A lebre e a tartaruga

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Há muito tempo atrás, em uma grande floresta, viviam diversos animais. Dentre eles, o mais veloz e ágil era a lebre. Todos sabiam disso.

Aquela lebre sempre vencia qualquer competição que os bichos dali organizassem. Não havia quem tivesse chance contra ela em qualquer tipo de corrida, independente das regras e das condições. Contudo, ela tinha um defeito: Era muito convencida e presunçosa e tinha pouco respeito pelos outros habitantes da floresta.

Certa vez, alguém bateu à porta da toca onde a lebre morava. Ela abriu a porta e lá estava uma velha tartaruga.
- O que quer de mim, velhota? - zombou a lebre, rudemente.
- Boa tarde, senhora lebre... - começou a tartaruga, calmamente. - Vim apenas perguntar se a senhora aceitaria apostar uma corrida contra mim...

Ao ouvir aquilo, a lebre caiu na gargalhada. Após conter o riso, ela questionou:
- Eu?! Apostar uma corrida contra você?! Isso seria até injusto com você, velhota! Sou a corredora mais veloz de toda essa floresta, enquanto você demora até para se encolher dentro dessa sua carapaça ridícula!

Sem se importar com o desaforo, a tartaruga respondeu:
- Certo, amiga lebre... então imagine só o que iriam pensar de você se soubessem que teve medo de correr junto comigo... - ela disse, provocando a lebre.
- Medo?! - irrompeu a outra, irritada. - Eu não tenho medo nenhum de competir com um bicho lerdo e tonto como você! Pois essa corrida será amanhã mesmo! Se prepare para perder!

Dito isso, a convencida bateu a porta com força.

No dia seguinte, todos na floresta já estavam sabendo da corrida. Muitos nem acreditavam que a tartaruga tivera coragem de fazer tal desafio.
- A lebre já ganhou até de mim, imagine então como será com essa tartaruga! - comentou o veado.
- Pois é, não sei onde ela estava com a cabeça quando teve essa ideia! - respondeu o castor.
- Vai ser a vitória mais fácil que a lebre já teve! - afirmou o pato, rindo.

Quando todos os animais estavam reunidos ao redor da linha de chegada e as duas competidoras estavam em seus lugares, foi dada a largada. A lebre saiu em disparada à frente. Já a tartaruga, começou a andar em seu ritmo lento. Muitos espectadores até riram.

Minutos depois, enquanto corria velozmente, a lebre pensou consigo mesma:
- Por que estou tão apressada, afinal? Está claro que aquela tonta não vai me alcançar!

Em seguida, parou para recuperar o fôlego. Enquanto ofegava, viu uma árvore logo a frente e pensou:
- Esse sol está me matando... e aquela tartaruga idiota com certeza ainda está bem longe daqui... certamente não haverá problema se eu descansar um pouco!

E foi se deitar sob a sombra da árvore. No entanto, estava tão confiante em sua vitória que acabou pegando no sono ali mesmo.

As horas se passaram, e nada da lebre acordar. Logo, a tartaruga finalmente passou por ali. Ao ver sua oponente dormindo, sentiu uma enorme vontade de rir, mas se reprimiu para não acordá-la.

A noite já vinha caindo quando a lebre finalmente acordou. Após se espreguiçar e bocejar, ela se lembrou da corrida.
- Puxa, vida! - ela exclamou, pondo a mão na testa. - Preciso correr! Aquela tartaruga é lenta, mas se eu pisar na bola, ela pode chegar até aqui!

Apressadamente, ela seguiu caminho até a linha de chegada. Dessa vez, sem parar.

Quando finalmente chegou lá, todos os animais ao redor estavam boquiabertos. Pareciam todos incrédulos com o que estavam testemunhando. Foi então que a lebre notou a presença de sua adversária bem ali, no meio de todos, sorrindo para ela com uma medalha pendurada em seu pescoço.

Pela primeira vez, a lebre foi obrigada a reconhecer sua derrota em uma corrida. A partir desse dia, ela passou a ser mais humilde e a não desdenhar das capacidades de nenhum outro animal.

                                       FIM

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