Capítulo 34

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Elain ajudará a fêmea que mal pôde ver o rosto direito mas por algum motivo saberá seu nome, estava certa de que se fosse um engano a mataria.

Aquelas raízes entrelaçadas que pareciam árvores enormes que saíram da terra protegiam e camuflavam seu novo lar .

Foram recebidas pela luz quente abraçadora, o lugar aconchegante, grande e espaçoso. Decorado do jeito que sempre sonhou.

Ela sentou a fêmea na cadeira junto a mesa de jantar e puxou outra ficando em sua frente.

__ Você é tão familiar __ buscou a semelhança nela.

__ Sou eu, Gatria . __ respondeu tímida.

Então percebeu, e jogou os braços por cima dos ombros dela apertando-a para si. Queria chorar mas tremia com o choque , ao lembrar da criança acorrentada tirada de seus braços a anos atrás.

Supreendentemente Gatria passou seu braços tímidos ao redor dela , uma reposta silenciosa de que sentirá o mesmo .

__ Como você cresceu está tão linda eu senti tanto a sua falta __ passou as mãos macias por seu rosto, seus cabelos, tendo certeza de que ela estava bem ali.  __ Não houve um dia em que não me culpei por não ter tentado mais __ As lágrimas rolaram seu rosto.

Pela primeira vez não tinha palavras a dizer , oque dizer, apenas aquela antiga lembrança que havia retornado , a esperança dela ou talvez sua ruína total.

__ Está pálida __ percebeu Elain em meio a tremedeira __ Está machucada? __ procurou o ferimento __ Eu te machuquei? .

__ Não __ conseguiu dizer finalmente. __ eu ...eu não sei como vim parar aqui .

__ Está tudo bem __ pegou em suas mãos __ no fundo eu  sei como é passar por isso __ foi sincera.

Lembrou de quando recebeu aquele poder recém descoberto, o desconhecido corria em suas veias agora , o presente do caldeirão para ela . Embora passasse os anos continuava sendo estranho e misterioso .

Mas aos poucos e sozinha ela estava aprendendo.

__ Mas como veio parar aqui ? Como conseguiu me encontrar? __ preocupou-se.

Aquele extinto primordial era mais forte do que qualquer saudade, a necessidade de proteger.

__ Eu , eu não sei apenas atravessei e parei nessa floresta, aliás oque é aqui ? Oquê é tudo isso? __ perguntou Gatria tendo percebido o medo da tia que certamente fugira de algo.

__ Aqui , é um lugar seguro para nós __ afirmou Elain.

__ Nós?

Ela estendeu a mão a sua sobrinha recém chegada.

__ Venha, eu vou lhe mostrar.

Ela não teve medo quando foi guiada por sua tia pelo belo e grandioso lugar, cada detalhe era lindo , ela viveria ali sem problemas , sem a sombra de seus pais mesmo distantes conseguindo a sua comparação, sua família que ... Já deixará de ser a anos atrás.

Ao subir as escadas sentiu o cheiro , doce, novo, mal notou que ela abria a porta quando viu dois berços que dividiam a decoração do quarto espaçoso, o piso abafava seus passos proporcionando um silêncio absoluto, as paredes neutras davam destaque a pintura de um céu que parecerá ter vida no teto a brisa suave que Elain controlava oferecendo o necessário aos pequenos que dormiam silenciosos.

Gêmeos, o da esquerda era um menino embrulhado em lenços finos e aconchegantes azul ardósia que destacou sua pele ainda branca , a da esquerda era uma menina, com as pequenas bochechas coradas se destacava do irmão com os cabelos pretos que já nasciam, enrolada naquela manta verde .

Surpresa brilhou nos olhos de Gatria, jamais houvera visto uma criatura tão pequena e delicada , pareciam tão frágeis, mas protegidos, intocáveis.

__ É por eles que fugi. __ sussurrou Elain tendo visto o choque causado nela .

Parecia tão tolo perguntar aquilo, mas ela o fez :

__ São seus ?

Elain riu baixinho.

__ Sim , são. __ respondeu simplesmente.

Ela fez um sinal para que saíssem do quarto finalmente deixando -os sem incomodar .

Certamente Elain Archeron sabia exatamente oque causaria quando todos descobrissem que o romance proibido entre ela e o encantador das sombras não só desobedecendo ao seu grão senhor e irmão, como concebeu para a linhagem de Azriel, filhos .

Filhos esse que ele mal podia imaginar que tinha. Embora as consequências eram maiores do que isso, lembrou da sobrinha tão amada mandada sem um pingo de misericórdia para bem longe, oque fariam com eles ?

O pequeno inchaço de dois meses já aparecia pouco a pouco e ela não aguentaria ali por muito tempo , logo sentiriam o cheiro, logo seria descoberta. Sozinha , camuflou o próprio cheiro, usou aquele poder quem mal conseguia entender, mas aquilo a esgotava , deixava fraca . Afastou-se de Azriel, temia que ele ao menos descofiasse .

Reuniu a pouca coragem que tinha quando escreveu a falsa carta e partiu sem olhar para trás.  Quando encontrou aquela floresta que parecia nunca haver manhãs ali, apenas a noite , apenas trevas .

Decidiu que dali por diante seria seu novo recomeço.

Até agora.

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