PESADELO EM BERK

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Passado o período das festas, Krogan começou a treinar Mjölnir, que mesmo não tendo seu próprio cavaleiro, poderia ser de grande ajuda em futuras batalhas. Agora, o gentil homem tinha dois dragões para cuidar, mas isso não o incomodava, pois amava a ambos de igual maneira.

Certa noite, a turma estava reunida na praia para apreciar o lindo espetáculo da aurora boreal. Alguns anos antes, a aparição das luzes era motivo de pânico para o povo de Berk, pois marcava a passagem do temido Pesadelo Voador (um dragão fosforescente que soltava uma névoa que paralisava suas vítimas), mas tudo mudou graças a Soluço, Perna de Peixe e Astrid, que afastaram a fera de uma vez por todas.

Todos estavam deslumbrados com a graciosa dança das luzes coloridas pelo céu, quando de repente, avistou-se algo luminoso se aproximando e olhando através de sua luneta, Soluço levou um susto.

‒ Não pode ser....

‒ O que é, filho? ‒ Stoico ficou curioso.

‒ O Pesadelo Voador voltou.

Ouvindo isso, o chefe ordenou que todos fossem para suas casas, enquanto os cavaleiros montavam em seus dragões, prontos para a batalha.

Quando Banguela levantou voo, Soluço tornou a consultar sua luneta e seu espanto aumentou ao ver que havia alguém montado no dragão luminoso. Impulsivos como sempre, Cabeçadura e Cabeçaquente já se preparavam para atirar na fera, mas o jovem os deteve, avisando sobre o cavaleiro misterioso.

Empolgado, Perna de Peixe comentou com Soluço:

‒ Não acredito que alguém conseguiu treinar um Pesadelo Voador. Isso é impressionante!

‒ Eu sei, mas agora precisamos descobrir quem é esse cavaleiro e o que ele faz aqui. Eu, o Viggo, o Dagur e o Krogan vamos segui-lo.

‒ Eu vou com vocês. ‒ Astrid interveio.

‒ Não. Você e os outros voltam para o vilarejo e acalmam o pessoal.

‒ Por que não posso ir também?

‒ Você já limpou o nome de sua família. Essa missão não é sua.

‒ Como assim?

‒ Ouça, Astrid, eu adoraria te dar todas as explicações que quisesse, mas agora não tenho tempo para isso. Essa missão não precisa de cinco cavaleiros.

Sem dizer mais nada, o rapaz se retirou com o irmão e os ex-caçadores. Melequento pensou em fazer piada com a bronca que Astrid havia levado, mas mudou de ideia ao ver o quanto ela estava irritada.

O quarteto seguiu o desconhecido para fora de Berk, chegando a um rio repleto de algas fosforescentes (o principal alimento do Pesadelo Voador), o que fez Soluço deduzir o que ele fazia ali. Discretamente, eles pousaram atrás das árvores e pediram para seus dragões ficaram quietos enquanto observavam a dupla, mas logo Dagur perguntou ao irmão:

‒ E então? Qual é o plano?

‒ Vamos lá bater um papo com nosso visitante especial.

‒ Mas e o dragão dele? ‒ Viggo questionou.

‒ Ele está ocupado demais comendo para nos atacar. É só não mexer com ele ou a comida dele, que vai ficar tudo bem.

Dizendo isso, ele saiu do esconderijo e fez sinal para que os outros o seguissem. Calmamente, os quatro se aproximaram do mascarado que estava sentado em um toco de árvore, contemplando a aurora boreal, mas assim que percebeu suas presenças, sacou seu machado e ficou em posição de batalha.

‒ Calma! Nós só queremos conversar! ‒ Soluço ergueu as mãos.

‒ Acho que esse cara não está a fim de conversar. ‒ Dagur comentou.

Achando que o rapaz fosse uma ameaça, o Pesadelo Voador saiu em defesa de seu dono e soltou névoa sobre ele, mas Dagur se colocou na sua frente, sendo paralisado no lugar do irmão.

Temendo que o mesmo acontecesse com seus amigos, o jovem atraiu o dragão para longe do local, enquanto Viggo enfrentava o cavaleiro misterioso. Mesmo sendo maior e mais forte que seu oponente, o ex-caçador estava com dificuldades e precisou de uma ajudinha de Krogan.

Passado o efeito da névoa, Dagur saiu em busca do irmão, temendo que ele estivesse em apuros, mas para sua surpresa, o encontrou acariciando o belo animal, como se ambos fosse velhos amigos.

‒ Soluço! Você está bem, irmãozinho!

‒ Claro que estou, ele é bonzinho, a propósito, obrigado por me proteger da névoa. Foi muito corajoso.

‒ Só quis ser um bom irmão.

Os dois sorriram um para o outro e logo se juntaram aos amigos, que já haviam rendido o forasteiro. Ele ainda tentou escapar dos braços fortes de Krogan, mas este lhe deu uma gravata que o fez perder os sentidos.

‒ Esse cara é durão. ‒ Dagur comentou com o ex-caçador.

‒ Você nem faz ideia.

‒ Vamos descobrir quem é esse valentão de uma vez por todas.

Dizendo isso, Viggo retirou o capuz e a máscara do desconhecido e ficou surpreso com o que viu.

‒ É uma garota!

‒ Heather? ‒ Soluço se espantou.

‒ É aquela garota que o Alvin usou para roubar o Livro dos dragões há alguns anos?

‒ É ela mesma, mas não me lembrava que ela era tão... linda.

Envergonhado, o rapaz tapou a boca de imediato e os amigos se entreolharam sorrindo. Voltando-se para ele, Viggo pôs a mão em seu ombro e disse amistosamente:

‒ Pode ficar tranquilo, pois não usaremos isso contra você.

Tomando a garota em seus braços, Krogan quis saber:

‒ E agora? O que faremos com a mocinha e o dragão dela?

‒ Eles vêm conosco. Amanhã resolveremos tudo.

‒ Eu não quero ser chato, mas acho que o papai não vai gostar nada de ter um Pesadelo Voador em Berk. ‒ Dagur advertiu o irmão.

‒ Já lidei com uma situação bem parecida uma vez e sei muito bem o que estou fazendo.

‒ Está se referindo ao episódio da chegada do Krogan e do Coração de Fogo? ‒ Viggo quis saber.

‒ Exatamente. Garanto que consigo resolver tudo.

‒ Pode contar com a gente. ‒ Krogan lhe assegurou.

O jovem apenas sorriu e mais que depressa, os quatro chamaram seus dragões e tomaram o rumo de casa.

ASAS DA AMIZADE 3Onde histórias criam vida. Descubra agora