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A noite havia chegado, eu já tinha tomado banho, me deitei na cama com meu moletom e encarei o teto, sem sono, e sem vontade de ficar com a mente fazia.

Se eu ficasse com a mente vazia eu me lembrava dele, se eu me lembra-se dele ficaria ainda mais triste, se ficasse triste iria chorar igual uma bobona.

Me levantei da cama e andei silenciosamente pelos corredores da mansão, desci as escadas e sai de casa indo direto para o ginásio novamente.

Qualquer lugar seria melhor do que aquele quarto, que traria lembranças ruins, e eu não quero acumular por que já tenho muitas.

Não acendi as lâmpadas, mas deixei a luz da Lua me iluminar, cheguei perto de um saco de pancadas e passei os dedos neles, queria me concentrar primeiro.

Acredito que estava mais forte do que antes, desceri um soco rápido no saco de pancadas, que voou longe, fui para outro, que era apenas para quem já houvesse concluído os primeiros treinos, era um mais firme, comecei a desferir golpes nele, sempre acima e sem abaixar a guarda, assim como Eregon ensinou hoje mais cedo.

Certo, que talvez, maioria do tempo estaremos em nossa transformação, mas como ela exige muita energia, seria melhor treinarmos nosso físico humano.

Os socos foram se intensificando e se transformando em chutes, foram ficando mais fortes, e quanto mais eu batia, parecia que mais a minha vontade de vencer aumentava.

Esse saco de pancadas, parece muito fraco pra você- A voz dele ecoou pelo ginásio- Vem lutar comigo, mas só se tu for mulher de verdade.

Pronto, ele falou logo a parte que me toca, me virei com tudo e me transformei para chegar nele mais rápido, dei um salto quando fui me aproximando.

Formei um punho em minha mão e a pretensão era acertar bem na cara dele, mas eu me esqueci que estava lutando com um Alpha, não com um qualquer.

Ele somente desviou para o lado e eu cai no chão, deslizando de joelhos, fui pra cima dele novamente, com a mesma intenção de lhe desferir um soco.

Eu nunca tinha treinado na minha vida, tudo o que mais importava para os meus pais era como eu seria uma bela mulher e uma inteligente esposa.

Eu já estava cansada de ser taxada como uma mulher qualquer, aliás, eu não sou a Alpha nessa merda!? Forte ou fraca, eles vão ter que me engolir.

Desferindo um atrás do outro, Eregon caminhava para trás enquanto defendia com os antebraços os socos que não passavam de sopros fracos para ele.

Eu fui me irritando quando percebia que não estava tendo reação nenhuma contra ele, e quando estava perto de realmente sair do meu controle, ele parou.

Me prendeu nele e segurou meus braços para trás, me deixando completamente imóvel, o máximo que eu conseguiria era mecher as pernas.

Mas eu havia cansado, eu havia cansado de esconder atrás do treino que não estava bem, tão cansada mentalmente quanto cansada fisicamente.

Minha pernas cederam ao chão mas ele me segurou pela cintura para que eu não caísse de joelhos, e me machucasse ainda mais do que eu já estava.

Eu te ajudo, mas você vai ter que me explicar, o que está acontecendo- Não esperou nem a minha resposta e já me pegou no colo- Sabe, quando a gente não tá bem, nem adianta tentarmos esconder, sempre tem algo pra te denunciar.

Eregon me levou até seu escritório e me pôs sentada na mesa, pegou algumas coisas para enfaixar as minhas mãos machucadas pelo exagero de treino.

Sim, pode começar a falar- Chegou na minha frente e pegou uma das minhas mãos.

Eu não quero te contar ao certo oque aconteceu, mas foi algo que me deixou muito chateada- Apertei os olhos quando ele passou um analgésico em meus dedos vermelhos.

Eu não tenho nada haver com isso, não é?- Ele começa a enfaixar a minha mão de cabeça baixa.

Claro que não, desde que você apareceu, só trouxe coisas boas...- Me lembro dele desde o início me defendendo de Czar- Obrigada Eregon, por ser tão gentil comigo- Ele termina de enfaixar minha mão e passa para a outra- Existe um ditado parecido conosco, fazer o bem sem olhar a quem.

Sim, mas eu não pude deixar de te olhar primeiro, foi...- Ele limpa a garganta e para de falar prestando atenção nos analgésicos.

Foi, o que, Eregon?- Não obtive respostas, ele estava mais preocupado com a mão que ele estava começando a enfaixar- Sabe, eu encontrei algumas pessoas que... deduziram que eu seria a sua namorada- Não teve reação nenhuma, continuou enfaixando minha mão- Daí eu expliquei pra eles que não havia nada entre a gente, e eles estranharam- Pude perceber que ele travou um pouco quando eu terminei de falar- Disseram que ninguém faria aquilo por uma loba desconhecida, aceitar uma guerra por ela, ou era loucura ou era... amor.

Já terminei, pode voltar pro seu quarto- Ele termina de falar primeiro antes de prender com força a faixa- E é pro seu quarto, não pro ginásio.

Sabe, eu fiquei bem pensativa...- Inclinei minha cabeça um pouco para o lado para conseguir olhar seu rosto- Você não me parece louco.

Ele parou de mecher em sua maleta de remédios e eu calei minha boca, fazendo um enorme silêncio e um clima de nervosismo pairar sobre a sala.

Eregon, você iria dizer, que foi amor a primeira vista, não é?- Franze o cenho esperando o seu olhar, ele não respondeu e eu desci da mesa- Eu te fiz uma pergunta Eregon, e eu quero uma resposta.

Ele fechou sua maleta e me deu as costas me ignorando descaradamente, eu não estava disposta a ficar ali igual uma idiota esperando a resposta dele, aff.

Eu tinha falado hoje mais cedo que não iria pensar nisso, mas como o bom sangue de uma Luar teimosa, queria perguntar, mas sem resposta.

Suspirei fundo e sai de perto, ele prosseguia lá dentro e eu não iria mais incomodá-lo, fui devagar até a porta e peguei na maçaneta pronta pra abrir.

Mas antes que eu pudesse ao menos gira-la, ele pegou forte em meu braço e me fez voltar para a mesa, pegou em minha cintura e me fez sentar no mesmo lugar.

Eu... eu sou apaixonado por você desde o momento que te vi- Encostou sua testa a minha e controlava sua voz em um tom baixo- Eu quero ficar perto de você, e pra te ter perto de mim, pra conseguir ver teu sorriso todo santo dia, eu aceitaria mais mil guerras por você.

Não house mentir pra mim...- Engoli seco, me lembrando da topada que tomei ontem a noite.

Eu não tô mentindo- Olhou dentro dos meus olhos com suas íris verdes- Acredita em mim, oque mais eu tenho que fazer pra te provar que gosto de você, que eu quero ficar com você, me fala que eu faço?

Eu fiquei sem palavras, eu poderia pedir qualquer coisa que ele iria obedecer igual um cachorrinho sem dono, seus olhos almejavam a minha resposta.

Eu neguei com a cabeça e até tentei um sorriso sem dentes, ele realmente gostava de mim e eu não sabia o que fazer quanto essa nova questão.

Me diz Lupita...- Insistiu.

Toquei em seu rosto, e calei sua dúvida com um beijo, ele me puxou para mais perto dele, e me induziu a cruzar minhas pernas em sua cintura.

Eu prossegui seu beijo calmo por algum motivo não aparente, eu ainda estava confusa, a minha vida tinha se tornado uma ilusão, um livro que nunca irá existir.

E por mais que não quisesse, prosseguia comparando seu beijo com o de Czar, eu estava tentando encontrá-lo nele, alguma coisa deveria ser aparente.

Sem perceber, acabei transformando aquele beijo em uma caçada, avançava mais, o beijava ferozmente tentando encontrar o que eu tanto queria achar, mordia seus lábios e ele respondia da mesma maneira agressiva que eu.

Quer fazer tudo por mim? Então me faça esquecer Czar!

Lobos- Saga| The Seven Days IIOnde histórias criam vida. Descubra agora