No dia seguinte, os amigos seguiram viagem aos primeiros raios da aurora e no meio da tarde, finalmente chegaram ao seu destino. Tomando o cuidado de esconder seus dragões em local seguro, eles disfarçaram de ninjas e Soluço ainda calçou um bota para esconder sua perna de ferro.
Agindo com naturalidade, os dois tentaram se misturar na multidão. Havia dezenas de barracas e lojinhas, onde se vendia praticamente de tudo e com a ajuda de Viggo, Soluço começou a procurar pelo presente perfeito.
Depois de uma longa busca, ele encontrou um adorável colar com uma água-marinha que o fez se lembrar dos belos olhos de Heather. Como não era bom de barganha, foi o ex-caçador quem negociou com o vendedor, conseguindo um bom desconto pela joia.
Quando a compra foi concluída, eles já estavam mais do que prontos para voltar para casa. Com a sensação de dever cumprido, o rapaz comentou:
‒ Não sei o que teria feito sem sua ajuda.
‒ Aquele vigarista teria te engolido vivo.
Ele deu uma risadinha, mas Viggo o interrompeu ao ver um rosto conhecido nas proximidades:
‒ Aquele ali não é o Johan?
‒ É sim. É aqui que ele se abastece de mercadorias.
‒ Está na hora de treinarmos nossa furtividade.
‒ Você quer dizer que vamos segui-lo? Por quê?
‒ Tenho a forte sensação de que ele está tramando alguma coisa.
‒ Mas tramando o quê?
‒ Não sei, mas desconfiei dele assim que o conheci.
‒ Você nunca foi do tipo desconfiado. O que está acontecendo?
‒ Esse é um território de trapaceiros. Quem garante que ele também não seja um deles?
Soluço não conseguia entender tamanha desconfiança da parte do amigo, mas decidiu respeitar seus instintos e seguir Johan. Chegando ao porto, eles se esconderam atrás de alguns caixotes de madeira e observaram o comerciante conversando com um homem de aparência suspeita, com quem parecia ter muita intimidade.
Em seguida, os dois entraram em um navio, deixando alguns homens de guarda, o que despertou a curiosidade de Soluço.
‒ O que haverá de tão valioso nesse navio para precisarem de guardas?
Com um sorriso malicioso, Viggo mostrou o punho fechado e sugeriu:
‒ Por que a gente não vai bater um papinho com eles para descobrir?
‒ Está falando igual o Melequento.
‒ Você tem ideia melhor?
‒ Não, mas somos apenas nós dois e estamos sem nossos dragões.
‒ Nós vamos conseguir. Já encaramos coisa bem pior.
‒ Tem razão, vamos lá.
Corajosamente, os amigos enfrentaram os guardas e adentraram o navio com cautela. Seguindo as vozes de Johan e seu aliado, eles chegaram ao compartimento de cargas, onde se surpreenderam ao ver dezenas de dragões enjaulados, dentre os quais havia um Chicote Cortante e um Ataque Triplo. Escondidos nas sombras, eles ouviram a conversa entre os dois.
‒ Johan, você é um gênio; usando o ouro daqueles adoradores de dragões de Berk para realizar lutas de dragões. Que ironia, não é?
‒ Já estou cansado de bancar o idiota, me curvando diante daquela gentinha estúpida, principalmente o Stoico e aquele filho imprestável dele.
‒ Ouvi dizer que eles têm um Fúria da Noite branco.
‒ Você está certo, mas isso não é tudo: também há alguns Caudas de Fogo e um Pesadelo Voador. Da próxima vez que eu for lá, todos serão meus, principalmente o Fúria da Noite daquele moleque perneta. Chega de ser bonzinho.
Soluço e Viggo sentiram o sangue ferver e o bom homem ainda sussurrou arqueando as sobrancelhas:
‒ Se eu fosse impulsivo como aquele tapado do Ryker, torceria o pescoço desse canalha como se faz com uma galinha, mas precisamos usar a cabeça e não os músculos.
‒ Duas traições em apenas 2 meses! Não dá pra acreditar!
Apertando a mão de Johan, seu comparsa disse gargalhando:
‒ A gente se vê lá na Tribo das Árvores Sussurrantes neste fim de semana. Prepare-se para um banho de sangue.
‒ Mal posso esperar.
‒ Tribo das Árvores Sussurrantes? ‒ Viggo repetiu.
‒ Conhece esse lugar?
‒ Meu avô me levou lá quando eu era criança, pois ele ia participar de um torneio de Bastões e Garras.
‒ E você ainda se lembra do caminho?
‒ Perfeitamente. Não fica muito longe daqui.
‒ Isso é ótimo, mas vamos precisar de reforços.
Mais que depressa, os dois trataram de sair do navio e felizmente, ninguém notou suas presenças. Chegando à caverna onde haviam escondido seus dragões, eles partiram imediatamente e tomaram o rumo de seu novo destino, parando na primeira ilhota que encontraram no caminho, onde finalmente respiraram aliviados.
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ASAS DA AMIZADE 3
FanfictionAlguns meses após o Snogletog, o povo de Berk se reúne para apreciar a aurora boreal, quando um misterioso cavaleiro aparece montado em um Pesadelo Voador, deixando todos em pânico. Tomando a frente da situação, Soluço acaba descobrindo que o forast...