Capítulo 14: Omamori

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Toda a burocracia de desembarcar e andar até a esteira onde as malas se encontravam demorou um pouco mais que o necessário pelo fato de Shoko ainda estar no processo de despertar completamente.

— Preciso de um banho. – Jade disse em um suspiro, sentindo o clima preguiçoso de avião a rodear ainda.

— Somos duas. – Utahime concordou, andando ao lado da amiga.

O clima estava agradável, o Sol morno clareava como podia o Aeroporto Internacional de Tóquio e a atmosfera da cidade era mais leve que a sua de origem. Claro que a metrópole japonesa também era repleta de luzes, carros e movimento, mas Nova Iorque com certeza tinha o ar mais pesado, passou pela cabeça da Zenin que isso poderia ser devido a poluição, como o lixo jogado na rua, coisa quase impossível de se ver na cidade que estava agora.

— Aqui tem aqueles banhos em conjunto, né? – Gojo questionou o amigo, se espreguiçando pela quinta vez e bocejando alto, atraindo alguns olhares para si.

— Casas de banho. – Geto o corrigiu. — Sim, se eu me lembro bem tem uma no centro. – disse de modo pensativo.

— Podíamos ir lá, não tô' afim de tomar banho com água de bambu.

— Essa frase foi errada em tantos sentidos... – o tom de decepção na voz de Utahime era perceptível.

— Quais? Estava pesquisando e isso é comum por aqui. – o platinado cruzou os braços.

— Primeiro que essa informação é completamente falsa e sem noção, segundo que sair dizendo essas coisas por aí só porque japoneses tem costumes diferentes é um tanto quanto xenofóbico de sua parte. – Shoko justificou o alerta de sua amiga antes de colocar um cigarro entre os lábios e acendê-lo com a ajuda de um isqueiro.

— Eu sou apenas um americano, não posso errar?

— Quero ver você justificar seu pequeno erro para a polícia. Xenofobia é crime, Satoru, acho que você deveria pensar mais antes de falar. – Geto suspirou.

O moreno já tinha a consciência de que Gojo cometeria esses "deslizes" por nunca ter pesquisado sobre seu país de origem para aprender de verdade, na verdade todos sabiam o quão irresponsável o platinado era. Porém, por dividir um apartamento com o homem há alguns anos, Suguru já havia presenciado algumas piadas e comentários apenas pelo fato de ter sido criado com os costumes de outro país.

— Tudo bem, tudo bem, desculpa. – o platinado colocou os óculos de Sol redondos no rosto e cruzou os braços.

O resto da caminhada do aeroporto para um ônibus fretado foi silenciosa, apenas alguns comentários de Gojo eram ouvidos, mas estes eram inofensivos, o platinado apenas proferia sobre o comércio. Jade também prestava atenção no que tinha à sua volta, as diversas lojas eram minimalistas e transpareciam leveza. Alguns restaurantes foram ultrapassados pelo transporte público, resultando em um aroma gostoso de comida caseira junto do cheiro refrescante de peixe adentrando em suas narinas e fazendo seu estômago roncar baixinho, comida de avião nunca a satisfazia.

Lembrou que uma vez leu na internet que o Japão era um dos países com a gastronomia mais saudável do mundo se comparada com as outras, então se sentiu mais tranquila perante esse assunto. Viagens sempre fazem as pessoas incharem ou até mesmo engordarem alguns quilinhos por sempre almoçarem em restaurantes ou não se preocuparem muito com isso, mas a morena não. Sempre que viajava, lia as linhas e entrelinhas dos menus dos restaurantes em que comia, escolhendo o prato mais leve e saudável todas as vezes.

Entraram em um ônibus e Utahime agradeceu mentalmente por este ter ar condicionado embutido na parte superior, a morena se sentia quente por causa do Sol e o conjunto de moletom de sua escolha não ajudava nessa questão. A Zenin se sentou em um assento qualquer ao lado de um senhor de idade que olhava para o lado de fora da janela e com o celular em mãos digitou uma mensagem para Mai avisando que havia chegado bem, mas a mensagem não foi enviada e ela franziu as sobrancelhas, confusa.

𝐀𝐬 𝐞𝐬𝐭𝐫𝐞𝐥𝐚𝐬 𝐭𝐚𝐦𝐛𝐞́𝐦Onde histórias criam vida. Descubra agora