Capítulo 05 | Tenta

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Apartamento de Pat. Bangkok. 8:00 da manhã.

*

Definitivamente não foram só 5 minutos. Mas ele não aguentou nem três dentro de mim, isso é inegável. Eu estava animado, foi o que ele disse em sua defesa ontem a noite. Mal sabe ele que eu já havia terminado segundos antes — e jamais saberá.

Todo esse momento de lembrança me deixou duro. Ótimo! Você nunca está satisfeito? Já consigo ouvir Pat dizer quando enfim acordar.

— Acorda Pat, eu estou com fome. — Ele não se move um mínimo centímetro. — Argh! Vou tomar um banho.

Falo sozinho em voz alta e levanto estressado. Comigo. Será que, nessas duas semanas que estou aqui, eu só vou pensar em sexo? Eu estou muito bem servido. E também o sirvo muito, muito bem.

Entro no banheiro e começo a me despir.

Noite passada se estendeu até a madrugada, se perdeu em nossos corpos e só se encontrou no primeiro raio de sol desta manhã. Agora estou aqui, menos de três horas depois, querendo mais. E não é que Pat não atenda minhas expectativas, ele atende. Até demais. A verdade é que com ele, eu sempre saio satisfeito. Só que, aí que mora o problema, eu sempre quero mais.

Apoio meus braços na bancada do banheiro e deixo minha cabeça pesar.

Não sei como vou conseguir ir embora deixando tudo isso, ainda mais depois de ter provado da privação, e ganhado tudo de volta. E de vez. E aqui.

Hoje vamos para casa. Minha mãe sabe que cheguei e que não ia dormir lá ontem. Ela não perguntou para aonde eu ia, o que é algo bom, pois significa que ela respeita minha privacidade. Só que, não é isso. Ela não perguntou, porque ela sabe exatamente onde eu dormi. Ou melhor, com quem. Talvez seja por isso que estou tão estressado.

Me olho no espelho. Estou muito bonito, apesar de cansado. Orgasmo — o grande segredo da juventude, enfim.

Nesse ano que passei fora, pensei muito sobre como essa questão de nossos pais tem nos afetado negativamente. Eu poderia estar em casa e receber Pat para um café da manhã amigável com minha família, enquanto os atualizo sobre meus projetos e eles me contam o que fizeram juntos enquanto eu não estava aqui. Pat poderia ser alguém para ela. Para minha mãe, no caso. Pat é bom. Eu queria que ela soubesse. Talvez saiba. Por isso não se importa por eu estar com ele. Pelo menos aqui podemos transar sem precisar nos preocupar em fazer silêncio. Não somos escandalosos, mas somos dinâmicos. Será que eu devo deixar um presente de despedida, como pedido de desculpas, para os vizinhos próximos a Pat?

Entro no box e ligo o chuveiro, sendo surpreendido com a água gelada que sai no primeiro jato. Solto um grito agudo.

Shia!

— Pran, está tudo bem?

Pat grita rouco do quarto. Agora você acorda, não é?

— Está sim, a água que saiu gelada. — Falo, trêmulo.

Ouço Pat vir correndo até o banheiro, como um herói indo salvar a vítima. Ele para na porta e me encara, vestido em sua cueca box preta, que cobre o que me parece uma ereção, e Nong Nao em sua mão. Ele, então, coloca Nong Nao de volta no quarto e volta para o banheiro — completamente pelado.

Desta vez eu o encaro. A água quente começa a escorrer pelo meu corpo como se entendesse a comoção que inunda meu peito ao vê-lo tão vulnerável. E acordado, enfim. E, quase sem querer, meus olhos enchem de lágrimas que logo começam a fluir pelo meu rosto, misturando-se com a água do chuveiro.

— Pran, o que aconteceu? — Ele diz, e vem em direção ao box.

— Eu não... eu não sei se vou conseguir, Pat. — digo, agora chorando de verdade, atropelado por soluços. Sinto uma fraqueza nas pernas e me deixo cair no chão. Pat entra no box e se ajoelha na minha frente. Sinto seus braços me cobrirem por completo. Ele está chorando agora. Ele sabe do que eu estou falando. Será que se sente assim também?

— Pran, você vai sim. Porque eu vou conseguir também. Porque eu preciso que consiga. Você é a pessoa mais forte que conheço. E você tem tanto talento e tanta coisa boa pra mostrar para as pessoas. E pra si. Eu tenho tanto apreço por cada coisinha que você faz, ou fala, ou canta. Você é capaz de tanta, tanta coisa. Precisa me ouvir, Pran.

Ouço tudo calado e me permito chorar por alguns minutos. Ele começa a me ensaboar, ao ver que estou mais calmo.

Pat é tanto pra mim. Tanta coisa. Tanto amor. Tanto afeto. Tanto tudo. Tanto desejo. Tanto cuidado. Tanto tanto. Pat é muito. É quase tudo.

Eu preciso conseguir; porque ele precisa que eu consiga; e porque eu preciso que ele consiga.

* * *

[01] • TANTO •  [ PatPran | BadBuddy ] •  ):)Onde histórias criam vida. Descubra agora