Tim e Tom

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Há muito tempo atrás, em um povoado distante, viviam dois jovens amigos muito próximos: Tim e Tom. Os dois eram unha e carne e faziam de tudo juntos desde a infância. Nadavam no rio, subiam em árvores e cavalgavam. Eram tão unidos que, ainda meninos, juraram um ao outro que, se um tivesse um filho e o outro uma filha, estes deveriam se casar.

Os anos foram se passando e os dois tiveram destinos muito diferentes: Tom tornou-se um rico dono de terras e foi morar com a esposa em um casarão nas montanhas. Já Tim continuou sendo um simples camponês e vivia com sua família em um casebre no povoado.

Tempos depois, correu por ali a notícia de que a mulher de Tom havia dado à luz uma menina. Ao ficar sabendo disso, Tim lembrou-se do acordo que havia feito com o amigo na juventude e foi bater à porta da residência de Tom no mesmo dia. Ao atendê-lo, o anfitrião exclamou:
- Tim? Puxa, vida! Há quanto tempo não nos vemos, não é mesmo?
- Verdade, amigo! - respondeu Tim, sorridente. - Vim perguntar se é mesmo verdade que você e sua esposa tiveram uma filha.
- Sim! É verdade, mesmo! Você nem imagina como estamos felizes!
- Que bom! Mas... Sabia que eu e minha mulher tivemos um filho recentemente? Ele se chama Jack!

Nessa hora, Tom entendeu o real motivo da visita. Ele se lembrava do juramento feito anos atrás, mas agora era um sujeito rico e não admitiria que sua filha se casasse com o filho de um pé-rapado como Tim. Foi então que ele teve uma ideia maligna de como driblar aquela situação.

- Puxa... Seria maravilhoso se Jack se casasse com minha filha, certo? - comentou Tom, fingindo gostar da ideia. - Mas escute, Tim, seu filhinho teria um futuro muito melhor se você pudesse confiá-lo a mim. Tenho dinheiro hoje em dia e posso garantir que ele receba educação de qualidade, além de poder cuidar melhor da saúde dele. O que acha de eu ser o tutor dele?

Uma lágrima subitamente surgiu nos olhos de Tim. Ele já havia se apegado muito ao garoto, mas no fundo sabia que aquilo seria melhor para Jack. Conversou com a esposa e os dois acabaram aceitando a proposta. No dia seguinte, Tom foi até o humilde casebre buscar o menino. Tim e a esposa o beijaram e o abençoaram antes da partida.

Ao invés de levar a criança para sua casa como prometido, o cruel Tom o levou até um rio caudaloso que corria ali por perto.

- Esse moleque pobre não vai ser o marido da minha filha de jeito nenhum! - ele rosnou, olhando o pequenino nos olhos.

Dito isso, simplesmente atirou-o nas águas do rio para que se afogasse e foi embora.

Naquela mesma hora, porém, Tim estava pescando mais abaixo no rio e acabou fisgando o pano em que seu bebê estava embrulhado. Ao reconhecer seu filho, ficou abismado:
- O quê?! Como aquele crápula teve coragem de fazer isso com um pobre bebezinho? Pelo jeito, a arrogância tomou conta dele! Ele vai ver só!

Em seguida, Tim pegou Jack nos braços e o levou para dentro de casa para aquecê-lo junto ao fogo e contou tudo a esposa.

O tempo foi passando e Tim e a mulher criaram Jack normalmente, sem tentarem tirar satisfação com Tom. Sempre que o rico aparecia no povoado, Tim o perguntava, com um falso sorriso no rosto:
- E o meu pequeno Jack? Como ele está?
- Ah... Jack... Ele está ótimo! - mentia sempre o canalha, irritando ainda mais o amigo.

Anos depois, quando Jack já era quase um homem, este estava passeando a cavalo com seu pai pelos arredores do povoado quando cruzaram com Tom, que passeava em sua luxuosa carruagem.
- Boa tarde, Tim? Como vai? - saudou Tom, tirando o chapéu. - E quem é este rapaz? Seu ajudante?
- Não, não. - respondeu Tim, furioso, e decidido a contar a verdade dessa vez. - Este aqui é meu filho Jack, aquele que você tentou covardemente afogar no rio!

Tom ficou pálido ao ouvir aquilo e mandou que parassem a carruagem na hora.
- Tim, você não entende... - começou o amigo rico, mentindo outra vez. - Eu havia levado Jack para pescar e um peixe muito grande o puxou para dentro da água! Aquilo me chocou tanto que não soube como te contar! Mas que bom que ele está vivo, afinal!
- Está achando que sou idiota, é?! - questionou Jack, encarando-o com firmeza. - Você queria era me matar, para que eu não me casasse com sua filha! E agora que cresci, faço questão de tê-la como minha esposa, assim como você prometeu que seria!

Contos de FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora