VÍTIMA INOCENTE

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Sabendo que Soluço já estava voltando da patrulha, ela armou mais uma, só para desviar a atenção da partida de Heather. Quando ele desse a sua falta, já seria tarde demais para encontrá-la.

Não muito longe dali, os dragõezinhos se divertiam escorregando pelas costas de Mjölnir, que parecia ter uma paciência infinita com eles e logo a garota teve uma ideia.

Aproveitando esse raro momento de desatenção do Cauda de Fogo, Astrid se escondeu atrás de uma árvore e disparou uma flecha certeira que o fez rugir de dor e fugir voando. Muito assustado, ele começou a provocar incêndios por toda a ilha, chamando outros da sua espécie.

Krogan e Dagur ainda estavam fora e quando seus dragões começaram a agir estranho, eles logo deduziram que ambos precisavam atender algum chamado de socorro. Chegando à Berk, tudo estava no mais completo caos, com debandadas de rebanhos e fogo por toda a parte.

Assim que pousou, o ex-caçador correu até Stoico e perguntou aflito:

‒ Chefe, o que aconteceu aqui?

‒ Pergunte ao seu dragão adotivo.

‒ O Mjölnir? Mas isso não faz sentido!

‒ Então, como explica todo esse caos?

Krogan ficou desorientado, mas Dagur o acalmou e sugeriu:

‒ Você vai atrás do Mjölnir e eu chamo o Soluço e os outros, tudo bem?

O amigo concordou e partiu com Coração de Fogo e logo os outros cavaleiros chegaram para ajudar a apagar as chamas, mas recolher todos os animais espalhados pela ilha seria uma tarefa bem mais complicada. Conforme Astrid havia previsto, a confusão estava tão grande, que ninguém reparou na ausência de Heather, nem mesmo o apaixonado Soluço.

Enquanto isso, Krogan procurava por Mjölnir, conseguindo encontrá-lo no meio da floresta. O pobre dragão estava agitado e rugia desesperado, mas ficou feliz ao ver os amigos. Assim que pousou, o ex-caçador correu até ele e com as mãos espalmadas, tentou acalmá-lo:

‒ Calma, amigão, eu estou aqui. Não precisa ter medo, pois vai ficar tudo bem. Você precisa sossegar.

Quando Mjölnir se aquietou um pouco, ele o abraçou e começou a acariciá-lo, o que o deixou tranquilo.

‒ Eu sei que não fez aquilo de propósito. Você é um dos dragões mais doces e gentis que conheço. O que foi que aconteceu, rapaz?

Respondendo à pergunta do dono, Coração de Fogo o alertou sobre a flecha que ainda estava cravada na lateral da barriga do amigo.

‒ Por Thor! Como é que eu não vi isso?

Com cuidado, Krogan extraiu a flecha e tentou estancar o sangue do ferimento com um lenço que trazia no bolso. Contemplando o projétil com a ponta ensanguentada, ele se perguntou com os olhos marejados:

‒ Quem seria capaz de tamanha maldade?

Guardando a flecha como prova, ele fez um afago na cabeça do dragão ferido e tornou a tranquilizá-lo:

‒ Você vai ficar bem, meu amigo e eu prometo que vou descobrir quem fez isso. Vamos voltar para casa.

De volta ao vilarejo, o ex-caçador deixou Mjölnir sob os cuidados de Bocão e foi ajudar os amigos a pôr ordem nas coisas. Demorou cerca de duas horas para reunir todos os iaques, ovelhas e galinhas, bem como os demais dragões que viviam na ilha.

Em seguida, a turma teve que ajudar a consertar as cercas quebradas e telhados danificados pelo fogo, mesmo alguns moradores dizendo que isso não era necessário. Terminado o trabalho, todos se perguntavam o que havia enfurecido o doce Mjölnir para que causasse tamanho estrago e Krogan mostrou a flecha que ainda trazia consigo.

‒ Quem faria uma coisa tão horrível? Todos aqui amam os dragões! ‒ Perna de Peixe se espantou.

‒ É o que eu quero saber e não vou descansar enquanto não descobrir quem foi o covarde que machucou meu amigo.

Astrid engoliu em seco e Soluço disse ao homem:

‒ Não se preocupe, Krogan, nós vamos tirar essa história a limpo, mas agora, todos precisamos descansar um pouco.

Todos seguiram o conselho do rapaz e quando chegou em casa para almoçar, ele só conseguia pensar em seu encontro com Heather, sem se dar conta que ela não era vista em Berk fazia várias horas. Ele estava tão estressado e confuso com tudo que havia acontecido, que não estranhou a ausência da amada, achando que ela já o esperava no Lago Lars.

ASAS DA AMIZADE 3Onde histórias criam vida. Descubra agora