- Enquanto você estava dormindo, sequei suas roupas.

Fui em direção à lavanderia, voltei à sala e joguei suas roupas nele.

- Valeu, mordoma - disse ele.

Jonathan se levantou, me dando pela última vez a visão de seu corpo divino. Me sentei no sofá. Ele rapidamente se vestiu.

- Valeu por me deixar ficar... não me divertia assim há muito tempo - ele parecia envergonhado.

- Aaah que fofo, você corou.

Ele revirou os olhos e riu. O segui até a porta. A última visão que tive dele foi ele montando em Suzi e saindo cantando pneu como sempre. Fiquei ali parada, encostada no batente da porta, observando-o se afastar.

Novamente sozinha. Já era um costume. Mamãe iria voltar tarde. Entrei antes que congelasse ali fora.

Hora de dar uma de masterchef e fazer minha janta. Queria que Lucas estivesse aqui comigo...







Meu Melhor Amigo ImaginárioOnde histórias criam vida. Descubra agora