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Após me vestir, senti uma baita fome e Czar não teve outra escolha a não ser me levar até a cozinha pra comer alguma coisa.

Tá parecendo uma bicho- Reviro os olhos com seu comentário idiota- Comi onça- Começa a rir e tampa a boca se afastando de mim.

Você queria o que, eu dormir por três dias, não comi nada antes de desmaiar- Limpo a boca com um guardanapo.

Aposto que você só acordou por que tava com fome- Ri ainda mais e se senta em outra cadeira longe de mim, ele pressentia que eu estava me preparando pra jogar o prato nele.

Nossa como você é engraçado- Aperto os olhos ao encara-lo- Você deveria ter sido castigado para ficar três dias com fome, dentro daquele quarto, vegetando, comigo.

Eu só não fui castigado com isso por que, talvez, Eregon estivesse fazendo esse papel vegetativo junto com você- Ele me olha com dó e se levanta- Ele ficou bem juntinho de você por três dias, e tenho certeza que só não te deu comida na boca por que não dava.

Do que você tá falando?- Prossigo sentada no banco da ilha, o seguindo com os olhos.

Ué, ele não te contou que te fez companhia desde que você volto?- Muda seu olhar para sério e pega o prato vazio da ilha- Que ficou te observando e te transmitindo energia positiva noite e dia só pra você não ter pesadelos ou até mesmo sonhar que ainda estava junto com Amarok?

Não, ele não me disse nada sobre isso- Nego com a cabeça o olhando nos olhos para ver se é verdade, e pelo o que parecia, a maneira que ele falava, era certo de que ele não está mentindo- Ou ele poderia apenas estar me protegendo de você.

Ata, claro, isso explica tudo!- Fez gestos com as mãos, logo em seguida voltando em minha direção- E por causa dessa boa vontade, ele agora está literalmente esgotado e precisará de horas para se recompor. Levanta e vamo logo!- Fala rígido e sai da cozinha sem me esperar.

Paralisei pensando no porquê o Eregon fez isso, quem ao menos poderia se solidarizar era Czar, mas ele só quer manter distância de mim.

Vamo logo Luar!- Ele bate a mão na porta da cozinha me fazendo acordar.

Eu já vou, calma também né!?- Desço do banco e vou seguindo ele que tá com pressa.

(...)

Para de abaixar a guarda Luar, desse jeito você vai apanhar sempre porra!- Ele vem até mim e vai para as minhas costas pegando meus braços- Uma sempre deve estar protegendo seu estômago e a outra tanto serve para atacar quanto para proteger seu rosto, agora bate- Sigo seu comando, mas acabo machucando a mão no saco de pancadas- Ah, só faltava essa, você agora vai me dizer que não sabe como atacar?

Eu nunca lutei Czar, você esperava oque de mim?!- O empurro para trás com meu ombro- No mínimo eu guerreio damas e xadrez!

E baralho, sabe jogar não?- Debocha passando pra minha frente- É como se fosse uma simples partida, antes de você jogar a carta tem que analisar o que poderá acontecer depois.

Todos os jogos são assim- Reviro os olhos para ele.

Deixa eu passar uma faixa na sua mão, e fique sabendo que semana que vêm, ou você bate, ou você apanha- Ele anda até mim tirando algumas faixas brancas dos bolsos de seu casaco.

Como assim?- Vou de encontro a ele e estico as mãos o olhando.

Está vindo uma guerra e não a colocaremos nela sem saber se você está pronta ou não- Começa a enfaixar minha mão- Você lutará com alguém, e lá saberemos se está pronta ou não.

Quem vai ser essa pessoa, ou aliás, quando essa guerra começa?- Volto a prestar atenção nele que me olha.

Guerra não tem horário Luar, Amarok é falso, e vai atacar quando estivermos desprevenidos- Aperta bem a faixa na minha mão antes de começar a enfaixar a outra- Ou quando ele achar que estamos desprevenidos.

E por que não atacamos primeiro?- Pergunto e ele abre um sorriso.

Por que não somos nós que queremos guerra, ou tomar aquela matilha- Diz irônico, como se fosse algo ruim- Não temos nada do que brigar, meu irmão só está sendo legal em querer te ajudar, assim que ganharmos a guerra e enfim Amarok estiver morto, você volta pra sua matilha e se vira.

Sim, você... tem razão- Acento com a cabeça e ele solta a minha mão para voltarmos ao treino.

Por mais que eu estava concentrada naquele treinamento, não pude deixar de imaginar no que Czar havia me dito tão friamente.

Ele realmente não me queria aqui e o fato de não me querer aqui o faz me tratar da maneira mais repugnante que existe nesse mundo.

Chegamos ao final do treino e ele finalmente me liberou, voltei pro quarto e tomei um banho pronta para ir dormir, mas daí lembrei de Eregon.

O que ele tinha feito por mim ainda estava rodando a minha cabeça, e não me deixaria dormir se eu não fosse ao menos agradecê-lo.

O pior é que eu fui tão grotesca que nem notei que o coitado tava cansado, eu posso ajudar ele e lhe passar um pouco da minha energia.

Só bastava eu descobrir onde ficava seu quarto ou então onde ele estava, mas já que ele está cansado e já é de noite, possivelmente deve estar no seu quarto.

Viste um moletom que encontrei já que ainda não tinha me acostumado com tanto frio assim, sai, encontrei uma empregada a quem pude perguntar por ele.

Está no quarto, no final do corredor a esquerda- Acena com a mão e volta a andar.

Eu sigo rumo para onde ela disse e encontro um quarto isolado do resto da casa, pra esquerda só havia uma porta e o silêncio reinava ali.

Cheguei bem pertinho da porta e bate três vezes fracamente, mas o espaço vazio era tão grande que fez eco naquele cômodo escuro.

Quem é?- Pelo tom de sua voz, parecia até que ele estava esperando para dizer isso.

Sou eu, Lupita- Ponho a mão aberta na porta- Posso, falar algo com você, eu sei que você tá cansado e também sei o motivo, será que podemos conversar?

Entra- Disse em desistência- Foi Czar que te falou, não foi?

Sim- Fecho a porta atrás de mim e quando me viro aí sim vejo ele, sentado de costas, sem camisa, olhando pela janela, a sua grande matilha lá fora- Eu só queria.

Não, eu não vou aceitar- Disse decidido e sem me olhar indo até ele.

Eu não tive escolha- Fui andando devagar até ele.

E se tivesse?- Indagou- Oque escolheria?

Você já fez de mais por mim, não deixaria você me curar novamente, mas eu tava fora do meu consciente e você fez o que achou certo- Paro a centímetros de distância da sua cadeira e elevo minhas mãos para tocar seus ombros para passar um pouco de energia a ele.

Não se atreva- Disse rouco e grosso o suficiente para me fazer tremer na base, eu nunca tinha ouvido alguém falar assim e os gritos de Czar comparados aquela fala não era nada.

Lobos- Saga| The Seven Days IIOnde histórias criam vida. Descubra agora