11. Terapia em grupo

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"Oi, sou eu de novo.

Eu estava parando pra pensar esses dias, sabe. Digamos que eu estava refletindo sobre minha vida, e eu notei que não tive amigos de verdade. 

Nunca tive tempo de construir amizades com uma agenda tão cheia de coisas pra fazer, as pessoas que estavam na minha vida eram apenas temporárias. Era como se eu fosse um tipo de brinquedo onde as pessoas brincam comigo até eu quebrar ou até não me quererem mais. Então me esquecem e me deixam de lado. Foi assim durante muitos anos. É dolorido saber que eu só servi pra ser usada por alguém, seja por alguma coisa que eu tinha a oferecer ou por conta do dinheiro do meu pai. É estranho pensar nisso, mas é verdade. Imagina você descobrir que seu pai pagava pessoas pra serem suas amigas? Patético.

Só havia uma pessoa que ligava pra mim de verdade antes de eu vir pra cá, e essa pessoa era a criada da minha mãe. Mas infelizmente ela não está mais entre nós.

Desde que meus pais não vem mais me visitar, minha mãe escreveu uma carta pra mim e me disse que eu não era mais necessária e que iria mofar nessa clínica... 

Mal sabe minha mãe que nunca fui tão feliz antes. Dividir quarto com a Shu mudou a minha vida. Conviver com uma pessoa como ela é bem difícil, e eu não posso mentir sobre isso. Mas ela é muito preocupada, empática, doce e gentil. Digamos que as qualidades dela se sobressaem de todo o resto. 

Hoje ela me viu chorando e parou de pintar só pra me abraçar e dizer que tudo ia ficar bem. Não disse mais nada, ela só ficou ali abraçada comigo, completamente sem jeito e me apertou nos braços dela. Ela não precisou dizer nada pra mim, aquele simples abraço... poxa. Parecia que eu era a coisa mais preciosa do mundo. Sabe? Ela me surpreendeu quando falou pra mim que as vezes sentia falta de estar fora daqui, mas que eu era a família dela agora e que não queria que eu desistisse de estar ali com ela como muitos outros fizeram. 

Eu me sinto necessária aqui. Shu quer que eu fique aqui com ela, ela gosta de mim... e o que me deixa muito surpresa é que ela se esforça muito pra estar próxima de mim, isso é tão bom. 

Shu, eu vou ser forte por você também. Você é minha família, e tem sido mais importante pra mim do que você imagina.

Ah, preciso ir agora... hora da medicação."


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Miyeon POV 

Fechei o meu diário e então abri a gaveta da escrivaninha e coloquei lá, em seguida desliguei a pequena luminária. 

— Terminou? — Shuhua me perguntava enquanto retocava o quadro que estava pintando.

— Sim, já terminei... 

— O que você escreveu, Mimi? — Eu realmente acho muito fofo quando ela me chama assim. Mas não quero falar por que a Shu as vezes é implicante comigo e vai parar se souber que gostei tanto. 

— Por que a curiosidade, Shushu? — Ri baixinho e me levantei da cadeira pra dar uma olhada no que ela pintava. Dessa vez era o sol se pondo numa praia... como sempre ela pintando coisas lindas. — Está sem tinta rosa de novo, bebê? — Perguntei carinhosamente enquanto tirava o cabelo dela de frente do rosto. 

Ela fez um bico engraçado. 

— Não sou bebê... e só estou curiosa. Você as vezes demora escrevendo, as vezes não. Sim, eu estou ficando sem tinta rosa... então tô tentando pintar com outras cores. Todas as cores são lindas, sabia? — Era mágico ver a sincronia com aquele pincel entre os dedos. Um simples movimento de mão e as formas mais lindas iam surgindo. Ela passava a ponta dos dedos as vezes pra borrar alguma coisa, ou usava uma esponjinha que ela tinha. É uma artista de verdade. Sempre fico encantada ao vê-la pintando.

Touch of My Hand (Mimin)Onde histórias criam vida. Descubra agora