Rumpelstiltskin

15 1 0
                                    

Há muito tempo atrás, em um reino distante, vivia um velho camponês muito mentiroso e esbanjador que vivia contando mentiras das mais absurdas para se passar por alguém melhor ou mais rico.

Em uma dessas vezes, ele espalhou um boato pela região de que sua filha era capaz de fiar palha em ouro. Porém, o boato acabou chegando até os ouvidos do próprio rei, que acreditou na história e ainda ficou maravilhado com o que a jovem supostamente era capaz de fazer. Sendo assim, mandou que seus guardas levassem o camponês até seu palácio.
- É mesmo verdade o que andam dizendo sobre sua filha, meu bom homem? - perguntou o soberano, quando estava diante do velho.
- Ora... Sim! É verdade! - insistiu ele, orgulhoso de que o rei acreditasse em sua mentira.
- Perfeito! - exclamou o nobre, sorridente como nunca. - Pois eu quero me casar com sua filha! Diga a ela que venha até aqui amanhã bem cedo!

Radiante, o velho agradeceu com uma profunda reverência e voltou para casa saltitando de alegria. Ao chegar, foi logo contar à sua filha que ela seria rainha. A humilde moça mal acreditou, de tanta felicidade. Contudo, não entendeu, a princípio, o que nela havia atraído alguém tão importante como o rei, já que não sabia da história inventada por seu pai.

Na manhã seguinte, lá estava ela, com a melhor roupa que tinha, no saguão do palácio. O rei veio cumprimentá-la pessoalmente, empolgado:
- É um imenso prazer conhecê-la, minha jovem!
- O prazer é todo meu, Vossa majestade! Mas...
- Ah, sim! - interrompeu ele, ansioso. - Me casarei com você sem sombra de dúvidas! Mas antes, tenho uma tarefa para a senhorita. Apenas para que seja comprovada a sua reputação. Me acompanhe, por favor.

O homem e seus lacaios a conduziram por uma infinidade de corredores até chegarem à uma pequena sala que se encontrava repleta de palha e com uma roca de fiar no centro.
- Pois bem, minha donzela! Mandei que meus empregados enchessem essa sala de palha. Transforme tudo em ouro até amanhã e me casarei com você com todo o prazer! - mandou ele, sorrindo. - Mas, se não o fizer, mandarei que seu velho pai seja enforcado imediatamente.
- Mas o quê?! - perguntou ela, sem entender nada.

Sem mais delongas, os lacaios a empurraram grosseiramente para dentro do recinto e trancaram a porta. Ao se ver numa situação tão complicada e perigosa, a garota começou a chorar desconsoladamente. Até que escutou uma estranha e simpática voz lhe dizer:
- Por que está chorando tanto, queridinha?

Ao tirar suas mãos do rosto, se deparou com um excêntrico homenzinho de mais ou menos um metro de altura, orelhas pontudas e uma espessa barba branca. Depois de se recuperar do susto, ela o contou todo o caso, ao que ele respondeu, pensativo:
- Se eu resolver isso para você, o que me dá em troca?
- Bom... - respondeu ela, buscando algo de valor em si. - Posso te dar meu colar, que me foi dado por minha falecida avó!
- Negócio fechado! - anunciou o estranho, pegando o colar nas mãos e admirando-o por um instante.

Dito isso, ele começou a fiar a palha, transformando-a magicamente em ouro brilhante. Encantada, a moça acabou adormecendo enquanto o assistia trabalhar.

Na manhã seguinte, o rei e seus guardas vieram e ficaram todos impressionados ao verem a sala cheia de ouro puro. Mas não havia nem sinal do estranho homenzinho.

- Puxa, vida! - começou o rei. - Nunca pensei que isso fosse possível! A senhorita será uma rainha e tanto!
- Então... vamos nos casar? - perguntou ela, esperançosa.
- Tudo a seu tempo, minha cara. Tenho outra tarefa para você.

Em seguida, conduziram a jovem até uma sala maior, com o dobro da quantidade de palha. Ao chegarem lá, o rei a deu a mesma ordem e fez a mesma ameaça. E os lacaios novamente a empurraram para dentro da sala.

Sem saber o que fazer, ela novamente começou a chorar, até que sentiu uma mãozinha tocar-lhe o ombro e ouviu aquela simpática voz lhe perguntar:
- Ainda chorando, menina? Por acaso meu ouro não os agradou?
- Graças a Deus! - exclamou ela, ao ver o sujeito ali com ela. Em seguida, explicou o ocorrido.
- Certo, e o que me dá se eu ajudá-la novamente? - indagou ele.
- Bom... - respondeu ela, procurando algo de valor em si. - Tenho meu dedal, que me foi dado por minha falecida mãezinha!
- Negócio fechado! - anunciou ele, colocando o dedal em seu próprio dedo.

Contos de FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora