𝑆𝑇𝑅𝐴𝑁𝐺𝐸𝑅𝑆, Cameron.

14.

{ RAFE }

Fui atrás dela segurando-a pela cintura, o seu corpo debateu-se contra o meu para a soltar e assim que o fiz ela olhou-me cansada de "lutar" comigo para se livrar de mim.

"Deixa-me em paz!" aponta o dedo.

"Não Emma! Só não queria envolver-me daquela forma contigo, ia ser outro erro." ela riu e abanou a cabeça de forma negativa.

"Um erro. No meio de quantos?" encara-me.

Não soube o que responder limitei-me a baixar a cabeça e encarar o chão como um covarde.

"Sabes que mais Cameron? Es um filho da puta egoista, egocêntrico, imperial, que só quer saber da porra do seu umbigo. Desde que tu estejas satisfeito então o resto que se foda! O resto que se dane, não queres saber se machucas, se fazes bem ou mal. Que porra de monstro es?" subo o olhar até ela que me olhava com cara de nojo.

"Não sou assim Emma. Tu sabes que faço tudo por ti." tento aproximar mas ela levantou a mão em aviso.

"Fazes tudo por mim?" virou costas e riu alto. "Devias estar mesmo bebedo para nem te lembrares que só te faltou ajoelhares-te aos meus pés a chorar e a dizer o quanto não te importa que ela arruine a tua vida desde que fiques comigo, devias estar mesmo bebedo para não te lembrares como me beijaste e recordas-te o passado e depois foste fode-la como se nada tivesse acontecido entre nós!" dá de ombros.

"Eu precisava de tirar-te da cabeça porra!" gesticulo.

"E é a foder com ela que me tiras da merda da tua cabeça?" grita. "É dentro dela que te esqueces de mim? É com os mesmos dedos que estiveram dentro de mim que lhe dás prazer a ela?" aproxima-se.

"Não!" bufo em frustração.

"Então parabens, és mais nojento do que pensava que eras. Agora deixa-me em paz por favor." começa a andar de novo.

"E tu? Precisas assim tanto de JJ para me tirar da cabeça? Ficaste assim tanto tempo na porta daquele quarto a ouvir-me foder outra mulher para quê? Gostas de sofrer."

"Preciso."

"Não precisas dele. Não tanto de quanto precisas de mim e eu sei, fomos feitos um para o outro." aproximo-me.

"Precisava." olha-me.

"Tudo bem, então não tens de ficar assim porque vou para a cama com a minha namorada!" apeteceu-me vomitar.

Emma assentiu e deu de ombros, virou costas e caminhou com calma até a zona onde a minha família estava, baixei-me naquele chão e levei as mãos a cabeça vendo o seu corpo afastar mais e mais. Eu sempre a deixava ir com o coração despedaçado, porque não parava de magoá-la sendo que era a pessoa que mais queria proteger e manter entre os meus braços, mordi o lábio para impedir que chorasse ali no meio. Ela merecia ser feliz, mesmo que fosse com JJ e eu odiasse de morte essa ideia. Tinha de a soltar e deixar o amor da minha vida ser feliz com outro alguém. E eu precisava de fazer alguma coisa por mim abaixo e tomar as rédeas desta relação de merda e acabar tudo com Marie que nem amava, era uma dor de cabeça constante e estava a destruir todos ao meu redor. Fiquei naquele areal por bastante tempo, repensei na minha vida até aquele ponto, dei voltas infinitas na minha cabeça de como fui capaz de fazer tanta merda e mesmo assim ela sempre voltava para os meus braços e se mostrava disponível para me amar talvez com mais intensidade do que da última vez.

Talvez não fôssemos assim tão perfeitos um para o outro, quem que porra magoa a mesma pessoa até perder a conta das vezes? E quem que porra perdoa essa mesmo pessoa vezes sem conta? Talvez fôssemos demasiado tóxicos, talvez a nossa relação seja o limites da linha que divide o amor e o ódio porque sempre vivemos assim entre amor extremo e ódio extremo. Mas merda eu não me conseguia livrar dela, era todo dela e já não conseguia imaginar o meu coração a ser de outra pessoa a não ser dela e só dela. E ela era tão minha que até fazia as minhas entranhas doerem, tudo o que queria era fundir-me no seu corpo e tornar-me num só, ficar fechado num quarto com ela e amá-la incondicionalmente, queria fazer todo os filhos que ela quisesse, queria casar com ela, morrer de velho com ela.

Esmurrei aquela areia e levanto-me retomando o meu caminho até ao hotel sem vontade nenhuma de encontrar Marie, sabia que ia ter de lidar com ela e os seus dramas infinitos de como não a defendi e não fiz frente a Emma. Na verdade eu gostei que ela tivesse sido esborrachada naquele chão, quem é que ela pensa que é? Merda assim que pousasse os meus pés em Malibu a primeira coisa que ia fazer era levar Marie e as suas malas ao aeroporto mais próximo e reencaminha-la para Nova York onde pertencia junto das amigas horríveis dela e junto daquela cidade que metia nojo.

"Então?" Sarah apanha-me desprevenido.

"Então o quê?" olho-a.

"Não correu bem?" suspira.

"Mas é claro que não Sarah, estavas à espera de quê? Ela odeia-me e sinceramente? Sempre foi mútuo." contorno o seu corpo.

"Isso não é verdade pois não? Olha para ti, olha como estas transtornado. Rafe tu gostas da Emma?" aproxima-se.

"Estás louca Sarah?" arregalo os olhos.

"Foi o que pensei quando comecei a comparar a forma como olhas para Marie e como olhas para Emma, parece que ficas hipnotizado, a tua postura fica rija, perdes o controlo e qualquer um pode notar. Comecei a juntar as peças e começou a bater tudo certo, comecei a perceber os olhares, a prenda de natal, a virada do ano, a noite na gala, o anel no dedo dela, quando ela chegava a casa e passado minutos chegavas tu, como ontem ela chegou ao quarto depois de ter ido sabe-se lá onde e como Marie te procurava também." debita enquanto me olha com atenção.

"Sarah estás a alucinar. Ela é minha meia irmã!" aponto.

"Não é! Tu sempre fazes questão de dizer que não é." cruza os braços.

"Sarah não..." abano a cabeça.

"Vocês já se envolveram?" olha o fundo dos meus olhos.

"Não!" abano a cabeça de forma negativa e ela riu.

"Há quanto tempo?" mantém os braços cruzados.

"Sarah porra..." levo as mãos a cabeça.

"Há quanto tempo?" repete agora mais firme e eu fui obrigado a baixar a cabeça.

"Há provavelmente dois anos que andamos envolvidos..." murmuro.

"E agora?"

"Agora o que Sarah?" suspiro e encaro a minha irmã.

"Ainda se envolvem?" engulo em seco e abano a cabeça de forma negativa na esperança que ela não perceba que eu estou a mentir.

"Inacreditável como me mentes..." vira costas e abandona-me ali.

Inspiro e expiro com força caminhando de volta para o meu quarto, para minha surpresa estava vazio e agradeci a todos os deuses por isso, tirei os meus calções de banho e tomei um longo duche, depois de sair vesti apenas uns calções de treino frescos e fui até ao bar da piscina onde fiquei a beber alguns cocktails e apanhar sol enquanto pensava novamente em tudo. Tinha a cabeça cheia e aquela declaração de Sarah deixou-me desconfortável e sem saber bem o que fazer ou dizer. Se ela era capaz de notar uma coisa dessas quem dirá Rose ou Marie... Se ela descobrisse alguma coisa poderia facilmente destruir muita coisa.

Merda.

🌸
É só ladeira abaixo.