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{ RAFE }

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{ RAFE }

As minhas mãos seguram a cabeça de Emma com tanta delicadeza como se ela se fosse partir a qualquer momento. Os meus olhos estavam grudados nos dela, ouvia cada palavra como se fosse uma faca a cravar mais fundo no meu peito.

E eu também te odeio Emma, por estares a dar de ti a alguém que não sou eu. Por estares a permitir que te tenham e façam as coisas que um dia eu desejei fazer por ti.

Mas não foi isso que disse.

Mantive-me calado a olhar para ela e as perguntas aumentavam dentro de mim. Os olhos verdes dela começavam a ficar brilhantes demais e merda não conseguia.

"As minhas irmãs deixaram-te ainda mais linda." despejo um beijo sobre a testa dela e afasto-me caminhando até a porta.

Podia ouvir o coração dela partir e fechei os olhos com força voltando a abrir no segundo em que o pequeno corpo de Emma colide contra o meu, as mãos dela enrolaram-se em torno do meu tronco e a cabeça pousou nas minhas costas. Com cuidado viro-me de frente e aconchego-a nos meus braços.

"Tenho de ir."

"Não não tens. Estás apenas a fugir." murmura contra mim fazendo-me suspirar.

"Não te quero magoar mais!" afago o cabelo amarrado dela.

"Talvez eu goste da forma como esta dor dói... Porque quando estou nos teus braços não doi." sobe o olhar para mim.

"Porra." tombo a cabeça para trás e fecho os olhos.

"Desculpa, eu sei que tens a Marie." solta-me e eu quase me ajoelhei e implorei para que ela voltasse a agarrar-me.

"Não... Emma. Eu sei, merda." abano a cabeça de forma negativa. "Mas eu não consigo."

"O quê?" murmura.

"Não podemos voltar ao que éramos." afasto-me e pude ver o seu pequeno corpo desmoronar.

Emma apenas assentiu lentamente, em silêncio, mas os olhos colados ao chão falaram por si. Não podia andar a brincar com as duas, não era assim. E tinha de tirar Emma da minha cabeça por onde desse, porque eu podia terminar com Marie e começar a namorar com cinquenta garotas que ia acabar sempre no quarto de Emma, ia acabar sempre a pensar nela quando os meus lábios estivessem colados a outros lábios, quando estivesse dentro de outra pessoa. E não era justo para ela, porra ela não tinha arranjado ninguém depois de mim e estava a tentar com JJ, andava a manipula-la e a fazer de tudo para que entre eles nunca houvesse nada, mas não era justo porque eu podia ter alguém e ela não. Estava a ser cruel e se continuasse ela ia odiar-me num ponto que nunca mais nos poderíamos ver.

"Não era essa a minha intenção Rafe, não era mesmo!" murmura.

"Eu sei!" tranquilizo.

"Então por favor não voltes ao meu quarto quando estiver sozinha." olha-me e arrepio-me.

Engoli todo o ar acumulado e guardei nos meus pulmões sem ser capaz de o expulsar, aqueles olhos verdes eram vazios e a voz dura e fria. A postura rija e a cabeça erguida, ela tinha acabado de encher o peito com ego enquanto eu tentava manter oxigenio dentro do meu. Assenti e voltei a virar costas abandonando aquele quarto, caminhei sem olhar para trás. As minhas mãos estavam trémulas e por alguma razão um formigueiro se fazia sentir, o sangue corria as minhas veias a toda a velocidade chegando até a arder, o que merda andava eu a fazer? Andava com a porra da minha meia irmã na cabeça, enquanto namorava, era um nojo de pessoa e se agradecia que Emma fosse mais firme comigo, talvez dessa forma eu a esquecia e ela fazia o mesmo. Éramos felizes longe um do outro e fingíamos que nunca tínhamos transado, que nunca tínhamos partilhado momentos bons demais, talvez com força o suficiente conseguíamos esquecer e fingir que nem sabíamos a forma como o nosso corpo reagia quando nos tocávamos.

"Merda Marie que susto porra. Que merda estás a fazer?" bufo e continuo a caminhar.

"Porque é que andas nestes lados do corredor?" vem atrás de mim.

"Porque sim?" arqueio a sobrancelha.

"As tuas irmãs já foram menos uma..." a sua voz era maliciosa.

"E?" reviro os olhos mesmo que ela não visse.

"Significa que estavas no quarto dela. Quero saber o que porra estavas a fazer lá dentro com ela." puxa a minha camisa.

Fecho os olhos e respiro fundo contando até dez mentalmente para conseguir controlar a minha raiva e não causar nenhuma cena no meio do hotel para que todo o mundo ficasse a olhar.

"Estava a ver a sessão de fotos para a marca dela, acho que ainda posso estar a par das coisas da Emma."

"Wow Emma?" riu levando a mão ao peito.

"Que foi?" bufo, já começava a perder toda a paciência.

"Acho piada, alguma coisa está errada e eu vou descobrir."

"Não há nada para descobrir Marie, podemos ir ou vais continuar?" cruzo os braços na frente do peito.

"Se descubro alguma coisa que não me agrade, Rafe... Podes ter a certeza que dou cabo da vossa vida, tiro tudo de bom que vocês têm, ficam sem nada." aponta o dedo.

Levanto o olhar assim que vejo Emma passar por nós com os braços cruzados e uma sobrancelha arqueada, o passo era lento talvez para tentar perceber o que se passava ali visto que Marie parecia uma psicopata a apontar o dedo e mexer a cabeça e as mãos freneticamente. Voltei a olhar Marie que voltou o corpo na direção da morena e abraçou-me logo de seguida.

"Para onde é que estás a olhar?" a sua voz já me começava a irritar.

"Para o teu namorado." Emma responde e eu senti o meu coração parar, a vontade de sorrir e judiar Marie foi gigante, mas contive todas as reações que desejava trazer para fora e aclarei a garganta.

"Filha da..." Marie aclara também a voz e começa a caminhar até ao jardim que dava acesso desde a recepção.

Fiquei ali parado a olhar Emma caminhar até a sauna com o seu enorme maio e o cabelo atado, mexia no telefone, mas estava demasiado seria.

"Vens ou não?" a sua voz tira-me dos meus pensamentos, volto a respirar fundo e caminho até a loira que pendia as mãos nas ancas enquanto batia o pé no chão.

Segurou a minha mão e entrelaçou os dedos nos meus caminhando até onde a minha família estava a fazer as atividades planeadas para o dia de hoje.

𝑆𝑇𝑅𝐴𝑁𝐺𝐸𝑅𝑆, Cameron. Onde histórias criam vida. Descubra agora