Escrito por: scarisvancci
Notas Iniciais: Eu não falei que a gente se veria de novo? 🤠 Espero que gostem do que eu preparei aqui.
Boa leitura!!!
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"O Inferno está vazio, e todos os demôniosestão aqui."
— William Shakespeare
Fevereiro, 12
Li esses dias, em um site qualquer, que o famoso autor Shakespeare talvez jamais tenha existido, ao menos não como uma pessoa só, mas sim como uma sociedade secreta que temia perseguições políticas, achei a teoria interessante e por isso pesquisei por citações do autor — ou sociedade —, essa foi a mais apropriada que encontrei para o dia de hoje.
Não porque o considero um demônio, mas porque acho curioso afirmar que a Terra está recheada de pecados. Mesmo em uma igreja, encontramos demônios nas pessoas que mais juram ser santas. O mundo é um lugar hipócrita.
Quando fui para a igreja de São Sebastião, imaginei que seria mais um dia fantasma, daqueles que são iguais a todos os outros e não têm relevância no campo de memórias, mas algo nada fantasmagórico aconteceu e acho que vou lembrar de hoje por algum tempo.
Estava, como todos os domingos, tocando alguma música da seleção de músicas boas o suficiente para agradar os fiéis, dessa vez era Claire de Lune, de Debussy. Já a havia praticado tantas e tantas vezes que poderia me ir para meus sonhos e ainda assim correria pelas mesmas notas sem um sequer equívoco. Era um dia fantasma, eu já estava acostumado.
Pelo menos era o que eu achava.
Há a tradição de não aplaudir em uma igreja. É um local sacro dedicado a apenas uma entidade, e nunca me importei com isso.
Se me fazia diferença sentar em frente ao piano toda semana, encerrar uma peça, levantar e ir embora sem ninguém demonstrar interesse pelo que fiz? Bem, talvez fizesse, eu que nunca parei para pensar a respeito.
As pessoas são assim, afinal, há quem passe por nossa vida, passamos pelas delas, mas todos se preocupam muito mais em como sua existência é afetada, do que como eles afetam a quem.
Ele não, ele não parece ser assim.
E quem é ele? Não sei ao certo, pelo menos são sei o suficiente, mas sei que definitivamente ele se importa com como afeta o mundo tanto quanto o mundo o afeta.
Quando terminei de tocar nessa manhã, fui surpreendido por um aplaudir agitado que foi se silenciando aos poucos e virei o rosto no mesmo instante para entender o que acontecia.
E aí eu vi. Um garoto loiro, vestindo um suéter de um rosa tão vibrante que acabava se destacando numa imensidão de tons pastéis. Senti uma estranha sensação de familiaridade ao olhá-lo, como se já o tivesse visto em algum lugar, sem lembrar onde, mas resolvi ignorar por enquanto e lembro de ter rido ao fechar meu piano, porque aquela claramente deveria ser a primeira vez que o garoto do suéter rosa frequentava um lugar como aquele, e não estranharia se fosse a última.
Depois dali, eu levantei e enfim todos deixaram a igreja.
Curiosamente, aquela não foi a última vez que o vi hoje, muito menos a última em que me surpreendeu.
Aparentemente minha mãe é amiga da mãe dele.
Seu nome é Park Jimin, ele leva o mesmo sobrenome da mãe, o que me fez imaginar se a senhora mudou o sobrenome ao casar ou se ele deixou de adotar o do pai.
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Açúcar e Anéis de Cebola | Yoonmin
FanficQuantas vezes não saímos procurando por refrões que se encaixem perfeitamente em nossa melodia, quando, na verdade, o que os faz perfeitos não é o que são e sim o que se tornam? E talvez essa seja a razão de as pessoas viverem constantemente frustra...