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{ EMMA }

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{ EMMA }

Naquela noite havia um tema, assim como era costume em todas as outras, como a festa havaiana, neon party, noite branca e afins. Hoje o tema era cortes, sempre tive a enorme curiosidade de saber o que era ir a um baile no ano de 1800, onde as mulheres se vestiam com enormes vestidos na qual o decote sobressaltava os olhos de qualquer um, os homens sabiam dançar, eram cavalheiros e toda a dança era pura intimidade vivida da forma mais discreta. Não tinha qualquer roupa para aquela ocasião mas fiz de tudo para juntar todos os vestidos que tinha que fossem de encontro aquele tema, acabei por levar um vestido simples comprido de seda cor beje clara, onde a decote tinha alças finas e uns detalhes trabalhados na zona do dorso, as costas eram compostas por fitas que cruzavam e faziam as mesmas ficar despidas, atei os meus cabelos e passei uma maquiagem leve.

Não sabia se a minha família iria la estar, mas a verdade é que não me importava minimamente. A música do violino entrava nos meus ouvidos criando uma calmaria extrema no meio do turbilhão que vivia na minha cabeça, rodava o dedo indicador pelo copo enquanto o encarava com atenção, inspirei todo o ar que consegui e ergui a cabeça apreciando o ambiente que me rodeava, levei a bebida a boca dando alguns goles grandes, confesso que já tinha pedido três vezes a mesma coisa e continuava a parecer sumo sempre que descia. As pessoas dançavam com os seus pares e tinha inveja de como é que elas sabiam dançar assim tão bem sem calcar os pés do parceiro.

"Concede-me esta dança?"

Viro o meu rosto lentamente para a pessoa do meu lado e ri um pouco ao ver um garoto provavelmente mais novo que eu uns anos.

"Não sei dançar." respondo calmamente voltando a beber.

"Isso não é problema, é só seguir a melodia." estica a mão na minha direção.

Olho a mão dele e depois o rosto sorridente.

"É só ter sintonia, e eu tenho pés de elefante, não ia ser agradável." ri um pouco, o álcool começava a fazer efeito.

"Vamos experimentar." insiste e eu suspiro.

Pouso a bebida no balcão e agarro a mão dele deixando que me puxe até ao centro da pista, o garoto segurou o fundo das minhas costas com uma mão e a outra segurou a minha no alto, fez os nossos corpos aproximarem-se e olhou-me com atenção.

"Relaxa. Fecha os olhos e segue-me." assentiu.

Sem muita expectativa fiz o que ele mandou, fechei os olhos e nesse segundo ele começa a mexer-se para os lados, abri imediatamente os olhos sem saber bem onde colocar os pés pela forma rápida como ele se movia entrelaçando-se com as pessoas, o meu vestido esbarrava contra outros e alguns cabelos passavam pelos meus braços assim como o ar que os corpos faziam em movimento.

"Fecha os olhos." fala e eu assenti.

Apertei mais a minha mão contra a dele deixando-me levar, a outra mão que estava no ombro apertava com um pouco mais de força ainda. Tentei não pensar onde colava os pés e sim em esvaziar a mente e deixar que a música me levasse onde queria, inalei o máximo que pude ao perceber que era mais fácil do que parecia. Ele rodou o meu corpo fazendo-me girar na mão dele e logo colidi contra o corpo dele de novo. Não sabia se era da bebida que me enganava mas ele parecia agora mais alto e com o tronco mais largo, como não tinha sentido o frio de um anel na minha mão, e aquele perfume... Fechei os olhos com mais força ao perceber que a minha mente me estava a pregar partidas.

Abro os olhos e afasto-me, ele voltou a puxar-me para junto de si, baixou o rosto e as nossas testas ficaram coladas, a minha respiração estava ofegante, sentia as pernas pura gelatina, as minhas mãos ganharam um formigueiro e os meus olhos não soltavam os dele, mas continuávamos a mover-nos como se soubéssemos o que estavamos a fazer, como se de repente o enorme salão estivesse vazio e era só eu o violino e Rafe.

"Porque é que com ele fechas os olhos e comigo não?"

A minha respiração acelerou de uma forma descomunal, humedeci os lábios e voltei a olhá-lo.

"Não sei." respondo.

"Não sabia que sabíamos dançar este tipo de coisas..." riu e nesse momento percebi que estava bebedo.

"Estás bebedo?" murmuro.

"Sim." assentiu e desceu a mão pelas minhas costas até chegar ao fundo das mesmas.

"Estás aqui há muito tempo?" tento segurar-me firme.

"Não." aproxima os nossos rostos.

"A nossa família está aqui?"

"Porquê?" riu de novo e eu afastei-me andando até ao bar.

Pedi uma água fresca e apoiei as mãos no balcão para voltar a ganhar forças.

"Não sei onde estão, vim de um bar qualquer mas fui expulso por beber demais. Não sabia que na porra deste país não se podia beber mais que cinco copos de whiskey..." senta-se.

"Vou-te levar para o quarto Rafe..." aclaro a voz.

Ele levanta-se com um sorriso de canto e eu pouso as mãos no peito dele para o afastar.

"Sem graça. Vamos embora." começo a andar.

Assim que dei três passos olhei para trás e ele continuava parado a olhar a multidão, revirei os olhos e caminhei até ao loiro, agarrei o pulso dele e puxei comigo.

"Sabes? Nunca recusaria uma oferta dessas vinda de ti, mas hoje vou ter de recusar." fala enrolado.

Assenti e continuei a caminhar.

"Não dizes nada?"

"Rafe vamos logo..." suspiro.

"Se fosse antigamente tu ias provocar-me, provavelmente íamos fazer coisas e no dia seguinte ignorar e odiar-nos, se fosse antigamente tu..." interrompo-o.

Lanço a mão dele fazendo-a cair junto do corpo por ele estar bebedo e mole viro-me de frente para si e respiro fundo.

"Não existe mais antigamente Rafe, isso não existe, não mais. O que porra se passa contigo? Tens alguém, estás feliz, não brinques comigo." volto a virar-me.

"Fui encher a cara de álcool para te tirar da cabeça mas a única coisa que fiz com isso foi ter-te ainda mais presente e dar por mim a criar um diálogo contigo no banco ao lado onde não estava absolutamente ninguém. Se fosse sozinho para o quarto eu ia fazer amor com ela a pensar que eras tu, se calhar o álcool ia trair-me e eu ia dizer o teu nome, e depois ia odiar-te por isso porque a razão pelo qual o álcool me traiu foste tu porque foste tu a razão de ter enchido a cara."

Volto a olhar o loiro de forma indignada, não sabia se aquelas palavras me magoavam, deixavam com ciúmes ou feliz. Só de pensar nele com ela deixava o meu estômago embrulhado, mas nele a pensar em mim deixava o meu estômago com borboletas.

"Rafe estás bebedo, não sabes o que dizes. Vamos embora." estico a mão.

"Sabes o que é que ela me disse hoje? Que ia descobrir o que porra se passou e que ia destruir as nossas vidas, e sinceramente? Eu acho que prefiro ter a minha vida destruída contigo ao meu lado do que viver num pesadelo e não te ter ao meu lado." gesticula.

"Rafe... Vêm, por favor." engulo em seco.

"Tu não me amas?" a voz rouca dele quebrou.

E o meu coração quebrou junto.

"Emma tu já não me amas? Porque eu sim, eu sei que te prometi eu sei que fiz coisas más, eu sei que te magoei mas merda eu nunca senti nada assim por ninguém. Não sei o que merda estás a fazer comigo Emma, tu não imaginas o que fiz para te esquecer e tu não sais daqui!" agarra a cabeça enquanto as lágrimas escorrem pela cara.

𝑆𝑇𝑅𝐴𝑁𝐺𝐸𝑅𝑆, Cameron. Onde histórias criam vida. Descubra agora