{ EMMA }
Fiquei ali estática, completamente chocada com o que acabara de presenciar. O calor da raiva misturava-se com a tamanha excitação que palpitava entre as minhas pernas. Olhei por mim abaixo e segurei um grito de frustração bem no fundo da garganta, dei três passos em frente decidida a ir atrás daquele filho da puta e obriga-lo a acabar o que começou mas detive essa vontade. Cerrei os punhos e comecei a contar até dez mentalmente, foi quando cheguei aos vinte que percebi que a irritação não desapareceu e estava ainda pior, abri aquela porta num só lance e dei passadas largas e firmes pelo corredor até chegar ao nosso, a porta do quarto de Rafe ficava no fundo enquanto a minha ficava a meio já a de Rose e Ward ficava bem na esquina com o outro corredor. Respirei fundo e tirei o saltos caminhando com cuidado pelo corredor até a porta dele, não tinha intenções de bater pois sabia que estaria la Marie, apenas queria saber se eles estavam a conversar sobre o facto do Cameron ter chegado completamente encharcado e um pouco bebedo e confesso que tinha curiosidade de saber qual seria a sua desculpa.
A minha surpresa foi outra quando ouvi gemidos abafados vindo desse mesmo quarto, eram gemidos dela. Levei a mão a boca para cobrir o som que havia feito de espanto junto com a forma incrédula. Dei dois passos atrás e as lágrimas começaram a verter pelos meus olhos, olhei em ambas as direções, talvez ela estivesse a satisfazer-se sozinha, talvez ela estivesse ali com outro homem, talvez eu tivesse errado a porta. Não era possível que Rafe estivesse a fazer amor com ela depois de ter dois dedos dentro de mim há dez minutos, depois de ter chorado como um bebé no corredor e a proclamar o seu amor por mim e de como não queria saber se ela arruinava as nossas vidas. Sentei-me contra aquela parede junto a porta a chorar e ouvir os gemidos que se tornavam um pouco menos abafados, esperava de forma impaciente que Rafe aparecesse naquele corredor mas isso não aconteceu naquela meia hora. O meu coração estava caído ao meu lado esborrachado e sem força assim que ouvi a voz dele dentro do comodo, não percebi o que disse mas ele gemeu também. Automaticamente rastejei pela carpete beje do corredor até a outra parede em frente a porta deles com as mãos na boca e os joelhos contra o peito.
Quem me visse ali iria achar que eu era louca. Uma mulher sentada num corredor com o rímel completamente estragado e a escorrer pela cara, mãos na boca para abafar o choro histérico com que estava. Parecia uma criança machucada depois do pai lhe negar um brinquedo. A porta abriu num baque e tal foi o meu espanto ao ver a figura masculina de tronco nu e apenas de calções sair porta fora com um maço de tabaco na mão e cara trancada. Levantei-me num ápice e tive de me segurar a parede.
"Emma?" pergunta e não consigo decifrar se está admirado, envergonhado ou preocupado.
Limpo as lágrimas com as costas da mão e caminho pelo corredor com velocidade até alcançar a minha porta, ainda o ouvi vir atrás e chamar-me baixinho numa súplica, mas entrei e fechei a porta. O quarto estava escuro e tanto Sarah como Whezzie já dormiam, arranquei aquele maldito vestido do meu corpo e caminhei até a cama sem me importar se estava nua ou não, deitei-me tapei o meu corpo e chorei até adormecer.
...
"Bom dia alegria!" Sarah exclama quando abre as enormes janelas. "Parece que foste atropelada por um comboio e atirada para a estrada para ser atropelada por um carro."
Olhei a loira que estava sentada no fundo da cama com o biquíni já vestido e a roupa de praia. Apenas sai da cama e arrastei-me até ao banheiro onde entrei e fechei a porta, tomei um longo duche sentindo o interior do meu peito ainda apertado e aquela vontade de chorar presa na garganta. Não me acredito que fui enganada novamente por ele, será que nunca ia aprender? Soltei um longo suspiro e ajeitei os cabelos deixando-os molhados caídos sobre os meus ombros, abri a porta e fui vestir um fato de banho laranja pastel com pequenas flores estampadas, as costas eram completamente abertas e era decotado. Vesti um vestido de verão por cima e calcei os chinelos, coloquei o meu perfume e olhei novamente a minha cara no espelho.
"Estás bem?" pergunta a mais pequena fazendo-me assentir e mostrar um sorriso.
"Vamos que já estão todos a tomar o pequeno almoço. Hoje vamos nadar com tubarões bebés!" bate palmas animada.
"Vao indo, tenho de pegar no meu saco ainda!" murmuro arrastando os pés até a minha mala.
Depois da porta fechar inalei o máximo de oxigénio que conseguia, segurei a minha totebag azul mar e coloquei o livro que andava a ler junto com óculos de sol, protetor, fones e por fim a minha carteira. Segurei o meu telefone onde apareciam três chamadas de Rafe, apaguei e saí do quarto. Pelo caminho decidi enviar uma mensagem a JJ a dizer que precisava dele. Talvez estivesse carente ou talvez tivesse a tentar tapar o buraco que tinha no peito, mas a verdade é que ele era a única pessoa que me iria conseguir acalmar e talvez deixar minimamente feliz. Guardei o telefone na totebag assim que adentrei o salão do pequeno almoço, avistei a minha "familia" e caminhei até a mesa sentando-me e evitando olhar para as pessoas ali presentes.
"Bom dia também para ti." a minha mãe fala severa, limitei-me a dar de ombros e levantar para ir buscar a minha comida, porém tudo o que ali estava me enojava.
Não tinha fome nenhuma e para se juntar a isso não tinha vontade de estar ali, queria ir embora para minha casa na Carolina e começar a arrumar tudo do meu jeito para distrair a cabeça. Regressei a mesa apenas com um copo de sumo e uma panqueca com chocolate em cima.
"Só vais comer isso?" de novo a minha progenitora.
"É o que me apetece comer, mãe." respondo um pouco rude.
"Não precisas de falar assim ela só fez uma pergunta." agora era a vez de Marie de opinar e eu juro que tive de colar bem os pés no chão.
Levantei a cabeça e ela olhava-me com uma cara seria também, Rafe tinha os olhos postos no prato e comia em silêncio.
"Agradeço a preocupação Marie, mas ninguém te perguntou merda nenhuma." pouso os talheres.
"Emma!" repreende a minha mãe.
"Ah desculpa, eu esqueci que ela é a protegida agora. Ninguém lhe pode falar mal, mas vá hoje se calhar até a vou tolerar já não deve andar frustrada porque levou uma dose de s..." Sarah interrompeu-me.
"Marie por favor, não te metas nos assuntos de mãe e filha e Emma vamos pegar mais alguma coisa para comer..." levanta-se e estica-me a mão.
Pus uma última vez os olhos nela e em Rafe que continuava com os olhos colados no prato, levanto-me com calma e sigo Sarah até a zona dos cafés e leites.
"Emma mas que porra se passa?" murmura.
"Sarah estou farta daquela filha da puta, eu juro que é ainda hoje que come um soco naquele nariz." passo as mãos no cabelo chateada.
"Por favor controla-te, és melhor que ela! A tua mãe vai a acabar por abrir os olhos tu vais ver... E Rafe também. Parece um cão indefeso do lado dela." olha de esguelha com cara de repúdio.
"Não os aguento, não aguento olhar aqueles dois. Preciso ir embora daqui sinto que vou sufocar." desabafo.
"Aguenta, ela não vale o chão que pisa." sorri acariciando o meu rosto. "Vamos nadar com tubarões bebés!" sorriu de novo o que me fez sorrir.
"Devia estar a aproveitar não é?" dou de ombros vendo a loira assentir e puxar de novo a minha mão até a mesa.
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𝑆𝑇𝑅𝐴𝑁𝐺𝐸𝑅𝑆, Cameron.
Fanfic•𝐿𝑂𝑉𝐸𝑅𝑆: 𝑆𝐸𝐴𝑆𝑂𝑁 2 • Depois de um ano separados, Rafe e Emma reencontram-se num jantar de família que vem acompanhado de muitas revelações e novidades obrigando assim ambos a conviver mais do que o esperado. Todo o amor que alguma vez fo...