O ômega grávido | Namjin

Capítulo 23

Na semana seguinte, quase todo o quarto da filhote de Seokjin já estava montado. Namjoon, Yoongi e Taehyung haviam cuidado de tudo, e Seokjin se assustara com o resultado. Pensou que seria um quarto simples, apenas com o essencial, mas Yoongi tinha feito um trabalho esplêndido planejando todo um quarto de bebê perfeitamente equipado e lindo.

Com os móveis no quarto, era hora de guardar as roupinhas e pertences da filhote. Após um pequeno embate entre o ômega e o alfa, o menor convenceu Namjoon de que dobrar as roupinhas da sua filha não era um grande esforço físico. 

O ômega estava sentado no chão, ao lado das sacolas com roupas, e o alfa estava em pé ao seu lado. Enquanto Seokjin dobrava, o alfa guardava as peças nos armários. 

Após pegar um macacão amarelo para dobrar, um pequeno objeto caiu no colo do ômega. Seokjin pegou-o e sorriu ao reconhecê-lo.

— Aí está você! Te procurei feito louco semana passada. — disse, olhando diretamente para o delicado colar. Colocou-o cuidadosamente no próprio pescoço, não queria perdê-lo de vista novamente.

Curioso, o alfa analisou a joia. Nunca tinha visto o ômega usando-a antes. Era um colar simples, composto por uma corrente fina de ouro e um pingente em formato de coração. O objeto, estranhamente, emanava um cheiro parecido com a flor da planta heliotrópio.

— Ken me deu esse colar quando completamos um ano juntos. — Seokjin explicou, atraindo a atenção do moreno para si. Ele segurou o pingente e o abriu, revelando um pequeno compartimento interno. — Ele encomendou esse colar em uma loja na Indonésia que fazia colares personalizados com a essência da pessoa. Quero guardá-lo para a minha filha, para que ela possa sentir o cheiro do pai algum dia. 

Seokjin fechou o pingente e depois voltou a dobrar o macacão. 

Namjoon então lembrou de Ken. O alfa tinha escolhido abandonar o pai idoso e doente sem a mínima dor na consciência. Tinha deixado Seokjin para trás também, o ômega mais precioso que Namjoon já conheceu, apenas para continuar viajando e levando uma vida sem compromissos, responsabilidades e raízes. Era um idiota, um inconsequente, e não merecia nem Seokjin e nem a filhote deles. 

— Como ele morreu? Você nunca me contou. 

O loiro o encarou calmamente, parando aos poucos o que estava fazendo.

— Aparentemente, assim que chegou à Tailândia, ele foi acampar com alguns amigos. Durante esse acampamento, ele foi picado por uma cobra, e, por estarem muito longe da cidade e não conseguiram chegar ao hospital a tempo, ele veio a óbito.

O alfa desviou o olhar para a correntinha de ouro. Se não tivesse sido tão egoísta, talvez Ken ainda estivesse vivo e pudesse ter evitado tanto sofrimento ao ômega. Caso Ken tivesse escolhido ficar, Seokjin poderia nunca ter conhecido Namjoon, mas teria tido uma gestação mais calma e saudável com o Kang mais novo por perto. 

— Ele foi enterrado lá. — Seokjin continuou, agora novamente dobrando as roupinhas da sua filhote. — Quando sofreu o ataque cardíaco, Seungwoo teve que ficar internado por alguns dias. Por isso, ficou impossibilitado de assinar a papelada para trazer o corpo do Ken de volta à Coréia. Até tentei entrar em contato com Ian, pois só alguém da família poderia providenciar a vinda do corpo, mas ele não me atendeu ou respondeu meus e-mails. Quando Seungwoo finalmente melhorou, Ken já havia sido enterrado em um cemitério público da Tailândia. Vimos algumas fotos do túmulo e Seungwoo ficou arrasado. Em cima do túmulo, há apenas uma cruz com o nome dele. Sem lápide, sem flores, sem velas, nada. Apenas uma cruz de madeira. Seungwoo pretendia, depois da venda do hotel, ir à Tailândia para tentar trazer pelo menos as cinzas do Ken para a Coréia. Infelizmente, ele não conseguiu. Então, a única coisa que me resta de Ken, e que poderei mostrar para a minha filhote, são algumas fotos e esse colar. Nem uma lápida para depositar flores há por enquanto. Por isso, preciso guardá-lo melhor daqui para frente.