O Devasso e a Louca - Clube dos Ordinários 3

Capítulo XXll

- Acalme-se, Sabine! - ordenou Sunny para a cadela.

Decidira dar um passeio com Sabine, percebera que ela estava inquieta, então, não faria mal sair um pouco.
Tristan estava ocupado com o clube, ela não sabia muito a respeito. Só havia notado que ele estava nervoso.
O que não era bom, já que no dia anterior ele teve uma crise de enxaqueca. Sunny sabia que Tristan não tinha lhe contado tudo a respeito de como surgiu as crises. Mas não o cobrou muito por respostas.

- Acalme-se!

Sabine praticamente estava arrastando-a.
A cadela parou, somente quando chegaram perto de um senhor bem velhinho sentado no chão próximo umas latas de lixo.

- Olha só quem apareceu. - disse ele rindo. Sabine estava bem animada.

- Boa tarde! - falou ela.

- Como vai, senhorita?
- Muito bem.

- Onde esta aquele rabugento? - perguntou olhando para todos os lados.

- Tristan?

- Conhece outro rabugento?

- Para dizer a verdade, não. - respondeu rindo com o velho.

- A senhorita é a dona dessa grande menina? - questionou o velho, fazendo carinho na cadela.

- Sim.

- Eu tinha um cão igual a ela, era meu companheiro.

- Era? O que aconteceu?

- Infelizmente, ele morreu.

- Sinto muito.

- Um dia parei no caminho daquele rabugento, só para poder ver essa menina de perto. Desde então, ele sempre para aqui para poder vê-la.

- Agora entendo porque Sabine estava tão agitada para vir por esse caminho.
Tristan nunca havia comentado nada sobre os passeios que fazia com a cadela. Para Sunny, ele saia sem destino.

- Esta na hora de voltarmos, Sabine. - disse puxando-a.

- Vá menina. - falou o velho. - Não é bom sair desacompanhada.

- Sei que não, mas Tristan estava ocupado.

- Não saia sem ele novamente. - a repreendeu.

- Não irei.

- Adeus, senhorita.

- Tchau!

Sunny caminhava com Sabine fazendo o caminho de volta para casa. Ela já estava na metade do percurso, quando acabou travando no lugar.
Pensara estar imaginando coisas.

- Sabia que um dia iria encontrá-la, Dorothy!

- Tio Chucky.- sussurrou cheia de pavor.

- Está na hora de voltar para a casa, querida.

- Não irei.

- Dorothy, não foi um pedido.

Sunny reparou que o tio estava mais magro, e com o rosto cheio de cicatrizes.

- Mantenha-se longe de mim. - ordenou ela.

- Você me fez sofrer muito com sua fuga, mas assim que eu levá-la de volta, tudo se acertara.
Chucky ia se aproximar de Sunny,
quando Sabine começara a rosnar.

- Saia da minha frente, cão dos infernos. - brigou ele.

- Se não ir embora, mandarei ela lhe morder.

- Não ousaria.

- Vá embora!

- Dorothy, venha comigo.

- Já disse que não irei. Tem três minutos para sair de perto de mim.

- Menina, chega de ameaças.

- Três...

- Dorothy...

- Dois...

Sabine rosnava ainda mais, estava quase avançando em Chucky.

- Isso não acabou. Vou encontrá-la novamente, e não conseguira escapar.

Assim que Chucky se afastou, Sunny pegou Sabine e saiu correndo para casa.
Chegara ao clube rapidamente, entrou pela porta dos fundos. Soltou Sabine, e correu para a sala de Tristan.
Ele não se encontrava no local. Ela entrou, fechou a porta atrás de si. Se encostou na parede, foi escorregando até se sentar no chão.

Sunny respirava com dificuldade. Sentia-se sufocada. Lágrimas involuntárias, encheram seus olhos.
Um ataque de pânico a dominava. Sunny pensava estar perdida. Chucky lhe encontrara, e não a deixaria em paz.
...
Horas se passaram desde que Sunny estava no chão, sentindo medo. Ela não queria sair dali nunca mais.

- Sunny? - Tristan lhe chamava.

Ficara tão distraída, que não ouviu ele entrando.

- O que esta acontecendo com você? - perguntou ele.

- Abrace-me. - pediu baixinho.

- Sunny, o que aconteceu?

- Por favor, me abrace.

- Converse comigo.

- Tristan só preciso que você me mantenha em seus braços, mas se não pode fazer isso, então, deixe-me sozinha. - gritou ela entre lágrimas.

Tristan a puxou, fazendo-a ficar em pé.

- Vamos subir. - falou, entrelaçando seus dedos nos dela.

Subiram em silêncio, foram direto para o quarto dele. Deitaram-se na cama, Sunny se acomodou em seus braços.

- Eu o vi hoje. - murmurou, depois de um tempo.

- Quem?

- Meu tio, Chucky.

- Quando o viu?

- Fiz um passeio com Sabine, na volta eu encontrei com ele.

- Por isso, eu sempre digo para não sair sozinha.

- Não me repreenda, agora.

- O que ele lhe disse?

- Ele queria me levar de volta, só não fez porque Sabine quase o mordeu.

- Ouça-me, ninguém vai tirá-la daqui.

- Você promete, que não deixará que Chucky me leve?

- Eu prometo te proteger.

Por algum motivo, Sunny confiou nas palavras de Tristan. Na verdade, ela já se sentia protegida nos braços dele.
Sunny sentira vontade de chorar novamente, mas dessa vez não por medo do tio. E sim, porque percebeu estar incrivelmente apaixonada por Tristan, e tinha muito medo de nunca ser correspondida.

------------------------------

Aí está uma fotinha de Sabine, a protetora.

( Raça: Mastin Inglês )