LYRIC: O Caos do Coração

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Foi bom estar lá nas luzes brilhantes. Mas eu perdi bons amigos sob os holofotes. Woah, imagine se todo mundo soubesse o seu nome. E eles não tivessem nada de bom para dizer

 (The Truth James Arthur)

Eu não fazia ideia de onde ele estava, mas de alguma forma meu coração estava apontando o caminho, e mesmo que eu dirigisse uma hora e meia e ele não estivesse lá ainda assim teria valido a pena

A rua antes já era estranha e durante a noite se tornava pior a ponto de eu repensar meu plano inteiro, mas continuei e acelerei o máximo que eu podia até chegar na casa destruída. A chuva lavava minha visão e eu estava praticamente grudada no vidro da frente tentando enxergar algo

Diminuo a velocidade vendo algo e suspiro quando encontro o carro de Hunter estacionado de forma bruta quase entrando no local. Ele deve ter jogado lá apenas, os faróis ainda estavam ligados o que fazia com que eu o enxergasse ao longe.

Desço do meu carro e fecho as portas trancando-as enquanto corro até ele, lágrimas se misturam a chuva que molha meu rosto e eu as afasto junto com as mechas de cabelo que grudam em minhas bochechas. Hunter está de joelhos, seu corpo inteiro ensopado de chuva, sua cabeça inclinada para frente, suas mãos formam punhos ao seu lado

Paro de correr ofegante e devagar obstruo sua visão da casa caindo no chão a sua frente, meus joelhos se enterram na lama e eu toco o chão a minha frente

- Hunter - falo baixinho e ele balança a cabeça bruscamente

- Saia daqui – ele rosna e eu morro um pouquinho quando percebo que ele está chorando. As lágrimas dificultam minha visão e eu fecho meus olhos forçando-me a parar

- Não vou embora sem você

- Sai, sai – um soluço escapa de sua boca e eu me inclino meus olhos buscando os seus

- Olhe para mim Hunter – ele nega de novo sem abrir os olhos – Olhe para mim Hunter Ames, você nunca foi covarde, não seja agora

Seus olhos frios se abrem e eu engulo o impulso de sair correndo, porque aquele olhar? Aquele olhar não era de alguém que apreciava o que eu tinha feito, era o olhar de alguém que estava irritado, com tanta raiva que vejo seus punhos se fecharem ainda mais

- Saia daqui, seu lugar não é aqui – ele rosna sobre o barulho da chuva e eu inspiro

- Tem razão, meu lugar não é aqui, e o seu também não é

- Não é? Tem certeza? – me retraio quando sinto ele se inclinar e engulo em seco – Eu fui adotado, sabia disso? Por pais que juraram me proteger, pais maravilhosos que prometeram cama quente e refeições na frente de um juiz – meus olhos estão ardendo e vejo ele engolindo com força – A verdade? Ele era tão rico e insensível que nem ao menos se importava de voltar para casa para ver se seu filho adotado estava bem. Se a mulher psicótica e viciada não o estava maltratando, se ela não entrava de noite no quarto de uma criança de dez anos e.... – sua voz falha e eu começo a chorar ofegante – E sussurrava que o amava, tanto, ela dizia, eu o amo tanto e continuava, e continuava – sua mão bate com força no chão e eu soluço com força – Esse amor doentio me matou, aos poucos me consumiu e destruiu. Não quero esse amor, não quero isso, por favor, por favor

Nós dois estamos chorando agora, e eu não sei. Deus, eu não sei o que eu faço. Solto um gemido sentindo a garganta fechar e eu engulo, engulo tudo, enquanto tomo uma respiração

- Grite Hunter, não contenha isso – falo e ele me olha não com frieza, mas...Oh deus, ele está assustado – Grite pra mim, grite o que está sentindo. Aquele menino de dez anos ainda está pedindo por ajuda, grite por ele, por mim. Só....Grite